Love In The Dark

11

Mia

O silêncio é perturbador e minha mente deveria seguir o mesmo caminho, mas ao invés disso repassa cada segundo repugnante daquele beijo. Porra! Era meu primeiro beijo! Não deveria ter sido com aquele grande otário, nenhum beijo, na verdade. Que. Porra!

Que. Porra!

Que. Porra!

Que. Porra!

Corro de volta para o banheiro e esfrego meus lábios, já estavam inchados e doloridos de tanto que eu fazia isso, mas ainda sim era capaz de sentir os lábios de Tristan nos meus e sua língua batalhando para ganhar entrada em minha boca.

Mil vezes porra!

Desisto de tentar dormir e sigo nas pontas dos pés até o imenso quarto no fim do corredor. A primeira coisa que me bate, ao invés do grande quadro acima da cama, como um megalomaníaco pintado quase que como se o próprio Dick ainda estivesse ali sorridente sobre sua Mercedes vintage azul marinho, mas não é, seu cheiro vem sobre tudo em minhas narinas e me vejo inspirado mais do local, afim de ter mais uma boa inalada do aroma familiar e... reconfortante. Me recrimino mentalmente, porém, continuo a fazê-lo.

Encostada na porta fechada, me arrasto até o chão e abraço meus joelhos. As lágrimas batalham para abandonar meus olhos, mas não permito, as sufoco como o monte de coisas que tenho enterradas aqui dentro, soterradas no grande cemitério que minha mente e coração se tornaram. O desgraçado do Dick, deveria ter deixado Tristan acabar comigo ou ao menos garantir que sempre estivesse aqui comigo, para mim e não sendo um grande estúpido que cai em armadilhas. De repente, toda minha raiva muda de direção e os travesseiros estão jogados no chão, assim como os abajures ao lado da cama e possuo uma cadeira nas mãos, pronta para acertar o Dick quase real, quase.

Não é real.

Assim como minha raiva por ele não estar aqui deve ser.

...

Já deve passar das cinco da manhã quando desperto, meu corpo dói por ter dormido no tapete aos pés da cama de Dick e quase quero voltar para lá novamente, quando uma morena curvilínea sai sorridente do quarto do panaca. Tristan logo atrás. Eu quero vomitar!

— Te vejo mais tarde? — ela ignora totalmente minha presença, após me olhar da cabeça aos pés, assim como ele.

Me apresso até os dois.

— Ele não vai te ligar. E acredite, é o melhor para você. Agora se manda antes que eu te arraste daqui pelos cabelos — digo, não com raiva por ela, minha fúria está de volta aos trilhos certos — Preciso falar — aviso a ele, que ainda continua em silêncio, aparentemente bêbado.

Espero que tenha uma resseca dos infernos.

— Aqui, garotinha...

A garota bonita começa, mas já estou no quarto nojento de Tristan, assim como ele. Logo, está dentro também e a porta batida com força. Vou até a janela não só para puxar a cortina escura e pesada para possuir alguma luz, como para me ter afastada dele.

— Não me importo o que fará comigo, mas nunca mais me toque! Nunca mais me beije! — digo mais calma do que me sinto. E não me sinto nenhum pouco calma — Tem minha palavra, Tristan, acabo com você!

Seu silêncio só me dá mais irritação.

— Por que porra Malcom foi até seu quarto? — finalmente quebra o silêncio.