LOML • Jacaerys Velaryon

Capítulo 10

Fogo e Sangue...

Quando Rhaella abriu os olhos, a primeira coisa que notou foi o frio que a envolvia, diferente do calor acolhedor de seu quarto no castelo. Seus olhos demoraram a se ajustar à penumbra, mas logo percebeu onde estava: o Norte. O ar gélido, carregado do cheiro de pinheiros e neve, fazia sua respiração sair em nuvens brancas. Ela sentiu um arrepio percorrer sua espinha e tentou se mover, mas a dor pulsante em sua cabeça a fez parar.

Com um esforço doloroso, ela se ergueu lentamente na cama, as cobertas pesadas caindo de seus ombros, revelando algo inesperado: uma corrente grossa e fria presa ao seu pulso. O metal era tão gelado que parecia queimar sua pele, como se estivesse ali há muito tempo. Seu coração disparou, a respiração se acelerou enquanto olhava em volta, tentando entender o que estava acontecendo.

Antes que pudesse processar tudo, a porta rangeu, e um dos guardas da Rainha Alicent apareceu na soleira. Sua presença ali, naquele lugar desconhecido, fez o pânico de Rhaella crescer ainda mais.

— Princesa, que bom que acordou — disse o homem, com uma voz que soava quase como um lamento falso. — A pancada que deram em sua cabeça não foi nem um pouco leve. Dormiu por um dia inteiro...

Rhaella piscou, atordoada, tentando organizar os pensamentos caóticos em sua mente. — Como cheguei ao Norte tão rápido? Por que estou aqui? O que aconteceu? — Sua voz saiu mais fraca do que pretendia, mas o medo e a confusão eram palpáveis.

O guarda respirou fundo, como se já esperasse por essas perguntas. — Houve um atentado contra seus irmãos, e contra você, princesa. Tivemos que tirá-la de lá rapidamente — disse ele, e Rhaella percebeu a mentira no fundo dos olhos dele. — Sua mãe logo comunicou o Norte, e seu irmão a trouxe para cá.

A raiva começou a borbulhar dentro dela, a desconfiança se transformando em certeza. — Mentiroso — murmurou, com os olhos brilhando de fúria.

O guarda deu um passo à frente, aproximando-se dela com uma expressão de desdém que a enojou. — Foi sua escolha, princesa. Você quis casar com um bastardo, e este será seu destino, até decidir se vai ou não casar com Aemond.

As palavras dele eram como uma facada em seu peito. Rhaella cerrou os dentes, cada músculo em seu corpo tenso. — Eu prefiro a morte.

O homem apenas riu, um som frio e sem humor. — Então espere ela vir até você aqui. — Ele se afastou, caminhando em direção à porta. — Se contar a Cregan, saberemos, e ele morrerá junto com você. Seu namoradinho bastardo achará que você fugiu dele, preferindo morrer lutando ao lado de Cregan do que viver com ele. O sangue estará em suas mãos, princesa.

Rhaella sentiu o estômago revirar, a náusea subindo pela garganta. — Você... não faria isso... — Sua voz saiu como um sussurro, carregada de medo.

O guarda se virou antes de sair, os olhos frios e implacáveis. — Eu fiz uma promessa à Rainha, e vou cumpri-la, se você continuar sendo uma menina malcriada, consequências viram — E com essas palavras, ele fechou a porta, deixando Rhaella sozinha, em silêncio.

O quarto parecia se fechar ao redor dela. As paredes de pedra bruta pareciam mais próximas, como se fossem esmagá-la. O desespero crescia, mas ela sabia que não podia ceder ao pânico. Pensou em Cregan, que estava longe, ainda no torneio. Se ele soubesse onde ela estava, se soubesse o que haviam feito, ele viria. Mas ela não podia arriscar. Sabia que quebrar a corrente era impossível sem se ferir gravemente, e a última coisa que precisava era de mais dor.

Rhaella fechou os olhos, tentando se acalmar, mas a tensão em seu peito parecia crescer a cada segundo. Tudo o que desejava era estar em Dragonstone, longe de todo aquele caos, junto de Jace, seus amigos e a paz que tanto almejava. A paz que parecia sempre escapar de suas mãos, como se estivesse destinada a viver em meio à turbulência e à dor. Dragonstone era um refúgio, um lugar onde sentia que podia ser ela mesma, livre das intrigas da corte, dos olhares julgadores e das expectativas sufocantes.