Capítulo 16

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Após o café da manhã, o restante do dia como arquiteto é ocupado por reuniões, análises e o acompanhamento do progresso dos projetos. Atendo a chamadas de clientes, participo de conferências e coordeno com a equipe para garantir que todos os aspectos dos projetos estejam sendo executados conforme o planejado. A atenção aos detalhes é crucial, pois qualquer falha pode impactar o cronograma e a qualidade do trabalho.

Depois das reuniões, volto para o escritório para lidar com as tarefas de administração das redes sociais de Dalila e a gestão de sua empresa. Primeiro, reviso as atualizações e respondo a mensagens e comentários em suas contas, mantendo a consistência com o tom e a voz que ela usava antes. As postagens devem parecer autênticas e manter a imagem pública dela, por isso seleciono cuidadosamente o conteúdo e os horários de publicação.

Também dedico um tempo para atualizar o site da empresa de Dalila com notícias recentes e quaisquer mudanças relevantes. Isso inclui a inserção de novos projetos, atualizações sobre a equipe e detalhes sobre eventos futuros. O objetivo é garantir que a empresa continue parecendo ativa e bem-sucedida.

À medida que a noite avança, continuo a gerenciar as interações com familiares e amigos de Dalila. Verifico as mensagens que recebi ao longo do dia e respondo a elas de forma que pareça que Dalila está realmente envolvida. Isso pode incluir agradecimentos por presentes, atualizações sobre eventos pessoais ou respostas a perguntas sobre sua saúde e bem-estar.

Se houver algum evento social ou reunião programada para Dalila, organizo os detalhes finais e garanto que tudo esteja em ordem. Preparar respostas para possíveis perguntas ou interações durante esses eventos é crucial para manter a aparência de normalidade.

Por volta da noite, revisito as redes sociais para garantir que todas as postagens estejam programadas para o próximo dia e que a presença online esteja consistente. Às vezes, isso envolve ajustar a programação de postagens ou adicionar novos conteúdos com base em interações recentes.

Enquanto isso, mantenho uma comunicação regular com os sócios e colaboradores da empresa. Isso pode incluir o envio de relatórios de progresso, atualizações sobre decisões estratégicas e o gerenciamento de tarefas pendentes. A comunicação deve ser fluida e convincente para garantir que a empresa continue funcionando sem problemas.

Depois de revisar todas as mensagens e e-mails pela última vez, garantindo que nenhuma comunicação fosse negligenciada, finalmente fechei o notebook e me levantei da cadeira. O dia havia sido longo, e eu precisava de um momento para me desconectar de tudo. Saí do escritório, sentindo o cansaço começar a pesar, e fui em direção ao carro. A noite estava começando a esfriar, e o silêncio das ruas trazia uma sensação de calma que eu raramente experimentava.

Entrei no carro e dirigi pela cidade, deixando a rotina pesada do dia para trás, mesmo que apenas por alguns momentos. Fiz um desvio para passar no restaurante chinês que Dalila tanto adorava. Apesar de tudo, eu ainda me lembrava de suas preferências como se fossem minhas. Pedi seus pratos favoritos: frango xadrez, arroz frito com legumes e rolinhos primavera. Sabia que, por mais que ela estivesse naquela situação, a comida que gostava poderia servir para manter o mínimo de sanidade, ou talvez fosse apenas mais um lembrete do que um dia tivemos.

Com a sacola de comida no banco ao meu lado, dirigi de volta para casa. Ao chegar, o peso do que eu estava prestes a fazer me envolveu novamente. Antes de levar o jantar para o porão, tomei um banho relaxante, deixando a água quente aliviar a tensão acumulada no corpo. Era quase uma preparação ritualística, como se precisasse me purificar antes de enfrentar Dalila mais uma vez.

Depois do banho, vesti uma roupa confortável, algo simples e prático. Precisava estar em controle, mas também sabia que o conforto físico ajudava a manter a mente afiada. Peguei a sacola com a comida chinesa e desci.

Entrei no porão, já preparado para mais uma interação tensa e, com a sacola de comida nas mãos, me aproximei da jaula. "Jantar," anunciei, como se fosse apenas mais uma noite comum, embora soubéssemos que nada mais era comum em nossas vidas.

Coloquei a sacola de comida no chão e, sem dizer nada, comecei a abrir os recipientes, deixando o aroma de frango xadrez, arroz frito e rolinhos primavera se espalhar. Dalila estava sentada no chão, seu olhar fixo em mim. Havia algo de estranho e fora de lugar naquela expressão no rosto dela, uma curiosidade que eu não via há muito tempo.

"Frango xadrez?" ela perguntou, a voz soando suave, quase aveludada. "Você lembra que é o meu favorito..."

Ignorei o comentário, focado em passar a comida pelo pequeno compartimento da jaula. O movimento era automático, mecânico, como tantas outras noites. Mas eu sabia que ela estava observando cada detalhe, cada gesto meu.

"Como foi o seu dia?" ela continuou, o tom dela impregnado com uma falsa preocupação que me irritou profundamente. Era irritante como ela tentava soar tão gentil, tão preocupada, como se realmente se importasse com o que eu fazia enquanto estava presa ali. Era um jogo para ela, uma tentativa de me desarmar.

"Tranquilo," respondi friamente, sem olhá-la diretamente. Passei o último prato pelo compartimento, observando enquanto ela pegava o recipiente com as mãos algemadas. Ela ainda mantinha aquele sorriso falso, como se realmente estivesse feliz com a refeição diferente.

"Eu fico tão feliz que você ainda cuida de mim... E, claro, que ainda lembra do que eu gosto," ela disse, estendendo as mãos para pegar o garfo, suas algemas reluzindo sob a luz suave do porão. "É bom ter algo diferente para jantar," continuou, como se estivesse fazendo uma conversa casual, como se não estivesse trancada em uma jaula de vidro, como se tudo fosse... normal.

Me endireitei, cruzando os braços, observando-a começar a comer. Como ela podia fingir estar tão satisfeita, tão grata, quando tudo o que havia entre nós era uma batalha de vontades?

"Interessada no meu dia agora, Dalila?" perguntei, minha voz carregada de ceticismo e raiva contida. "Depois de tudo?"

Ela levantou os olhos para mim, aquele sorriso falso ainda nos lábios. "É claro," ela respondeu. "Eu só... quero saber como você está."

Meus punhos cerraram-se automaticamente, e me forcei a relaxá-los antes que ela percebesse o efeito que estava tendo em mim. Dalila estava jogando, e o fazia bem. Mas eu não cairia nessa armadilha novamente. Deixe-a pensar que está no controle, deixe-a acreditar que suas palavras têm algum poder. Porque no final, essa ilusão de controle seria apenas mais uma coisa que eu tiraria dela.

"Espero que goste do jantar," murmurei, mantendo o olhar firme nela. "Aproveite enquanto pode."

Ela assentiu, ainda com aquele sorriso que eu sabia ser outra tentativa de manipulação. Enquanto ela continuava a comer, fingindo uma satisfação que só poderia ser forçada, eu já estava me preparando para o momento em que ela mostraria suas verdadeiras intenções. Mas até lá, eu jogaria o jogo. Sabia ser paciente, e sabia que, quando o momento chegasse, eu seria quem daria o xeque-mate.

𝑷𝑺𝒀𝑪𝑯𝑶𝑷𝑨𝑻𝑯 | 𝑱𝑬𝑶𝑵 𝑱𝑼𝑵𝑮𝑲𝑶𝑶𝑲Onde histórias criam vida. Descubra agora