— Está feliz? — Miyan pergunta assim que Changbin cruza o caminho da sala até as escadas. Ele não quer conversar no momento, a melancolia que o perseguiu durante o dia faz um peso considerável em seus ombros. Ele só quer ir para a cama, deitar lá e questionar porque de repente tudo virou do avesso. Porém, lá está ela, sentada no sofá de pernas cruzadas, usando uma camisola florida e comendo alguma coisa enquanto vê televisão. Essa é a visão costumeira de Miyan quando ela retorna de um plantão no hospital. Changbin está acostumado com esse hábito dela.
— Com o que? — Changbin não sabe de onde aquela indignação surge, mas ela borbulha no peito e cresce até sua garganta. Ele se vira até a mulher no sofá, punhos firmes e mandíbula cerrada. Não sabe porque, mas quer discutir com ela, reclamar de tudo que vinha vendo e sentindo nos últimos meses. Miyan se vira também, encarando ele dos pés a cabeça e franze o nariz desgostosa de sua atitude.
— Com o que fiz. — Changbin sabe que ela se controlou para não xingá-lo por seu comportamento. Ele vê isso nas linhas enrugadas da testa dela. É nítido e isso o acanha um pouco. — Finalmente tive coragem de jogar tudo fora daquele escritório, agora você tem seu quarto novamente só para você. Não está feliz? Fiz algo que você queria há muito tempo. Sei que não estava feliz com Chan dormindo no seu quarto e te incomodando. Inclusive — Ela levanta e vai na sua direção, passos leves e calculados. Changbin fica nervoso sem motivo, suas mãos ficam molhadas e ele quer recuar, mas não faz. Acha que isso só a deixaria ainda mais descontente. — ele fez algo com você? — Ela indaga, tocando seus ombros e subindo até o pescoço, o olha analítica, como se pudesse ler todos os pensamentos embaralhados da cabeça de Changbin.
— Do que a senhora está falando?
— Você parece diferente, filho.
— Não acho que estou.
— Changbin — Miyan diz firme. — ele fez alguma coisa com você?
— Não, mãe. O que ele poderia fazer comigo?
— Não sei, garotos como ele são perigosos. — Como ele?
— O que a senhora quer dizer?
— Você não sabe? — A preocupação cresce em seu olhar, mas não é somente isso. Há algo escondido por trás. Algo que deixa Changbin com medo. — Erick me contou recentemente, e como ele pode levar tão na boa? Acho isso tão… estranho. E agora, tem um deles vivendo na nossa casa, e com você! Como ele não me contou antes? — Miyan suspira, tentando controlar um descontentamento que cresce. Ela abre os olhos novamente e encara Changbin ainda analítica, preocupada e algo mais. Changbin quer que ela não o toque agora, é como se estivesse sendo hipnotizado.
— Não estou entendendo onde a senhora quer chegar. — Ele toca na mão que permanece projetada sobre seu pescoço, afrouxando o aperto dela.
— Ele fica com homens, Changbin. Acho que é gay, ou algo do tipo. Não sei as nomenclaturas. — É como uma bigorna esmagando seu peito, Changbin quase se curva numa dor silenciosa que nasce entre as raízes do seu peito. Ele não sabe como reagir, não sabe o que dizer. — Filho? — Miyan toca o rosto quase pálido de changbin. — Tudo bem?
— Como a senhora pode ter certeza? — Ele pergunta de volta, a voz falha e um gosto desagradável na boca. Ele sabia, lá no fundo ele sabia que Miyan não era a mulher mais mente aberta do mundo, mas Changbin não queria que fosse verdade. Não queria de jeito nenhum.
— Erick me contou. — Changbin tenta disfarçar o quanto aquilo o atingiu. — Filho — Ela o toca no rosto novamente. — Ele te fez algo? Você sabe, pessoas como ele são…
— Por que ele te contou? — Ele a interrompe. Não é possível que ele seja esse tipo de pessoa. Changbin realmente queria dar alguns votos de confiança no outro australiano, estava verdadeiramente se esforçando para vê-lo com bons olhos, mas tirar o próprio filho do armário sem ao menos avisá-lo? Changbin acha que pode vomitar, a ânsia sobe mas tudo que ele consegue é fitar a mãe que parece confusa com a expressão em seu rosto.
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Meu Inquilino Australiano | binchan
FanficChangbin estava consideravelmente bem com a ideia da sua mãe ser namoradeira. Veja bem, ele não se incomodava com os "namoros relâmpagos" da sua queridissima mãe, por ele, ela tinha mais era que curtir a vida mesmo após passar tantos anos presa em u...