[4] Terror da Empatia e a Tal da Hipocrisia

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Às sete e meia da manhã desta radiante terça-feira, o som estridente do despertador de Carol ecoou pelo quarto, interrompendo o silêncio da manhã. O barulho despertou as duas garotas em um salto abrupto, um misto de desespero e irritação marcava o início do dia.

Carolina, com os cabelos desgrenhados e olhos ainda pesados pelo sono, esfregou o rosto enquanto tentava se livrar da sensação de raiva que o despertador a provocou. Na cama ao lado, Nina fez uma careta, sua mente ainda conturbada, tentando entender o que estava acontecendo, a ressaca causada pela noite anterior ainda a dominava, sua cabeça latejava.

Com um suspiro, ambas se levantaram, o cansaço da noite mal dormida pela jantar do dia anterior pairando sobre elas. O treino matinal parecia uma tarefa terrível agora, um lembrete constante de que a diversão da noite passada tinha um preço.

— Pelo amor de Deus, desliga isso! — Nina reclamou, tampando seus ouvidos com o travesseiro.

— Eu tô tentando! Mas não vai. — Carolana dizia com um leve desespero, o fato de mal ter conseguido abrir seus olhos ainda não permitiu que ela enxergasse seu celular para desligar o alarme.

Quando finalmente conseguiu fazer com que o despertador parasse, o silêncio voltou a se instaurar.

— Agora sim bom dia, né? — Nina disse se levantando e pegando uma toalha, indo direto para o banheiro, precisava de um banho para realmente acordar e se preparar para o dia que vinha.

— Tá queimado! — Carol gritou assim que a porta do banheiro se fechou.

— Eu percebi. — A mais nova disse saindo do banheiro, com uma carranca visível em seu rosto, causando um leve riso na cacheada.

Nina pegou uma muda de roupas rápido, colocou seus chinelos e caminhou até a porta do cômodo.

— Onde vai?

— Bater na porta das vizinhas.

— Boa sorte! — Carol riu anasalado.

Saiu do quarto em que dividia com a central e foi até a porta do quarto vizinho, batendo três vezes, não muito alto para também não acordar o resto do time, afinal, não queria receber xingamentos tão cedo.

— Ah, você de novo? Eu te avisei pra não assustar o espelho, né!

— Ha.Ha. Você sempre tão engraçada a essas horas da manhã não é?

— O que veio fazer aqui? — A ruiva coçou os olhos, tentando fazer com que os mesmos se acostumassem com a claridade do corredor.

— Meu chuveiro queimou, lembra não? Preciso de um banho.

— Eu deveria até te bater só por me acordar a essas horas por causa de um banho. — Fez uma pausa, olhando para a oposta de cima a baixo, logo voltando para seu rosto com um olhar irônico. — Mas pode ir, você tá precisando mesmo.

Nina agradeceu com um aceno de cabeça e entrou rapidamente no quarto, dirigindo-se ao banheiro com urgência. Julia, ainda meio atordoada, fechou a porta atrás dela e voltou para a cama, tentando se recuperar dos efeitos do despertar precoce.

Assim que o sono se distanciou, Julia se espreguiçou enquanto levantava, indo se arrumar, não queria admitir, mas não queria que Nina a visse de novo do jeito que acabara de acordar, se sentia desconfortável.

Enquanto Julia terminava de se arrumar, Miyazaki aproveitava o banho quente, sentindo a água passar por seu corpo e levar consigo a dor de cabeça e cansaço que sentia. O dia prometia ser longo e difícil, e ela sabia que precisava estar preparada para tudo que viria, então tentou expulsar aquela ressaca de seu corpo o quanto antes.

Tie-break • Julia Bergmann Onde histórias criam vida. Descubra agora