Capítulo 5 - Você sabe que sem você, fico tão sozinho

19 7 0
                                    


Capítulo cinco

Você sabe que sem você, fico tão sozinho

Demora um pouco.

Por vezes, demora um pouco para que a "ficha caia" e se perceba que a realidade — aquilo que era familiar — transformou-se ao longo do tempo. A pessoa conhecida, ainda viva, também passou por mudanças, porque é natural mudar...

Mas o natural (também) pode ser desconfortável.

E ele foi.

Talvez ele não soubesse definir, explicar o motivo, mas Yunho interrompeu um momento com os amigos e namorada para meter-se em algo que não lhe remetia. Caminhou rápido até o local informado por San e, de longe, presenciou uma cena que o surpreendeu: Mingi chacoalhava as mãos (flapping) enquanto sorria animado. Seus pequenos olhos tornaram-se menores e o sorriso cada vez mais largo, mostrando os dentes. Yunho adorava vê-lo sorrir dessa maneira... leve. Apreciava quando ele se esquecia do mundo ao redor e se permitia a fazer estereotipias em público.

"Quando a gente se afastou?" essa foi a única frase que a sua mente conseguiu formular. Uma pergunta que ele imaginou não ter respostas, mas elas surgiram em instantes. Afastaram-se quando ele mudou de cidade e ficou deslumbrado demais com nova vida para desperdiçar o tempo que passou saindo por aí (bebendo...) com um pirralho a milhas de distância. Afastaram-se quando a popularidade de um jogador de basquete tornou-se fundamental, mesmo não possuindo o interesse em seguir na carreira. Afastaram-se quando saiu com todo tipo de garota que conheceu antes de namorar a Amber. Afastaram-se quando achou que um objeto material seria o suficiente para preencher sua ausência de anos.

Afastaram-se quando pensou que ele não se importaria com a demora para responder... ou o esquecimento. O que era... injusto, porque no dia do seu aniversário e também a data do falecimento de seus pais, Mingi, que odiava ligações, ignorava o desconforto para ligar e ter a certeza que estava bem, mas esse seu esforço se tornou um revirar de olhos e um clique no botão vermelho da tela.

"Eu o afastei!" concluiu olhando para o céu azulado e bufando em seguida. Com o polegar, limpou o suor resultado da caminhada rápida de alguns minutos. "É normal que ele não me escute mais, que tenha outras pessoas..." pensou. "Droga! Jeong Yunho, como você conseguiu ser tão idiota?" levou a mão esquerda a cabeça e com os dedos ajeitou a franja, jogando-a para trás. Ele reconheceu que o Yunho (do passado) fez besteira e a sua versão de agora, embora mais tranquila, permanecia cometendo erros. "Não foi ele que começou a agir diferente, mas sim eu!" afirmou e continuava a observar aquela interação, que por as caixas estarem vazias, eles desmontavam a barraquinha. Parecia tudo tranquilo (normal) até que Hongjoong pediu para Mingi curvar-se um pouco (havia algo preso em seu cabelo), e pela perspectiva, o jogador de basquete supôs ser uma tentativa de roubar um beijo. Sem pensar muito, andou e quando recuperou a consciência, já estava mal-humorado à frente deles.

Cruzou os braços. — O que está acontecendo aqui? — na sua lógica, essa reação jamais seria ciúme, era apenas preocupação de um amigo BABACA que sabia exatamente como os BABACAS pensavam. Ele achou que Hongjoong tirava proveito a situação. Sua voz em uma entonação "alta" os alertou, resultando num afastamento afobado. O mais baixo dos três (que entendeu o tom irritadiço alheio) encarava Yunho confuso e o Song tinha a mesma reação, só que por outro motivo (de onde o Yunho surgiu?).

— Yu...nho? — perguntou e sentia-se constrangido ao vê-lo depois do 'desencontro' do dia anterior. Yeosang parabenizou aquela postura, mas ele não a achava correta. Sua rigidez não era proposital, ele não queria ser grosseiro ou discutir, "ser teimoso", mas quando Mingi chegava a uma conclusão (a uma ideia fixa), o pensamento rígido não o deixava reconsiderar. Ou seja, se ele "não era mais criança" para determinadas ações, entende-se que para as restantes idem. — Hoje é dia de vendas! — respondeu à pergunta. — Vim acompanhar a minha mãe, porque prometi a ela. — contou a verdade e o Song não desvendou a expressão do mais velho, mas ele desconfiava.

Ei, você! Dá 'pra olhar para mim? (Yungi)Onde histórias criam vida. Descubra agora