| Capítulo 35.1 |

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Eu não consigo segurar as lágrimas

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Eu não consigo segurar as lágrimas.

Respiro fundo e sigo até o portão estreito da entrada. O silêncio é ensurdecedor. Penso em voltar para ver se está tudo bem, com Sônia, com Nicolas.

As palavras de Sônia não saem da minha cabeça. 

Antes que eu possa pensar em uma forma de ir embora, a porta se abre e Sônia sai correndo aos prantos. Eu olho pra ela procurando qualquer marca de que ela possa ter sido agredida, mas não há.

- Sônia! - grito, mas ela passa por mim como um raio. Seus cabelos loiros voam deixando apenas o rastro do cheiro da sua colônia. Ela entra no carro e acelera.

Nicolas aparece logo em seguida e meu coração gela.

- Vou te levar pra casa, entra no carro. - Sua voz antes gentil se torna bruta. - Eu entro no carro porque eu não tenho como voltar pra casa, ainda mais sem celular.

Ele vai todo o caminho em silêncio. Seu olhar é frio e vazio. Eu penso em falar, mas a forma como ele está dirigindo em alta velocidade e irritação me faz ficar quieta. Assim que chega na porta de casa ele para, não diz nada e nem mesmo abre a porta para que eu saia, como costuma fazer. 

Eu desço e não olho para trás. 

Ele acelera o carro e desaparece.

- Filha, ta tudo bem? - minha mãe pergunta assim que entro em casa. Eu me jogo em seus braços e choro. - Oh minha garotinha, por que chora?

- Terminei com Martin, acabo de descobrir que o garoto com quem eu me sentia uma mulher valorizada e amada, possivelmente é um monstro, ferido e agressivo. - ela levanta meu rosto e me olha nos olhos.

- Filha, quem fere é ferido. Tenho certeza que seja quem ele for, deve ter tido um motivo para ter tal atitude, mas eu não quero ninguém ferindo minha menininha, então é melhor que ele fique longe de você! Quanto a Martin, eu fico feliz que você tenha acordado, eu nunca gostei daquela família minha pequena, você seria tão infeliz.

Eu apenas a abraço enquanto as lágrimas descem pelo meu rosto.

- Vou fazer seu bolo de cenoura favorito. - ela me da um beijo no rosto e segue para a cozinha.

Eu me recomponho e sigo para o meu quarto, preciso tomar um banho.

Tiro minha roupa e deixo a água quente lavar meu corpo. Eu fico assim, imovél por pelo menos uns 20 minutos.

Eu não me sinto melhor.

Me jogo na cama e adormeço.

Acordo assustada após sonhar com a surra que Nicolas me deu. Seu olhar era tão frio que eu podia sentir minha espinha congelar. Seu coração era de rancor e dor.

- Filha eu trouxe esse lanchinho pra você! - minha mãe entra no quarto me entregando uma caneca de cholate quente e um pedaço de bolo de cenoura. Eu nem percebi que já são 18h e eu nem mesmo havia comido hoje.

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