Resquícios de Silêncio

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Pov Hana

O som do chuveiro ecoava pela sala vazia, a água escorrendo pela minha pele, mas não era o suficiente para lavar a confusão que ocupava minha mente. O silêncio da base era sufocante, e, pela primeira vez em muito tempo, eu não conseguia me concentrar apenas na missão.

So Mun. Sempre ele.

A maneira como ele me olhou depois da luta, aquele olhar... Havia algo não dito entre nós, algo que eu estava fugindo há muito tempo. Eu sabia que estava sendo covarde, mas não podia lidar com isso agora. Não com tudo o que estava em jogo.

Lembrar do que ele disse no telhado ainda fazia meu coração acelerar de uma maneira que me deixava desconfortável. Ele disse que eu significava mais para ele do que estava disposto a admitir, mas... E eu? O que eu sentia?

Suspirei, desligando o chuveiro e me secando. Era inútil tentar fugir disso. Cada vez que tentava, acabava me arrastando de volta para o mesmo ponto. Eu sabia que não conseguiria evitar So Mun para sempre.

Me vesti rapidamente e saí do banheiro, determinada a encontrar algum tipo de distração. Talvez treinar um pouco ajudasse. Quando me dirigia para a sala de treino, ouvi vozes na sala principal. Era ele.

Parei por um momento, meu corpo congelado. Eu podia simplesmente passar direto, ignorar tudo, mas sabia que isso não ajudaria. Respirei fundo e entrei na sala.

So Mun estava no sofá, conversando com Seok e Joo-Yeon, mas quando me viu, ele parou. Nossos olhares se cruzaram, e o silêncio entre nós voltou com força total. Seok e Joo-Yeon, percebendo a tensão, se levantaram rapidamente.

"Vamos, temos que verificar o sistema de segurança," Seok disse, puxando Joo-Yeon consigo.

So Mun ficou parado, claramente desconfortável, mas eu me aproximei dele. Não dava mais para fugir disso.

"Precisamos conversar," disse, minha voz mais firme do que eu imaginava.

Pov So Mun

Eu sabia que esse momento ia chegar, mas não achei que seria tão rápido. Quando Hana entrou na sala e disse que precisávamos conversar, meu estômago revirou. Eu tinha imaginado mil maneiras de como essa conversa aconteceria, mas, agora que estava diante dela, tudo parecia errado.

Assenti lentamente e me levantei do sofá, indicando para que fôssemos para um lugar mais privado. Ela me seguiu até uma das salas de treino, o som de nossos passos ecoando no chão.

Fechei a porta atrás de nós, virando-me para encará-la. Hana cruzou os braços, seu olhar frio, mas eu sabia que era uma fachada. Ela estava tão nervosa quanto eu.

"O que você quer dizer com tudo aquilo no telhado?" Ela foi direto ao ponto, como sempre. "Você disse que eu significava mais para você. O que isso quer dizer, Mun?"

Eu sabia que essa pergunta viria, mas mesmo assim meu coração bateu mais forte. Não havia mais como evitar. Eu precisava ser honesto, mesmo que isso complicasse tudo.

"Eu... Eu sinto algo por você, Hana. Algo que vai além de apenas companheirismo de equipe." As palavras saíram em um sussurro, e eu vi os olhos dela se arregalarem brevemente, antes de ela recuperar sua compostura. "Eu não queria que isso atrapalhasse nosso trabalho, mas não dá para negar. Eu me importo com você de uma forma que nunca senti por ninguém."

O silêncio que se seguiu foi insuportável. Hana me olhou por alguns segundos, e então soltou um longo suspiro, descruzando os braços.

"Isso não pode acontecer, Mun," ela finalmente disse, a voz dela mais suave, mas ainda carregada de tensão. "Nós não podemos nos dar ao luxo de ter distrações agora. O que fazemos é perigoso, e qualquer erro pode nos custar caro."

Eu sabia que ela tinha razão, mas isso não tornava a situação mais fácil de aceitar. "Eu sei disso, Hana. Eu sei. Mas não dá para simplesmente ignorar o que está acontecendo entre nós."

Ela ficou em silêncio por mais alguns instantes, os olhos fixos no chão. Eu podia ver que ela estava lutando com os próprios sentimentos, assim como eu.

"Você acha que não estou lutando contra isso também?" Ela perguntou de repente, me pegando de surpresa. "Eu... Eu também sinto alguma coisa, Mun. Mas isso não muda o fato de que não podemos nos permitir distrações agora. Eu não posso."

Eu fiquei ali, sem palavras, absorvendo o que ela acabara de dizer. Ela também sentia algo por mim. Isso, por si só, deveria ser suficiente, mas o fato de ela estar tão determinada a não deixar isso nos afetar tornava tudo mais complicado.

Antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, ela se aproximou de mim, parando a poucos centímetros de distância.

"Vamos manter o foco, Mun," ela disse, baixinho, a voz tremendo levemente. "Por favor."

Eu assenti, sabendo que, por mais que quisesse algo diferente, tinha que respeitar a decisão dela. "Tudo bem, Hana. Vamos manter o foco."

Ela deu um pequeno sorriso triste antes de sair da sala, me deixando sozinho com meus pensamentos.

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Continua...

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