Love In The Dark

8

Mia

Quase.

Quase não me veem.

Quase posso voltar ao meu quarto.

Quase!

Malcom é o primeiro a me notar, ele acena leve e rapidamente em minha direção continuando a comer e mexer em seu celular assim que finaliza o movimento sútil, seguido por Denzel e... Leah? Desde quando? Eu conheço a garota por praticamente toda a minha vida, estudamos juntas, ficamos juntas em várias aulas e trabalhos em grupo, mas nunca fomos próximas. Lembro muito bem da primeira e única vez em que me convidou a ir até sua casa para um trabalho de História, até nos imaginei amigas, sua mãe a chamou na cozinha e mandou que inventasse algo para que eu fosse embora de sua casa, depois disso, apenas dividíamos e juntávamos as partes dos nossos trabalhos, na escola e por e-mail. Então porque infernos, Leah, a garota número um da nossa sala está no colo de Denzel? Por que a garota certinha está aqui? Com um dos meus bully e marginal?

— Oi, Mia! — me cumprimenta envergonhada. Aceno minha mão.

É, não é um pesadelo.

— Oi, Leah! Bom dia! — por algum motivo, devolvo com vergonha também.

Então, me recrimino, não tenho do que me envergonhar e certamente de que não é da minha conta. Vou até o armário, para os cerais. Eu precisava ir até o supermercado repor minha comida e encontrar um emprego. Não seria fácil, mas nada difícil se eu desse a entender que Dick ficaria muito chateado em eu não conseguir nada em alguma das lojas ou lanchonetes na cidade. Talvez até mesmo no mercadinho que costumo ir, o pessoal daqui não costumam dar as caras por lá. Seria bom me manter longe desse lugar por algumas horas, agora que não tem mais o colégio nem o Dick, seria o melhor para minha integridade física e o que restou da mental e moral. Se é que sobrou algo dos últimos dois, o que duvido, mas quem sabe fingir não torne a coisa real? Funcionava com a coisa da submissão.

— Bom dia! — devolve após bons segundos.

Me sirvo e estou pronta para continuar a ignorar Tristan, a conversa que ouvi duas noites atrás ainda ronda minha mente. Eu poderia acusar Fanny de estar muito doida, mas então eu também estaria. No entanto, não é tão fácil. Pulo no lugar quando o barulho alto de um copo sendo batido com tudo, soa da ponta do balcão. Meus olhos vão para lá, mesmo que eu não queira, assim como dos outros.

— Qual a merda? — Denzel questiona ao amigo, Tristan.

Com seus olhos ainda no celular, o responde:

— Carga.

É sua única resposta.

Isso bate certo para Denzel e Mal, até para mim, sendo sincera. Logo os outros dois homens estão raivosos também.

— Aí, Realeza, ajuda a Leah — atira boas notas de dinheiro, presos por um elástico em minha direção. Meu reflexo é muito bom. Tristan é o segundo a estar de pé, no mesmo instante em que Denzel se despede do que parece ser sua mais nova namorada com um grande beijo, que tira risinhos de Mal, e enquanto desvio o olhar, encontro com o dele. Tristan, me encara e então marcha para fora da cozinha e casa — Diga ou faça alguma merda para ela, e é bom que Dick esteja pronto para correr até aqui para tirar meu couro — me ameaça — Não demoro, baby! — promete a linda garota de cabelos escuros e cacheados.

— Bom dia para você também, Denzel! — rebato. Ele ergue o dedo do meio, o retribuo.

Quando se vai, Leah e eu nos encaramos.

— Não vou a lugar algum sem antes tomar café — apanho minha tigela com cereais e me sirvo com leite — Também não vou dizer o que eles foram fazer, Denzel nunca trouxe as garotas dele para a casa grande, então, ele vai te contar e se der problema, quando der problema, será responsabilidade dele.