Após o sonho com Arthur e minha repentina suadeira, eu pulei da cama e fui tomar uma ducha, e cara que raiva, o banheiro dele tem o cheirinho da sua colônia preferida.
Tomei a ducha, e troquei de roupa, coloquei minha calça cargo, minha camisa preta gola alta e o sobretudo cinza escuro. Quando eu estava indo tomar café, eu ouço a campainha tocar, e vou atender.
– Olá Alícia – diz Susan usando uma saia longa e um topper, acompanhado de uma jaqueta.
– Por que não simplesmente entrou?
– Quer que eu invada o apartamento do seu namorado?
– Você sempre fez isso.
– A situação mudou.
– Aliás, não sei nada sobre esse livro, sobre as poções dele.
– Eu sei, isso basta – disse entrando na casa.
– E o que vamos fazer?
– O que eu vou fazer não te interessa, o importante é, vamos mandar você para o Céu – ela se senta no sofá e bebe o café que eu fiz para eu tomar.
– Como assim eu vou pro Céu?
– É uma poção que vai apenas separar o seu corpo do seu espírito por 48h, seu espírito irá subir automaticamente, e então, parada final.
Eu apenas a encarei de choque, fiz outro café e bebi.
– Pronta para sairmos?
– Sim, estou.
Ela me guiou para fora do apartamento e andou comigo até o ponto de ônibus.
– Assim será mais rápido.
– Sabe para onde estamos indo né?
– Sim, eu sei – havia arrogância em seu olhar
Depois que o ônibus chegou e nós entramos, digamos que o caminho foi um tanto quanto estranho. Eu tinha a leve impressão de ouvir ela murmurar algo em alguma língua estranha, e isso por um bom tempo, mas por se tratar de uma Deusa, eu apenas ignorei, afinal, o que de pior poderia ser?
– Descemos aqui.
Ao ouvir suas palavras eu dei sinal, nós duas descemos e eu a olhei nos olhos, esperando o próximo passo.
– Só me seguir.
Era incrível a calma que ela tinha, andamos por 10 minutos, estávamos nos afastanto da cidade aos poucos, pude sentir isso. Eu não tinha bons pressentimentos, e esses pressentimentos pioraram quando eu percebi que estava me aproximando de uma encruzilhada, onde duas ruas se cortavam, e a tal loja ficava na frente dela. Era uma loja comum, simples, uma loja de arquitetura moderna, quem olha nem deve saber que tem como exibição um livro de mileniuns.
– Quando entrarmos na loja, deixa que eu falo com o atendente – Susan novamente falou com um ar de soberania.
– Ele pode te ver?
– Você não vê?
Ela é esnobe de forma desnecessária, mas preciso dela.
Ao entrar na loja, avistei um rapaz no balcão, e ele era estranhamente atraente, tinha cabelos cacheados e loiros, batiam na altura do ombro, pele branca, rosto redondinho e rosado nas bochechas, parecia uma imagem até fictícia de tão bela.
– Bom dia – Susan falou seguido de um estalar de dedos.
– Bom dia madames, fiquem a vontade.
– Reconheceu o bonitão ali? – ela disse adentrando a loja.
– Deveria?
– Acho que sim, ele é um cupido que não trabalhou direito e foi mandado para cá.
– Calma, por que essa loja é tão importante para um cupido cuidar dela, e por que ele não te reconheceu? Você não é Deusa no céu?
– Lancei uma magia nele quando estalei os dedos, e a importância dessa loja é o livro que viemos ver, O Grimoire de Dorotéia.
Ela me levou até o fundo de um corredor, onde tinha uma porta com uma placa escrito : somente pessoal autorizado. Ela fez um movimento de "check" com a mão, e a porta abriu.
– Tem certeza disso Susan? – sussurrei.
– Quer seu namorado de volta?
Eu respondi com silêncio.
– Vou levar como um sim.
Passamos pela porta, e ali estava, uma mesinha com uma cúpula cobrindo o livro. Depois do que aconteceu com aquela mulher em live, devem ter feito essas proteções.
– Alícia, fique do lado direito, eu vou ficar do esquerdo, e você levanta a cúpula de vidro junto comigo.
– Por que não faz ela voar?
– É a prova de magia.
Seus olhos eram sedentos, ela levantou a cúpula e colocou em uma mesinha, tudo que restava agora era o livro.
O livro parecia ter runas que mexiam na capa, e Susan as tocou de um jeito estranho, como se estivesse sentindo-as, ela então abriu o livro.
– O segredo é não tirar o livro da base.
– Por que?
– Encantado.
Ela começou a folhear com cuidado, passou muitas páginas, e eu fui vendo por alto o que era: Chá de tanaceto para enxaqueca, chá de erva-cidreira para dormir, chá de casca de limão para evitar problema no coração, Maca peruana com leite para disfunção erétil, e muito mais, era basicamente um livro de receitas. Quando então ela me mostra a página:
Poção para chegar ao céu
Ingredientes
Uma xícara de chá feito com raiz de valeriana;
Um punhado de Açafrão-da-terra;
Uma xícara Leite de cabra;
Cogumelos Psilocybe cubensis;
1 ametista triturada;
Mel para adoçar.
Modo de preparo
Coloque os cogumelos em uma cuía e amasse com o mel, e aos poucos adicione o leite, até formar uma pasta. Transfira para uma vasilha maior e junte todos os ingredientes, misture bem e coe.
Efeito de 48 horas.
– O que é isso Susan?
– O que vai te levar pro céu.
– Isso é um veneno?
– Não viu o aviso de duração de 48 horas? Isso vai fazer você adormecer, e a sua alma vai ser separada do seu corpo, e em 48 horas ela volta. Toma, um lápis e caneta, anota tudo, você vai ir atrás para eu poder preparar.
– E você vai fazer qual para você?
– Vai lá para fora, preciso me concentrar.
– Tá bem.
Fiquei uns 5 minutos esperando a Susan voltar, nesse meio tempo olhei a loja, vendia bastante remédio natural, e algumas ervas, aproveitei e fui procurar os cogumelos e a raiz, e eu achei. Assim que eu terminei de pagar, Susan apareceu.
– Vamos Alícia?
– Vamos.
Depois de nos afastarmos um pouco da loja, Susan parou ao meu lado e colocou a mão em meu ombro.
– Recolha os ingredientes, e quando tiver tudo pronto eu faço a poção, mas se eu não aparecer, você faz sozinha.
– Por que não apareceria?
– Tenho meus problemas...
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Meu anjo guardião : O Amor é a saída [Livro 2 de 5]
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