Capítulo seis
Mesmo que isso doa, eu prefiro que você me deixe sozinho
Aquele parque nem era assim... tão grande, no entanto, o desespero e a culpa faziam-no parecer imenso, da mesma forma que em momentos estressantes, um problema pequeno torna-se maior, porque a ansiedade está no controle. Mas esse, infelizmente, não era um "problema pequeno", certo? Alguém se perdeu e no meio do verde intenso (e pessoas felizes), sentia-se sozinho e angustiado.
E Yunho, bem... estava corroído pela culpa, pois a sua tentativa de retornar "aos velhos tempos", a época que todos ficavam juntos, falhou. Ele só queria mostrar a Mingi que ele estava, SIM, incluído na sua vida e NUNCA saiu dela: o que não funcionou. Boas intenções, de fato, existem! As pessoas estão carregadas delas, mas às vezes elas também podem ser atos egoístas.
É comum insistir na superação das próprias dificuldades, e isso não é ruim. Entretanto, superar o imutável, também não faz sentido. É um processo lento, doloroso, que acontece aos poucos. Por vezes, nem superação há, apenas atenuações. Portanto, o Mingi que uma vez teve dez anos não existe mais, assim como o que tinha dezessete deixou de existir há alguns anos. A sua versão de agora, certamente, fazia muitas coisas novas (inusitadas), mas isso jamais significou a ausência de suporte.
Eles se dividiram, porque três pessoas procurando em pontos diferentes era mais inteligente que um trio perdido. Então, cada um ficou com uma direção, e embora o Jeong questionasse de onde surgiu o tal Yeosang (foi muito repentino!), entendeu que esse não seria o momento de cismar com isso.
Havia algo mais sério com o que se preocupar.
Confuso e machucado, Mingi não foi longe, "refugiou-se" muito mal num banco enquanto se culpava, pois queria fazer tudo: ajudar a mãe, interagir com Hongjoong e ver Yunho, mas esse tudo acabou sendo demais. O carat estava tão distraído, que não percebeu passos que se aproximavam e só os notou quando alguém contornou o banco, agachando-se na sua frente. Era Hongjoong, o refrescante e doce Hongjoong, que agora tinha a preocupação "estampada" em seu rosto. — Mingi... — o chamou baixinho e não tocou nele, lhe deu espaço, porque qualquer ação mais afobada da sua parte pioraria as coisas. Esperou que o respondesse, mas quando ele foi reconhecido, o mais jovem (que já chorava) passou a chorar ainda mais, projetou o corpo para frente e o abraçou muito forte.
Mingi gostava de abraços, da pressão que eles exerciam em seu corpo e da sensação de acolhimento. Surpreendido, porque não esperava uma reação como essa, o Kim demorou a processar, ficando alguns segundos com os braços abertos. — Você... pode apertar bastante, por favor! — Mingi pediu e ele obedeceu, o abraçando apertado e teve o pescoço envolvido com os braços do Song. Aconteceu, também, de os dois que faltavam, chegarem e presenciarem esse momento. Yunho, ansioso, planejava se aproximar, mas foi impedido por Yeosang, que colocou o braço na frente.
— Não acha melhor esperar que ele se acalme? — perguntou sério e ganhou um olhar que não conseguiu identificar o significado. — Essa não é a melhor hora para se ter uma crise de ciúmes! — afirmou e Jeong não respondeu, porém sem dúvida alguma o rapaz com o nome do jabuti, acertou nessa colocação. Encontrá-lo buscando conforto nos braços de outro, o incomodou mesmo e o levou de volta à época em que, ao retornar do colégio, a primeira coisa que Mingi fazia era procurá-lo e pedir um abraço apertado.
Os dois permaneceram abraçados tempo o suficiente para Yunho sentir como se pequenas agulhas espetassem sua pele. Era desconfortável demais e irritante demais, sobretudo, se via sem alternativa ou poder. O que faria, afinal? Como resolveria, afinal?
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Ei, você! Dá 'pra olhar para mim? (Yungi)
FanfictionDepois de receber ajuda do vizinho durante a infância, Mingi, um jovem autista, ao longo do tempo, desenvolveu sentimentos românticos por ele. Mas com o nome 'paixão unilateral' já explica: por ser alguns anos mais velho, Yunho o via como um 'pirral...