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Mia


Eu não o faço!
Eu não o fiz!
Eu não o matei!

Suspiro.

Desperdicei minha única chance!

Mamãe não estaria nada orgulhosa de mim agora, se bem que matar Tristan em seu sono e com todo o restante da situação, seria como um homicídio-suícidio, então, ela não ficaria chateada comigo.

E, não duvido nenhum pouco que não tenha sido alguma espécie de teste.

...

Meus olhos ardem e por pouquíssimos
segundos tudo fica escuro, para então bater sobre o maldito do Tristan, ele ainda dorme como se não houvesse sido baleado e quem quer que seja, está aí querendo terminar o serviço. Como diabos isso aconteceu? Quem fez isso? Será que a mesma pessoa que espancou o grandalhão do Dick? O traíra está fazendo isso por conta própria ou contratando alguém? Sozinho não deve estar, isso é fato! Seria muita sorte para isso.

— Que horas são? — a voz rouca pelo sono de Tristan, me puxa para fora dos meus pensamentos. Seus olhos estão miúdos e preguiçosos, e seus fios escuros uma louca bagunça.

Suspiro e fico de pé.

— Sete e quarenta e cinco — o respondo — Posso ter minha cama agora?

Além de querer, preciso dormir.

Antes sentado, logo está em pé como eu. Seus músculos são tão expostos quanto suas tatuagens. Desvio o olhar.

— Não. Desça, me traga comida e veja o que falam sobre minha ausência. Seja cuidadosa, Princesa, não quer que eu te atire pela janela da masmorra — ameaça.

Respiro fundo.

— Tem comida no baú — aponto com o queixo para o baú que possuo ao fim da minha cama — E no frigobar também. Pode levantar suspeita se eu trazer comida lá debaixo — ele não diz nada, caminha até o baú, dou um passo para trás ainda que não fôssemos ficar tão próximos. Mesmo que Tristan tenha o péssimo hábito de invadir meu quarto, aqui ainda é meu lugar seguro. Ele nunca fica tanto tempo. Tristan tem que sair! Já passou da hora, o bicho-papão só vem á noite — Quando você vai sair daqui? — pergunto, temendo uma reação sua, mas não me importando tanto. Apenas quero meu cantinho só para mim!

Abrindo um dos sacos de pães que mantenho ali, caminha até o frigobar, apanha queijo e se serve.

— Á noite, assim como eu disse que faria. Vou enviar mensagem dizendo para organizarem uma festa. Não irão perceber quando eu chegar.

Assinto.

Talvez não fossemos sermos mortos tão rápidos pelo traíra. Parte minha, aquela em que mamãe sempre me dizia para sobreviver, vê isso como uma boa coisa, mas a outra parte, aquela que não aguenta mais isso e não possui muita ou nenhuma esperança, só quer ser atingida de uma única vez. O golpe final após muita tortura. Afinal de contas, eu não era tão ruim ao ponto de não merecer um golpe de misericórdia não, é?

— Falou com a enfermeira? — não obtenho uma resposta, e isso não tem nada a ver com fato do Tristan estar devorando o segundo sanduíche — Nós vamos acabar como o Dick ou pior — não sei porque digo em voz alta, mas está aí, solto e sem retorno.

Ele engole.

— Pior não — concorda — Não vou deixar, nem você, por mais que queira fugir — isso me surpreende. Mesmo que sabendo a respeito do seu conhecimento sobre isso, eu sempre vou tentar sobreviver, como um camaleão, que se adapta, mesmo que não seja confortável, basta significar que estou respirando. Se tem algo que aprendi para valer com mamãe, foi essa maldição. Sobreviver não era viver e eu queria isso, por mais que também queria meu golpe de misericórdia — Está no seu sangue não, é? Aqueles filhos da puta te ensinaram bem — finaliza cheio de rancor, uma ódio profundo e grandioso.

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