Capítulo 1 - A saga do jabuti perdido

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Capitulo um

A saga do jabuti perdido

É que chovia bastante.

Num breu, chovia às duas da tarde e o ruído estrondoso da trovoada ecoava insistentemente. Não era pra sair e nem dava pra sair, chovia demais. Mas, ignorando o temporal lá fora, um garoto de dez anos saiu (correndo) do conforto de casa com os olhos cheios d'água. Ele não brigou com os pais, tá! Tampouco foi posto de castigo, só tinha um objetivo muito nobre..., pois, por ser um pouco avoado, perdeu de vista o seu jabuti de estimação, Yeosang, e também o seu único amigo.

Vestia um abafador de ruídos, mas, certamente, ele não é para-raios ou faz milagres sonoros. Que seja! O pirralho (inconsequente) que o vestia, era Song Mingi, um autista que por ouvir dos colegas de turma "que assustava" e "era retardado", deu todo carinho e afeto pra quem aceitou: o seu animal de estimação. Sendo assim, nem ligou o temporal, só queria encontrar o seu parceiro de curta vida e nem mesmo o exagero de dizer "o céu está desabando", porque ele acreditaria, conseguiu pará-lo e teve que a todo custo sair para resgatá-lo.

A sua mente jovem pensou: "Se eu morro de medo de trovões, logo, Yeosang que é tão pequeninho, com certeza sente o mesmo!"

Só que sair assim... de peito aberto, num deu muito certo. Ele terminou andando pelo quintal enquanto chorava e gritava o nome do animalzinho perdido: - YEOSANG! YEOSANG! - que não aparecia por nada. Sua mãe, da porta, exigia para que não fosse teimoso e entrasse; o que não colou. Rígido, focado, ele seguiu na sua busca e, bem..., nem imaginou que sua gritaria e desespero chamaria a atenção de seu mais novo vizinho, Jeong Yunho, um rapaz de recente quinze anos, que se mudou há menos de uma semana com os avós. Vendo aquela pobre criança, desolada e encharcada, ele apareceu segurando um guarda-chuva colorido e a cobriu. Ao notar que a chuva não o molhava mais, o mais novo olhou pra cima.

- Ei, garoto! - chamou. As casas não tinham cercas, então foi fácil se aproximar e por ter sido gentil, Mingi não o achou intimidador. - Por que está chorando tanto? - quem chorava fungou uma, duas... algumas (muitas) vezes e tentou enxugar as lágrimas com as mãos molhadas, o que não adiantou e ele desabou novamente.

- Meu... meu amigo desapareceu! - disse e o menino de abafador parecia tão desesperado, que o outro decidiu ajudar. Também supôs o óbvio, que esse tal amigo deveria ser um gato ou um cachorro.

Não seria difícil achá-lo, certo?

- Fique tranquilo, hm? - ajustou o tom da própria voz, porque não podia gritar, mas ela também não podia ser abafada pela forte chuva. Trovejou e um raio rasgou o céu, iluminando o ambiente por alguns segundos. Apavorado, Mingi se encolheu perto de Yunho, que buscou tranquilizá-lo dizendo: - Iremos achá-lo! Dará tudo certo! - o que não adiantou muito, visto que o garoto estava uma pilha de nervos. E quem não estaria? - Como ele é?

- É um... é um jabuti e atende pelo nome de Yeosang. - respondeu fanho e o Jeong nunca cogitaria que esse amigo seria tão... exótico. Surpreendeu-se. - Ele tem medo de dias chuvosos e é meio desajeitado, tô com muita dó dele! - continuou chorando e Yunho, numa tentativa de acalmá-lo, levou a sua mão livre a cabeça do menor, quem permitiu a carícia.

- Ficará tudo bem, hm? - encerrou o carinho, abaixando a mão e segurando a dele, para, então, caminharem juntos pelo quintal. Após minutos (onze...) de muita procura (e choro), acharam uma pedra diferenciada e pelo brilho nos olhos de Mingi, não havia dúvida, era Yeosang. Com isso, o garoto soltou-se e resgatou o bichinho, que rapidamente colocou a cabeça pra fora.

- Yeosang, deixe de birra e agradeça o moço! - estendeu o jabuti ao outro, que retornou com um sorriso. - A mamãe sempre diz que devemos agradecer quando somos ajudados: obrigado! - mesmo com o rosto inchado de tanto chorar, devido ao resgate bem-sucedido do amigo, o Song passou a sorrir. Falavam que ele sorria estranho, mas isso não o paralisou naquela hora. - Eu sou Mingi e você? Nunca te vi aqui... - olhos pequenos encaravam o Jeong curiosos e estavam tão fixos em cada detalhe, que constrangido, ele respondeu:

Ei, você! Dá 'pra olhar para mim? (Yungi)Onde histórias criam vida. Descubra agora