15 de Junho
Willow estava passando suas últimas noites sozinha, não conseguia dormir pois sentia o vazio em seu quarto. Ela fingia que estava dormindo e Ângelo saía, saía todas as noites. Ela já estava curiosa, triste, péssima. Tudo aquilo que incomodava ela, se preocupava sobre onde o melhor amigo estava, sentia que a confiança estava sendo traída. Então, resolveu que não deveriam ter mais segredos, e que era o fim dessa saideira.
Willow — Ângelo... — A voz dela soou baixa, quase como um sussurro entre os tentáculos, enquanto a sombra do polvito vibrava sob a luz do quarto. — Onde você tem ido todas essas noites? — A pergunta se pendurou no ar, carregada de uma mistura de mágoa e desconfiança.Ângelo, o cupido de pele verde e asas brilhantes, estava flutuando despreocupadamente na sala, como se nada de errado estivesse acontecendo. Ele se virou para ela com um sorriso, mas seus olhos não encontraram os dela. — Willow... Nada, ué. Só estou saindo para espairecer um pouco. Eu gosto de voar à noite, relaxar a mente. Não é nada demais — respondeu ele, tentando parecer despreocupado, enquanto seus dedos mexiam no arco dourado que sempre levava consigo.
Willow — E por que não me chamou para ir junto? — A voz dela estava mais firme agora, embora o volume ainda fosse baixo, controlado. Ela era sempre mais contida, enquanto ele era expansivo e elétrico. Mas agora, algo estava diferente.
O cupido fez uma pausa, o sorriso de seu rosto vacilou brevemente, mas ele rapidamente o recuperou. — Ah, você sabe, Willow, pensei que você estava ocupada com suas coisas. Eu só não queria incomodar — disse ele, dando de ombros enquanto desviava os olhos de novo.
Mas Willow não era boba. Ela já sabia a verdade. Desde que Ângelo começou a sair mais à noite, ela ficou desconfiada. Por dias ela observou, tentou não julgar, mas algo dentro dela sabia que ele estava escondendo alguma coisa. Então, na noite anterior, ela o seguiu. E o que ela viu a deixou perplexa.
Willow — Não foi isso que eu vi ontem à noite — disse ela, sua voz finalmente perdendo a suavidade e se tornando mais aguda. Ângelo parou de flutuar no ar, e suas asas verdes se contraíram levemente. Ele virou a cabeça para encará-la, desta vez seu sorriso completamente desaparecendo. — Você estava com ele, Ângelo. Com aquele vampiro. Com Mortis.
Houve um longo silêncio, tão pesado que parecia apertar o peito dos dois. O olhar de Willow estava fixo em Ângelo, seus olhos grandes e expressivos normalmente carregados de afeto e compreensão, agora tingidos de algo que ele não reconhecia: mágoa e traição.
Ângelo — Willow... — Ele começou a falar, mas sua voz era fraca, insegura, como se não soubesse por onde começar.
Willow — Por que não me contou? — Ela deu um passo à frente, seus tentáculos se movendo inquietos pelo chão. — Eu sou sua melhor amiga, Ângelo. Eu sempre estive ao seu lado, em tudo. Por que você não me contou que estava apaixonado por ele?
O cupido desceu lentamente do ar, suas asas caindo ao lado do corpo. Ele suspirou, passando a mão pelo rosto verde e finalmente olhando para Willow, vendo a dor nos olhos dela. — Eu... eu não queria que você se preocupasse — disse ele, sua voz cheia de remorso. — Eu não queria que você pensasse que eu estava te abandonando, que eu estava te trocando por alguém.
Willow — Mas foi isso que você fez — ela respondeu, as palavras saindo rápidas, como um golpe direto. — Você tem me deixado sozinha, sem dizer nada. Eu não sabia o que estava acontecendo. Pensei que algo tivesse acontecido com você. — Os olhos de Willow começaram a brilhar com lágrimas não derramadas. — Eu me preocupei, Ângelo. Mas você estava com ele, vivendo algo que eu nem sabia que estava acontecendo.
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Areias do Destino - Leondy
De TodoNita planejou tudo mais que perfeito na sua cabeça para que Leon e Sandy fossem "amigos".