13 - Il rispetto si guadagna con il sangue.

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13 - O respeito se ganha com sangue.

10 ANOS ANTES

ANTONIO

Estou a caminho de casa depois de três dias intensos de inicialização. Respiro fundo de alivio, e relaxo no banco de couro do carro. Finalmente posso me sentir parte da Famiglia. Desde que me lembro por gente, meu maior sonho era entender os negócios e ser uma parte importante para a organização. Acabei de completar 23 anos, e me sinto mais preparado do que nunca. Essa é uma idade importante para a máfia, onde o menino se torna homem e passa a receber suas obrigações. Meu pai sempre me manteve longe de tudo, pois me dizia que eu precisava ter uma base forte antes. Ele sempre me assustou e me alertou do peso que carregava por ser seu sucessor, mas só agora parece que a ficha caiu para mim. Serei o futuro Capo di Tutti Capi, o mais poderoso de toda a Itália.

A base de treinamento é perto de casa, e assim que chego vou direto ao meu quarto tomar um banho. Quero tirar todo esse cheiro de morte que está impregnado em mim. O banho é mais demorado que o normal, e ainda me sinto sujo. Me perco em pensamentos enquanto deixo a água escorrer pelas minhas costas. Eu gosto de torturar, de matar, de ganhar o respeito pelo medo... mas depois vem essa sensação que me sufoca quando estou sozinho... Nem tudo na máfia é sobre glória, e vitórias. Pelo contrário, existe muita solidão por trás disso. E é isso que faz meu coração estar dividido, entre o amor ou o poder.

Conheci o amor ainda muito novo, mesmo não me achando digno a isso. Por mais que eu tentasse o ignorar, não tive como fugir. Quando percebi, já estávamos vivendo um romance secreto. Nos agarrando por todos os cantos que pudéssemos, e nos amando. Valentina entrou na minha vida quando ainda éramos crianças. Nossos pais sempre foram muito amigos, mas quando ficaram os dois sem esposa, a amizade os uniu ainda mais. Cada um passou por uma história diferente, até diria oposta, mas a dor que os dominou foi a mesma. É nítido perceber como viraram homens mais amargos depois de tudo o que passaram, e não seria para menos. Por isso tenho medo desse amor me enfraquecer como um homem importante na máfia, ou que toda essa visibilidade possa a fazer virar um alvo fácil. Quando estou sozinho, em meio aos meus pensamentos, fico imaginando alguém a levando de mim... ou a torturando. Fecho os olhos com força e do um soco na parede. Visões da minha mãe morrendo na minha frente me cegam. Que inferno! Viver no meio de dois possíveis mundos está me enlouquecendo.

Desde quinta-feira quando a vi pela última vez, e me despedi, senti que algo ja estava diferente em mim. Resolvi desligar o celular assim que fui para a fazenda, não teria cabeça para falar com ela enquanto estava concentrado. E também não sabia ainda como explicar a ela o que estava acontecendo. Então encontrei uma forma dela conhecer o meu mundo, e assim entender como as coisas funcionaram a partir de agora. Sei que teremos uma conversa mais aberta sobre os planos que a máfia tem para o meu futuro, assim que ela ver tudo de perto. Ligo o celular, e já espero receber uma enxurrada de mensagens dela. Mas não havia uma ligação se quer... nada.

- Ela já deveria ter feito algum contato. Ou está esperando pelo meu?  — digo a mim mesmo, tentando me confortar. — Eu espero por ela.

Coloco uma cueca, fecho as cortinas, o blackout, e vou para a cama. Não dormi nada nesses dias. Olho para o relógio, 8:30h da manhã de segunda-feira. Deito e tento esquecer do mundo lá fora. Quando adormeço, meu tormento vem me visitar. Depois de tanto sangue e tanta dor durante o fim de semana, eu já deveria esperar que meus demônios viriam para me dar um "olá". Eu já não me importo mais com suas vindas, aprendi a brincar com eles nos meus pesadelos. Óbvio que aquilo levava cada dia um pouco mais da minha humanidade. Mas eu não ligava para as consequências mais...

Acordo com susto ao ouvir o telefone tocar, olho no visor e está o nome dela. Finalmente!

- Ciao — Atendo sem pensar, ainda acordando.
- Ciao... — uma voz baixa responde, um alerta acende em mim.
- Oi Valentina, aconteceu alguma coisa? — digo já levantando da cama.
- Uh... eu... — não diz nada com nada.
- Vita mia, o que houve? Estou preocupado agora. — olho através da cortina para ver se ela está por aqui. — Onde você está?
- Nós precisamos conversar. — responde direta. Apesar de eu já esperar seu contato, algo está estranho... Valentina não é assim.
- Claro, me manda sua localização que vou onde você está. — assim já temos logo essa conversa.
- Não. — responde com certa apreensão. O que se passa?
- Por que não, Valentina? — já estou impaciente com isso.
- Essa semana não posso... na sexta-feira conversamos. Eu envio algo por mensagem para combinarmos. Desculpa... eu... Eu preciso desligar, tá bem? Vou estar um pouco ocupada nessa semana. — e desliga.

A DAMA DA MAFIA - Vol. IOnde histórias criam vida. Descubra agora