A HERDEIRA OCULTA - H.G

PRÓLOGO

O céu nublado de Londres dava um ar sombrio ao velho orfanato, cujas paredes de tijolos desgastados testemunhavam décadas de histórias não contadas. Alvo Dumbledore, com suas vestes azuis que reluziam suavemente à luz da tarde, aproximou-se da entrada com passos firmes e decididos. Ele sabia que essa visita era especial, e não apenas porque estava diante de uma criança que havia passado despercebida pelo mundo bruxo até então.

Ao entrar, Dumbledore foi recebido pelo diretor do orfanato, um homem com ares cansados e pouca simpatia. Ele o guiou por corredores estreitos, onde o ar parecia pesar com a tristeza das crianças que ali viviam. Finalmente, pararam diante de uma porta simples, com tinta descascada. O diretor bateu levemente e abriu a porta, revelando um quarto modesto, mas arrumado. No centro, uma jovem estava sentada à escrivaninha, com um olhar concentrado em um livro velho.

Ayla Ambrósio Gaunt levantou a cabeça ao ouvir o som da porta se abrindo. Seus olhos encontraram os de Dumbledore, e ele viu neles um misto de curiosidade e desconfiança. Algo nela chamava sua atenção, algo que ia além do óbvio. Ela era diferente. Ele sentiu isso no momento em que a viu.

— Ayla, este é o senhor Alvo Dumbledore — disse o diretor do orfanato, antes de se retirar apressadamente, deixando-os a sós.

Dumbledore se aproximou, um sorriso suave nos lábios, enquanto a jovem se levantava, observando-o com uma intensidade incomum para alguém da sua idade.

— Boa tarde, Ayla — cumprimentou Dumbledore, sua voz tranquila como uma brisa suave. — Meu nome é Alvo Dumbledore, e eu sou o diretor da Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts.

Ayla piscou, parecendo digerir lentamente as palavras do visitante. Havia ouvido falar de magia através dos sussurros, que ouvia e muitas outras coisas que aconteciam em sua vida sem explicações. Já tinha ouvido sobre lendas contadas pelas outras crianças para entreter. Mas ouvir isso de um homem real, ali, na sua frente, era outra coisa.

— Magia? — Ayla perguntou, com um tom que misturava incredulidade e esperança.

Dumbledore assentiu, observando a reação da menina. Ele já tinha visto muitos jovens receberem essa notícia, mas havia algo de extraordinário em Ayla. O Livro de Admissão e a Pena de Aceitação, que normalmente registravam os nomes dos futuros alunos na primeira manifestação de magia, só agora haviam escrito o nome dela. Isso nunca acontecia. A última vez que algo semelhante ocorrera, fora com um jovem que mais tarde se tornaria o professor Percival Rackham, o único aluno a ingressar em Hogwarts diretamente no quarto ano.

— Sim, magia — ele confirmou, com um brilho nos olhos. — Você recebeu uma carta de admissão para Hogwarts, e é minha responsabilidade ajudá-la nessa transição. Normalmente, recebemos nossos alunos quando eles completam onze anos, mas seu caso é especial. Você foi aceita diretamente no quarto ano, algo que é raro, muito raro.

Ayla olhou para o chão, pensativa, antes de finalmente perguntar:

— Por que agora? Por que não antes?

Dumbledore inclinou-se levemente, como se ponderasse a pergunta.

— Existem mistérios no mundo mágico que nem mesmo nós podemos explicar completamente, Ayla. Às vezes, a magia se manifesta de maneiras inesperadas e em momentos inusitados. O fato de seu nome ter sido escrito agora, e não antes, me intriga tanto quanto a você. Porém, isso também significa que você é especial. Mais especial do que pode imaginar.

Ele observou o rosto da menina, procurando por sinais de compreensão ou dúvida. Ayla parecia ser uma alma antiga, presa em um corpo jovem, com olhos que carregavam um peso e uma sabedoria que Dumbledore não encontrava facilmente. Havia algo nela que o fascinava — uma aura de potencial não revelado, uma força que parecia adormecida, mas prestes a despertar.