— Mentira que ela te disse isso!
— Juro por tudo! Tô até agora sem entender também, tipo — Gabriela exclamou, gesticulando com as mãos enquanto caminhava pelos corredores do CT ao lado de Nina.
O som de tênis batendo no chão e o murmúrio distante dos treinadores preenchiam o ambiente. Foi então que uma voz grossa interrompeu a conversa.
— Gabi, Nina, já não deu o horário da academia? — Zé perguntou, erguendo uma das sobrancelhas com um olhar brincalhão.
— Ih! — A morena exclamou olhando para o horário em seu celular. — Obrigada por avisar Zé! Estamos indo.
As duas aceleraram o passo em direção à academia. O lugar estava em movimento constante, com as demais atletas se movimentando em um ritmo coordenado. As duas chegaram eufóricas e desengonçadas, indo cada uma para os aparelhos de suas designadas séries, que por sorte do destino, ficavam lado a lado.
— Vai, continua!
— Continuar o que?
— Ué, a história?
— Ah, claro. Mas não tem muito mais o que eu falar. Ela só mandou aquela mensagem estranha, sem pé nem cabeça. Não sei nem como responder! — A mais velha comentou, uma careta engraçada surgiu em seu rosto.
— Meu Deus, a carne realmente só cai no prato do vegano! — foi a vez da mais nova, brincando e arrancando risadas de algumas jogadoras próximas que se distraíam com a conversa.
Nina balançou a cabeça, se juntando às risadas.
— Depois dessa bomba você tava é precisando de uma daquelas "trends românticas" da Renata! Vai que você encontra alguém interessante! — Nina implicou enquanto movimentava as mãos.
— Uhum, só não se esqueça que você também faz parte das solteiras da seleção, viu? — Gabriela provocou com um sorriso travesso. — E sabe quem mais? Sua querida Julia!
A capitã foi correspondida quase instantaneamente por um revirar de olhos.
— Ai Gabriela! Licença, né? Não pode dar uma brechinha pra vocês, te contar, viu?! — Resmungou Nina, terminando seu exercício e se distanciando da parceira, que ria de sua reação.
Enquanto Nina se afastava de Gabi e se concentrava em seu próximo exercício, seus pensamentos inevitavelmente voltaram para Julia. A relação entre elas sempre fora complicada. Desde o início, havia uma tensão palpável, uma mistura de rivalidade e algo mais que Nina não conseguia definir completamente.
Ela lembrava de todas as provocações, os olhares e os momentos em que a ruiva parecia se importar, mesmo que fosse por um breve instante. Era difícil entender o que realmente se passava na cabeça da maior. Será que havia algo mais por trás daquela fachada de indiferença?
Nina suspirou, levantando o peso com um esforço concentrado. A dor no ombro ainda estava presente, um lembrete constante do incidente de um dos últimos treinos. Mas, mais do que a dor física, era a confusão emocional que a incomodava. Por que Julia tinha que ser tão difícil de ler? E por que ela mesma se importava tanto com o que a outra pensava?
Enquanto completava mais uma repetição, Nina tentou afastar esses pensamentos. Precisava se concentrar no treino, no objetivo maior: as Olimpíadas, que estavam a apenas duas semanas de distância. Apesar de, no fundo, saber que resolver a questão com Bergmann era essencial para ela e para o sucesso do time. A rivalidade entre elas não podia continuar a atrapalhar.
Talvez fosse hora de tentar algo diferente. Talvez tentar entender Julia? Quem sabe, por trás de tanta competitividade, houvesse alguém tão confusa quanto ela.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Tie-break • Julia Bergmann
FanfictionOnde Julia Bergmann e Nina Miyazaki, duas das mais renomadas e talentosas jogadoras da SFV, são convocadas para as tão sonhadas Olimpíadas de Paris 2024. No entanto, seus maiores desafios não se limitam apenas aos jogos, mas à intensa rivalidade que...