Capítulo 11

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Flashback ON

A luz suave do fim da tarde entrava pela janela do quarto, preenchendo o espaço com um calor acolhedor. Jungkook e Dalila estavam deitados na cama, entrelaçados em um abraço preguiçoso. Ele passava os dedos pelos cabelos dela, sentindo a suavidade das mechas deslizarem entre seus dedos. O sorriso no rosto dela era tudo o que ele precisava para acreditar que, naquele momento, o mundo era perfeito.

"Você lembra do nosso primeiro encontro?" Dalila perguntou, com uma risada suave, os olhos brilhando com a lembrança.

"Como eu poderia esquecer?" Jungkook respondeu, apertando-a um pouco mais contra si. "Eu estava tão nervoso que quase derrubei a taça de vinho na sua roupa."

Ela riu, um som que ele sempre achou ser a coisa mais bonita do mundo. "Eu achei fofo. Você tentando tanto me impressionar, quando tudo o que eu queria era estar com você."

"Eu ainda quero te impressionar," ele disse, acariciando o rosto dela com a mão livre. "Mas agora, é porque não consigo imaginar minha vida sem você. Você é tudo para mim, Dalila."

Ela fechou os olhos, inclinando-se para o toque dele. "E você é meu mundo, Jungkook. Nunca me deixe."

Naquele momento, nada mais importava. As preocupações, as inseguranças, o mundo lá fora — tudo desaparecia quando estavam juntos. Ele se lembrava de pensar que, com ela ao seu lado, poderia enfrentar qualquer coisa. Havia uma paz, uma segurança, como se eles fossem invencíveis juntos.

Os dois ficaram em silêncio por um tempo, simplesmente aproveitando a presença um do outro, o som suave da respiração de Dalila se misturando ao ritmo calmo do coração de Jungkook. Naquele instante, ele sabia que faria qualquer coisa para mantê-la feliz, para protegê-la do mundo.

"Prometo que sempre vou cuidar de você, Dalila," ele sussurrou, beijando a testa dela. "Sempre."

Ela abriu os olhos, olhando diretamente nos dele, e sorriu. "E eu prometo que sempre vou estar ao seu lado."

FLASHBACK OFF

Acordei de repente, os olhos se abrindo com um susto. Meu peito subia e descia rapidamente, como se eu tivesse corrido uma maratona. As imagens do sonho ainda estavam frescas na minha mente, nítidas e dolorosas. Eu havia sonhado com o que costumávamos ter, com aqueles momentos em que tudo era perfeito, quando Dalila e eu éramos felizes, antes de tudo se desfazer.

O quarto estava escuro, mas eu podia sentir o vazio ao meu redor, o mesmo quarto onde dividimos tantas noites de amor, onde fizemos promessas que agora estavam quebradas. A raiva começou a ferver dentro de mim, misturada com a dor de perceber o quanto tudo havia mudado.

Levantei-me da cama de forma abrupta, o corpo tenso, as mãos trêmulas. O silêncio do quarto só fazia minha raiva crescer, cada detalhe ao meu redor me lembrando do que perdi, do que me foi tirado. Não conseguia mais suportar aquela calmaria, aquele espaço que antes era um refúgio, mas que agora só me torturava.

Com um grito de fúria, peguei o abajur da mesinha de cabeceira e o joguei contra a parede. O som da cerâmica se estilhaçando ecoou pelo quarto, mas não foi suficiente. A adrenalina corria nas minhas veias enquanto eu arrancava os lençóis da cama, rasgando o tecido em pedaços. Os travesseiros foram os próximos, suas penas se espalhando pelo chão como neve suja.

Cada movimento meu era como uma tentativa desesperada de arrancar aquela dor de dentro de mim, de destruir qualquer vestígio do que um dia foi nosso. Peguei os porta-retratos da cômoda e os arremessei com toda a força contra o espelho. Vidros se quebraram, o som agudo cortando o ar, mas nada parecia aliviar o que eu sentia.

As lágrimas começaram a escorrer pelo meu rosto, mas eu as ignorei. Continuei a destruir tudo ao meu redor, a mesa, as cadeiras, qualquer coisa que me lembrasse de Dalila, de nós. O quarto se tornou um caos, um reflexo perfeito da tempestade que se desenrolava dentro de mim.

Quando finalmente parei, ofegante, o quarto estava irreconhecível. O lugar onde compartilhamos tantas memórias agora era um campo de batalha, destruído, devastado, assim como eu. Caí de joelhos no chão, no meio dos destroços, sentindo o peso da realidade me esmagar. A minha Dalila se foi. O que tínhamos, se foi. E eu? Eu estava completamente sozinho, perdido nas consequências das minhas próprias ações.

Destruir o quarto não foi suficiente. A raiva que ardia dentro de mim, alimentada pelo ódio e pela dor, não se apaziguou com os móveis quebrados e os cacos de vidro espalhados pelo chão. O vazio ainda estava lá, pulsando, consumindo-me de dentro para fora. E então, uma única ideia tomou conta da minha mente: Dalila. A verdadeira causa da minha dor.

O instinto tomou conta de mim, e antes que eu percebesse, já estava descendo as escadas, meus passos pesados ecoando pela casa silenciosa. Minha respiração era um turbilhão, e minha visão, um borrão de raiva. Cada degrau me levava mais perto do porão, onde Dalila estava presa, aguardando sua sentença. Eu podia sentir o impulso de acabar com tudo, de eliminar de uma vez por todas a raiz do meu sofrimento.

Alcancei a porta do porão e a empurrei com força, descendo as escadas como um predador que finalmente encontra sua presa. A jaula onde Dalila estava confinada apareceu à minha frente, e o ódio tomou conta de mim de uma forma que jamais havia sentido. Abri a porta da jaula com um movimento brusco, o som metálico ecoando no espaço fechado. Ela me olhou com os olhos arregalados, sem dizer uma palavra. A expressão dela era de puro medo, e isso só alimentava ainda mais minha vontade de acabar com tudo.

Dei um passo em sua direção, os punhos cerrados, prontos para encerrar de vez aquela dor. Eu poderia terminar tudo ali, acabar com ela e finalmente me livrar desse sofrimento insuportável. Mas, no momento em que estava prestes a dar o golpe final, algo dentro de mim travou.

Parecia que o tempo havia congelado. Minha mente gritava para eu acabar com aquilo, mas meu corpo hesitou. E foi nesse segundo de hesitação que percebi: ainda não era a hora. Dalila merecia mais. Muito mais tempo de tortura, de dor. Ela tinha que pagar, mas não assim, não tão rápido. O que é dela está guardado, e eu farei questão de que ela sinta cada segundo.

Bruscamente, parei no corredor, o ódio se transformando em uma raiva fria e calculada. Girei sobre os calcanhares, afastando-me da jaula, e soquei a parede com toda a força que tinha. A dor física que se seguiu foi nada comparada ao que eu sentia por dentro, mas serviu para me lembrar do meu propósito. O que ela me fez, o que ela me tirou, ainda não estava pago.

Dalila viveria mais um dia, mais um momento de desespero, enquanto eu aguardava o momento certo para fazer justiça. Ela ainda não havia experimentado o pior que eu tinha para oferecer. Eu cuidaria para que, quando esse momento chegasse, fosse algo que ela nunca esqueceria.

𝑷𝑺𝒀𝑪𝑯𝑶𝑷𝑨𝑻𝑯 | 𝑱𝑬𝑶𝑵 𝑱𝑼𝑵𝑮𝑲𝑶𝑶𝑲Onde histórias criam vida. Descubra agora