Os anos avançaram, trazendo uma sombra sobre o reino, enquanto o Rei Jaehaerys I Targaryen enfrentava uma crise sem precedentes. O velho rei, que reinara por tanto tempo e trouxera prosperidade a Westeros, agora estava fragilizado pela idade e pelas perdas familiares. As tragédias que se abateram sobre sua linhagem ameaçavam a continuidade da Casa Targaryen no Trono de Ferro. Jaehaerys perdera seus filhos favoritos - Aemon e Baelon -, e a questão da sucessão ao trono tornara-se um dilema impossível de ignorar.
Era um tempo de incertezas e ambições. A morte de Baelon, o Príncipe da Fortaleza Vermelha, em 101 d.C. deixou o reino sem um herdeiro claro. O futuro da dinastia estava em jogo. A corte murmurava, e as grandes casas de Westeros começaram a se posicionar, cada uma com seus próprios interesses, na expectativa de que o Rei Jaehaerys tomasse uma decisão definitiva.
Jaehaerys I ofereceu o trono a seu filho Vaegon, mas o sem dragão recusou. Vaegon, imerso em seus estudos, não desejava o fardo da coroa. Com sabedoria, sugeriu ao pai que convocasse o Grande Conselho de 101 d.C. para decidir a sucessão. Jaehaerys, reconhecendo a prudência do conselho, chamou os lordes de Westeros para escolher seu sucessor.
As forças que se alinhavam para o Conselho eram diversas, e os nomes que surgiram como pretendentes ao trono criaram uma disputa intensa. De um lado, Laenor Velaryon, que por força do preconceito de Westeros, representava sua mãe, Rhaenys Targaryen, a "Rainha Que Nunca Foi", filha de Aemon Targaryen, clamava seu direito de herança, carregado pelo nome de seu filho, por ser a descendente mais velha. Ela tinha a seu lado poderosos aliados, como a Casa Velaryon, através de seu marido, Corlys Velaryon, o Senhor das Marés.
Por outro lado, havia Viserys Targaryen, o filho de Baelon, que, embora mais jovem, tinha o peso de sua ascendência masculina. Ele era apoiado por muitos na corte, inclusive por boa parte da nobreza de Porto Real, que, silenciosa, observava os movimentos políticos com grande interesse.
Além desses dois nomes principais, havia outras figuras menores que tentaram reivindicar o trono ou influenciar as decisões, como os filhos de Daella Targaryen, ou até Daemon Targaryen, o irmão de Viserys, que era conhecido por sua ousadia e desprezo pelas convenções tradicionais. Todos esses pretendentes queriam moldar o futuro do reino de acordo com suas ambições pessoais.
A situação exigia uma decisão rápida e, acima de tudo, uma decisão que mantivesse a paz. Sem um herdeiro claro, o reino poderia ser mergulhado em uma guerra civil. Jaehaerys sabia disso. Ele sabia que o caos estava à espreita e que, se não agisse, Westeros enfrentaria uma nova era de sangue e fogo. Foi por isso que, em um ato de sabedoria e desespero, ele convocou o Conselho de Harrenhal.
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Harrenhal, a maior fortaleza dos Sete Reinos, era um lugar que carregava um peso simbólico. Suas ruínas grandiosas, castigadas pelo tempo e pelo fogo de dragões, representavam o poder efêmero e destrutivo das grandes ambições. Ali, nos imponentes salões de pedra, os lordes de Westeros se reuniram, convocados pelo rei. Era um chamado que nenhum deles podia ignorar, pois o futuro do reino dependia da escolha que seria feita.
A atmosfera em Harrenhal era de tensão palpável. A chegada de lordes e cavaleiros, de todas as regiões de Westeros, trouxe consigo uma carga de intrigas e negociações em segredo. Cada casa, cada família, tinha algo a ganhar ou perder com a decisão que seria tomada. Baelys Targaryen, jovem e ambicioso, também se encontrava entre aqueles que buscavam seu lugar na história. Apesar de sua juventude, ele já havia forjado alianças com os Tyrells e algumas casas menores das Terras da Tempestade. Ele sabia que sua reivindicação ao trono, embora ousada, não seria ignorada facilmente.
Quando o Conselho começou, as discussões fervilhavam. Os lordes e meistre debatiam as reivindicações com uma seriedade quase sombria. A tradição enfrentava a mudança; o sangue enfrentava o mérito. Os apoiadores de Rhaenys argumentavam que ela, como descendente direta de Aemon, tinha o direito legítimo de herdar o trono. "Não há sangue mais puro que o seu", diziam os Velaryon, orgulhosos e poderosos, com seus navios e riquezas.
Por outro lado, os apoiadores de Viserys apontavam para a linha masculina como o fator decisivo. "A linhagem dos homens deve prevalecer", afirmavam, e Jaehaerys, que ele próprio ascendera ao trono por causa dessa tradição, parecia inclinado a concordar. A rainha Alissanne, sempre astuta, mantinha-se ao lado de Viserys, acreditando que o jovem príncipe era o mais adequado para a coroa.
O jovem Baelys, observando as discussões, sentia o peso da política esmagando suas próprias ambições. Ele sabia que seu pai, Veigon, não o apoiava. Sabia que, sem o peso de sua linhagem direta e sem um número suficiente de aliados poderosos, suas chances de reivindicar o trono eram poucas. Mas ele estava determinado a se fazer ouvir, a lutar por seu lugar na dinastia Targaryen.
Quando o momento finalmente chegou, Jaehaerys, cansado e abatido, subiu à frente da assembleia para anunciar sua decisão. Todos os olhos estavam voltados para o Velho Rei, que segurava nas mãos o futuro de Westeros. Havia silêncio absoluto em Harrenhal, enquanto o rei fitava os lordes e lordas com um olhar pesado, carregado por décadas de reinado.
"Viserys será meu sucessor", anunciou Jaehaerys com voz firme, cortando o silêncio como uma lâmina afiada. "Ele governará após minha morte, como foi determinado pela vontade dos deuses e pela continuidade de nossa linhagem."
Um suspiro coletivo pareceu atravessar o salão, e os murmúrios começaram a se espalhar como um fogo lento. Alguns lordes baixaram a cabeça em aceitação, outros trocaram olhares de desaprovação, e os apoiadores de Rhaenys ficaram em silêncio, suas ambições agora esmagadas pela decisão do rei. Baelys, por sua vez, sentiu sua chance escorrer por entre os dedos. Seu pai, Vaegon, o observava à distância, impassível como sempre.
A decisão de Jaehaerys havia selado o destino do reino. Viserys seria o próximo a sentar-se no Trono de Ferro. Mas aquela decisão não traria paz. Ela apenas plantaria as sementes para uma nova tempestade - uma tempestade que traria o reino à beira da destruição.
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O Herdeiro do Fogo: A Saga de Baelys Targaryen
FantasíaDedicado a narrar a vida do herdeiro do fogo, Baelys Targaryen, que com seu dragão Lyrax ao seu lado, ele atravessa o mundo de Westeros, lidando com traições iminentes e o fardo de um nome que carrega a história de conquistas e destruição. Créditos:...