Capítulo 2 - Aquele que é venerável

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Capítulo dois

Aquele que é venerável

Trocou de posição e deitado, usava a canhota como apoio de cabeça enquanto fumava. — Lembre-se! Sou uma divindade e não como qualquer coisa. — afirmou arrogante. E, essa era uma situação bastante estranha. Tudo bem, até mais do que isso: era esquisita e fora da casinha demais. Yeosang, uma divindade? Valha-me os Céus, é claro que não!

Ou... é claro que sim!

Descrente ou crente, se olhasse de pertinho e foi o que Mingi, instintivamente, acabou fazendo, deixando ambos os rostos separados por uma distância mínima, seria possível perceber que os olhos da 'divindade' eram idênticos aos do jabuti. Então, pensou e disse: — É você mesmo! — afirmou naquela proximidade exagerada e ter seus olhos fixos nele (nessa forma), foi perturbador para uma divindade que nada temia.

Deu calafrios.

Pigarreou, afastando-se: — É claro que sou eu! Quem mais esperava, hm? — toda a sua postura, rosto e entonação, expressavam 'deboche'. Esse o qual Song Mingi não compreendeu, pois era um péssimo leitor de sentimentos (alheios ou os próprios). Yeosang, também, usava uma grosseria desnecessária, já que não é todo dia (nunca é dia) que alguém descobre que o seu animal de estimação é uma divindade milenar.

Corrigindo: divindade milenar de jabuti!

— M-mas... como? — questionou abismado, porque, cara, era uma informação muito difícil de processar. A noite Yeosang era um jabuti grande e lindíssimo, que agora estava ali, humano e pelado na sua cama, intitulando-se 'divindade'.

Com preguiça de explicar, porém o fazendo, o deus bocejou e revirou os olhos. — Já não disse logo de início? — suspirou. — Sofri uma punição e, com isso, fui condenado a viver em minha forma primordial. Agora como a cumpri corretamente, tenho a permissão de assumir esse corpo. — voltou a fumar, aproximando e afastando o cachimbo dos lábios. — Sou uma divindade — por ser muito expressivo (exageradamente expressivo), Yeosang gesticulava bastante enquanto falava e ergueu os braços ao pronunciar "divindade". — Aquele tão belo quanto o sol poente no mar — enalteceu a si mesmo enquanto acariciava o rosto livremente, deslizando os dedos da bochecha ao maxilar. — Aquele tão gracioso quanto uma folha pousando gentilmente sobre as águas serenas de um lago. — continuou. — E também um ser divino sequestrado por um humano! — alterou sua expressão e tom de voz instantaneamente; além disso, num simples estalo de dedos, fez o cachimbo desaparecer.

Ouvir a palavra "sequestro", fez o mais jovem sentir-se culpado e abaixar a cabeça arrependido. Porque, bom, foi impulsivo ao presumir que ele precisava de abrigo. — Ah... desculpa! Se quiser ir embora... — a frase quase nem saiu e cogitar essa possibilidade assustadora, fazia o seu coração bater acelerado, mas não podia prendê-lo a seu lado.

— Acha que se livrará facilmente de mim? — bateu palmas inconformado e, bem..., ele nunca admitiria (não mesmo! Era absurdo demais pra um deus), mas não achou o tempo que passaram juntos abominável. Ele foi bem cuidado e paparicado até demais. — Está sol lá fora, eu quero o meu café da manhã! — exigiu e, novamente, estalou os dedos da mão direita, fazendo com que o cachimbo antes oculto surgisse. Ninguém sabia o que tinha nele, era segredo! E permanecia 'peladão', nem ligava pra isso, afinal, "era belo demais para envergonhar-se!".

— Deuses comem? — questionou e, poxa, fazia sentido. Nas novel's que leu e nos xianxia que assistiu, eles não precisavam de nada disso e só faziam apenas por simbolismo.

Cultivar e meditar era o primordial!

Entediado, Yeosang bocejou e se deitou de bruços, expondo perfeitamente suas nádegas nuas. Envergonhado, Mingi tampou os olhos. — Por que humanos são tão mesquinhos? — balançava as pernas. — Nos alimentam quando exigem desejos, oram devotamente, mas quando se veem em desvantagem... — deu uma curta pausa. — Céus! Questionam tudo. — permanecia balançando as pernas. — E sim, comem! — respondeu à pergunta.

Ei, você! Dá 'pra olhar para mim? (Yungi)Onde histórias criam vida. Descubra agora