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Mia

Finalmente sou chamada para fora do quarto! Uma semana se passou e não desobedeci, Tristan por momento nenhum, mesmo quando os pacotes de salgadinhos e biscoitos que tinha no quarto chegaram ao fim, no almoço de ontem. No entanto, assim que estou pronta e com os dedos enrolados na maçaneta meu alívio desaparece. O que ele quer comigo? O que Tristan vai fazer ou deixar que façam comigo? Respiro fundo e giro a coisa saindo dali. Nada adiantaria sofrer antecipadamente. Tristan, me faria mal comigo lá embaixo ou aqui.

O silêncio do extenso corredor e a pouca iluminação torna tudo mais assustador, ainda faltava pelo menos uma hora para o sol aparecer por completo e o dia invadir a penumbra, a grande maioria deveria ter acabado de ir dormir, então isso explicava o silêncio e escuro. Puxo meu celular e antes de ativar a lanterna, verifico se não há mais alguma mensagem além da que Tristan, me enviou para ir até a cozinha, releio a última que Dick realmente me enviou e bloqueio a tela quando meus olhos se enchem de lágrimas, de nada isso adiantaria. Eu só o queria de volta. Era ruim com ele, pior sem ele.

É isso.
Apenas isso!

—... O desgraçado mal pôde acreditar no que estava acontecendo... — Lion diz e rir, mesmo antes de eu vê-lo, sei que é ele — Ei, Realeza! — cumprimenta quando me notam.

Lion, Denzel, alguns pares dos outros rapazes e Tristan, estão ali, espalhadas pela grande e equipada cozinha, suados e sujos com sangue. Nada exagerado, mas ainda era sangue, e dificilmente deles e ainda mais difícil, que as pessoas de quem eles tiraram, estejam vivas para contar história como Lion faz.

— Cozinhe — Tristan ordena e isso me faz levar meu olhar para ele, sua camisa preta se agarra muito ao seu corpo e não tem nada a ver com o fato dele possuir tantos músculos. Meu bicho-papão particular, é quem mais possui sangue — Depois lave nossas roupas.

Risos soam pelo lugar.

Controlo minha respiração.

Quero que ele fique encharcado no próprio sangue.

— Sim, Tristan!


(...)

Me jogo completamente exausta no sofá da sala de estar, gemendo de alívio quando a coisa macia abaixo de mim, suporta e afunda levemente com meu peso, minha coluna, pernas e pés gritam de alívio e quando abro os olhos após apreciar esse pequeno paraíso apanho o controle de uma tevê que colocaram ali, havia uma sala com uma tela muito maior há algumas portas dali, mas eu não me moveria daqui por isso.

A iluminação que vem do aparelho preenche a sala e o som reverbera em uma altura ensurdecedora de um filme animado, me apresso em diminuir e aproveitar o que é exibido por bons minutos em paz, até que a porta bate e o perfume extremamente doce e forte de Fanny, chega até minhas narinas. Seus dedos de unhas longas e cintilantes desligam a televisão primeiro que eu, quando arranca o controle de minhas mãos.

— Você é mesmo uma menininha, não é? — fecho brevemente meus olhos em busca de calma.

Me levanto e é quando ouço sons de passos.

— Como posso me esquecer do pênis que você tem entre o meio das suas coxas? — arqueio uma das minhas sobrancelhas.

Isso enfurece Fanny e já posso sentir minha bochecha queimar. Ela ama minhas bochechas, por isso me apresso para longe dela.

— Sua pequena vadia, vou acabar com você! — ameaça vindo até mim, que me apresso mais ainda e esbarro em alguém. Oh, merda! — Tristan, essa cadela está me provocando! — mente.

Tristan, me empurra para longe dele, eu tropeço em meus pés, mas não chego ir ao chão.

— Você começou! — digo apenas para não ser apontada como uma maldita covarde, mais do que já sou.

Tristan suspira, enfurecido. Sua cara — infelizmente — linda, em uma expressão raivosa. Normalmente, ele é apenas azedo.

— Calem a porra de suas bocas!

Fanny morde sua raiva e fica calada. Nem mesmo transar com Tristan garante que ela o tenha de bom humor, quando ele está fervendo de raiva, mesmo se não fosse por ela sua fúria.

— Tem mesmo um pênis, Fanny? Será que é maior que o do D.? — Lion, que está ali perto, pergunta e rir logo em seguida.

Denzel e Mal, o seguem.

— Vou acabar com sua raça! — Fanny ameaça entre dentes.

Empino meu queixo e cruzo os braços.

Merda!

Oh, grande merda!

— Vamos ver o que Dick diz sobre isso quando nos falarmos hoje a noite — retruco.

Oh, porra! Não tem Dick nenhum e quando descobrirem, estou tão mais fodida que normalmente estou. Fanny, olha-me mortalmente, porém se cala, mas fazendo menção de vir até mim, até respira fundo e se para.

— Trailer — Tristan aponta para ela, que o olha sem acreditar e sai pisando fundo em seguida. Depois, o grande babaca, se vira para mim. Não posso usar o Dick, ele sabe que não tenho mais o Dick. Tristan caminha até mim, agarra mechas do meu cabelo e puxa-me até ele. Barulhos dolorosos saem em um som baixo direto da minha garganta — Meu humor está péssimo, sua merdinha esnobe, então desapareça da porra da minha frente antes que eu faça isso por você e foda-se que Dick vai perder a puta premium dele.

Em minha mente, o soco que dou em Tristan, energiza toda minha alma.

Engulo seco.

Ele, empurra-me outra vez para longe, dessa vez, alcanço o chão com todo o meu corpo. Mal é o único que não sorrir enquanto me observa ali, caída e humilhada. E talvez, por não ter esperança que Dick volte, não respondo o de sempre. O "Sim, Tristan!", é substituído.

— Vá se foder! Você e a porra do seu péssimo humor!

É como se tudo congelasse. O tempo para! Nós paramos! Até desaprendo a respirar. Os sorrisos somem com mais rapidez do que surgiram e a surpresa estampa seus rostos de tal maneira que poderia não ser real. Então, descongelamos.

— O que disse? — Tristan quer saber, talvez seja um delírio dele, meu, nosso — O. Que. Disse? — repete, vindo até mim, se abaixando até ter seu rosto próximo ao meu, sua respiração quente e raivosa batendo em meu rosto.

— Exatamente o que ouviu — de novo ele não pode acreditar, mas então, um lento e assustador sorriso vai surgindo. Não por ser feio, mas por ser um ato estranho vindo dele. A mão de Tristan se ergue e apenas por reflexo, me encolho — Toque em mim e corro para o Dick — é um blefe que ele sabe, porra, ele malditamente sabe e bem mais que eu, já que não tenho notícias do homem por trás do assassinato da minha mãe e quem me criou desde então, ainda que de seu jeito torto e totalmente errôneo. Dick poderia estar morto agora — Me machuque e vamos ver o que acontece antes dele se foder — insisto. Teria tempo, Tristan está em um grau ainda mais elevado de fúria, mas não vai estragar tudo por mim — Afinal de contas, tem que haver algum prêmio por ser a puta premium do verdadeiro chefe!

E é assim que se cava uma cova.

A própria cova!

A grande mão de dedos longos de Tristan, encontram meu rosto. O primeiro toque traz calafrios há minha espinha e quando se afundam em minhas bochechas, a dor irradia por toda minha mandíbula. Seus olhos frios penetram os meus e só aumenta a onda de frio aterrizador que percorre todo meu corpo.

— Não vale a pena, cara — Denzel puxa com a ajuda de Mal, Tristan para longe de mim.

— Vá se esconder lá em cima, Realeza — Lion ordena. Tristan em silêncio, me engolindo com suas orbes escuras, dois poços fundos, escuros e perigosos. Nunca me movi tão rápido — TRANQUE BEM A PORTA, PARA O LOBO MAU, NÃO TE PEGAR — grita e começa a uivar.

Eu faço exatamente isso. Em seguida, apanho todas minhas economias e joias.


Votem e comentem bastante 💜

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