14 - O medo mantém os homens na linha.
DIAS ATUAIS
ANTONIO
Havia tanto que eu gostava de explicar a Valentina. Queria poder dizer o meu lado da história, e os motivos por quais eu não lutei por ela. Obvio que isso ja não importa mais... mas sempre que a vejo, é como se eu tivesse a obrigação em me justificar. Ja se passaram tantos anos, e nada do que eu planejei de fato aconteceu. Ainda estou aqui tentando provar o meu valor a Famiglia, seguindo suas ordens e tradições. Não é algo que seja difícil de realizar, ja que minha vida inteira foi assim. Mesmo antes de eu ser inicializado, eu ja vivia em torno deles para me portar como eles se portavam.
Mas existem coisas mais poderosas que eu não podia contar.
E mais uma vez, a tenho sob o meu domínio. Por que diabos terei de ser eu, a usar o bom senso sempre? Confesso que tenho uma vontade forte de a beijar, mas sei que tudo ficaria ainda mais confuso e complicado. As mulheres não sabem separar as coisas. Os desejos, dos deveres. Para elas tudo é mais sentimental. Estou agora a milímetros de sua boca, e quase a sinto. Abro os olhos, e vejo Valentina entregue. Preciso agir rápido, ou colocarei tudo a perder.
- Viu? Eu a tenho a hora que eu quiser. — sussurro ao seu ouvido. E magicamente vejo o seu rosto se transformando de luxúria e desejo, para uma fúria genuína. Ela ainda era meu brinquedo favorito.
- Eu odeio você! — diz com toda a verdade que havia em si, me empurra e sai correndo para longe.Eu sei... e é bom que as coisas continuem assim.
Meu telefone toca, e atendo sem olhar o visor.
- Ciao. — digo
- Por que você não vem me fazer uma visita? Estou usando aquela lingerie vermelha que você me deu no meu último aniversário. — uma voz sexy me recebe ao outro lado da linha.Talvez seja isso que eu precise mesmo.
- Te encontro em 20 minutos. — e desligo o telefone.
VALENTINA
Saio correndo para longe, mas nunca parece longe o suficiente. Aquele maldito brinca comigo, e ele sabe o poder que tem. Me sinto suja! Como eu pude me deixar levar? Uma vontade forte de chorar me persegue, e eu vou o mais rápido possível ao quarto para que ninguém me veja nesse estado. Quando estou quase chegando, uma voz me para.
- Valentina! — olho para trás, e avisto Joana correndo ao meu encontro.
- Oi. — digo tímida, evitando demonstrar meu real estado.
- Ontem eu nem vi você sair, queria ter tido tempo para conversarmos mais. — seu olhar continuava doce e inocente, queria tanto não misturar as coisas.
- Desculpe, eu não me senti bem e resolvi me recolher.
- Vamos tomar um chá no meu quarto? A Sra. Rosalia já está preparando tudo e levará para nós.
- Eu não estou me sentindo muito bem, Joana...
- Ei, por favor! É tão bom ter alguém para conversar, aproveite que você tem uma amiga por aqui... vem por favor! — insiste.
- Tá bem, acredito que você tenha mesmo razão.Seguimos juntas até o seu quarto. Confesso que já não lembrava direito do caminho, mas sei que logo ja estarei familiarizada com todos os cantos da mansão. Joana entra no quarto primeiro, e me convida a entrar. Logo em seguida trazem a comida, e nos aconchegamos na cama para comer. Uma enorme bandeja foi pousada no centro da cama, e logo começamos a atacar.
- Eu amo que me coloquem sempre no mesmo quarto! Assim eu posso deixar alguns itens pessoais... sem falar que sempre que venho me sinto em casa.
- É até estranho ouvir isso... desculpe.
- Por que diz isso? Você é a pessoa mais bem vinda da casa nesse momento.
- Até deixar de ser... — sussurro a mim mesma.
- Eu vejo bem como Antonio te olha. — insinua.
- E como ele me olha? — uma curiosidade brota no meu coração.
- Como se não existisse mais ninguém no mundo... parece até um pouco obsessivo. — fala seria, e logo abre um sorriso.
- Ele é obsessivo naturalmente, não acredito que seja exatamente por mim.
- Valentina! Espero que você não acredite nas suas próprias palavras.
- Isso tudo é muito mais complexo do que eu consiga explicar.
- Eu sei, tudo que envolve a máfia é cheio de segredos e duplos sentidos. Mas pode contar comigo se precisar desabafar.
- Você irá me abandonar em breve. — do de ombros.
- Sim! — concorda rindo — Ao fim da semana irei embora, mas posso vir visita-la sempre que quiser. Eu não faço muito da vida, de qualquer forma.
- Isso me conforta, obrigada. — digo colocando a mão no peito demonstrando gratidão e ironia ao mesmo tempo.
- E esse anel! Meu Deus, Valentina! Tinha me esquecido! — Joana volta a ficar eufórica.
- Preciso confessar que eu já tinha me esquecido dele.
- Como consegue? Ele é maior que a sua mão.
VOCÊ ESTÁ LENDO
A DAMA DA MAFIA
Mystère / ThrillerAntonio, aos 33 anos, está prestes a assumir o posto de Capo di Tutti Capi da máfia italiana, cargo que sempre foi seu destino. Desde jovem, ele foi moldado para liderar, passando por provações de sangue, dor e poder. Contudo, seu coração está divid...