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Mia

Meus colegas recebem sorrisos, palavras orgulhosas e abraços apertados de seus familiares e amigos, ao contrário de mim, enquanto vamos aos empurrões descendo do palanque, eu apenas deixo que a multidão que acabou de se formar, me levem juntos. Ninguém me dirige palavra alguma e se não fosse a alegria e alívio, eles não ousariam encostar em mim. Ninguém mexia com a garotinha de Dick, bom, não aqui.

Só para não deixar passar em branco desbloqueio meu celular de tela rachada, cortesia de Fanny e registro o momento, faço uma selfie e paro uma senhora que gentilmente tira uma foto minha, depois vejo o motivo dela não ter saído correndo, o que deve ser seu neto diz quem sou e ela me olha assustada, e saem o mais rápido possível dali. Suspiro e caminho até a minha caminhonete. Haveria uma festa da qual até que fui convidada, mas eu não iria.

Não tinha um bom histórico com festas.

(...)

Denzel, um dos rapazes de Dick, me empurra um buquê de margaridas assim que estaciono o carro e estou para subir os degraus da casa principal, onde vivo, na grande fazenda no topo da cidade e quase uma hora dela.

— Dick mandou mensagem , não sabe quando volta. Mandou parabéns e que escolha um presente — me dá o recado.

Eu assinto.

Não tentava mais ser educada com ele ou qualquer outro. Todos aqui me odiavam ou evitavam até a morte, há menos que Dick mandasse falar comigo. Ele até tinha pedido que alguns se tornassem meus amigos, mas não deu certo e com o tempo, ele parou.

Todos ouviam o Dick, mas não era só Dick que mandava no lugar e todos também ouviam o outro, ás vezes ainda mais. Sorte de Dick, que Tristan não tinha a intenção de lhe roubar o trono, até fazia sentido.

Isso viria para ele, cedo ou tarde.

— Ele está bem?

Denzel revira seus olhos claros para mim.

— O que acha, Docinho? — diz o apelido que Dick me deu naquela noite, com desdém.

Aperto o buquê, não por raiva, e sim medo, mas tinha que fazer.

— Se eu soubesse não perguntaria. Então como ele está? — uma gargalhada irrompe do alto da escada.

Lion.

Eu nem sabia se esse era seu nome mesmo, mas o homem era o único que ainda agia como se a vida não fosse só uma merda sem fim, o problema que normalmente Lion, era mais como um corvo, adorava as carniças.

— Responda a garotinha do chefe, Denzel, ou quer ser castigado? — ele zomba, esse tipo de fala dele já havia me posto em encrenca.

Ele era o debochado e as pessoas agiam como se fosse eu quem falasse ou ordenasse.

Denzel me olha com muita raiva.

— Se você contar mentiras, vou fazer que se tornem verdades — me ameaça.

Viu?

— Só quero saber se Dick está bem, Denzel — engulo seco, o meu orgulho — Por favor.

Era além de estranho como eu realmente me preocupava com Dick. A síndrome de Estocolmo batia forte aqui. O homem era responsável pela morte da minha mãe e Patrick, responsável por eu viver com pessoas que não gostam nem um pouco de mim e não fazer muito contra isso. Dick não os deixava exagerar, mas fazia vista grossa para algumas brincadeiras, acho que também era sua maneira de ainda se vingar de mamãe e meu padrasto, pelo o que eles fizeram. Continuava sem saber detalhes e olha que tentei tê-los, mas não descobri além do que já sabia, eles os roubaram, mas havia bem mais que só isso.

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