Dois

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002| Acaso.

Agosto.

Madrid , 2024.

Sentir aqueles meus gritos estrepitantes em todo apartamento e a multa não só viria para a batida de porta mas também como perturbação do sossego para meus vizinhos.

Empurrei o notebook novamente para o canto e me deitei com o olhar para janela , observando todo o céu estrelado , e a luz da lua que clareava todo meu quarto. Adormeci em meio a toda bagunça de roupas por cima da minha cama.

Escutei o despertador tocando em algum canto da casa pelo celular , mas meu corpo pedia que continuasse dormindo , como se estivesse em uma grande exaustão de semanas sem dormir direito.

Escorreguei da cama ao chão até me dar coragem de desligá-lo , e ainda estava na bolsa do dia anterior.

" Só mais dez horas de sono e estaria nova ".

Finalmente sair pisando em todas as coisas espalhadas , e desligou automaticamente descarregado quando  peguei , bufei jogando a mesa com o carregador; olhei o relógio e era exatamente nove horas da manhã , já tinha perdido dois horários do dia na faculdade.Tomei um banho quente , passei a mão por todas as roupas em cima da cama escolhendo alguma peça confortável para sair. Jeans preto e babytee não tinha erro, calcei meu velho allstar preto de guerra , e sair.

As ruas de Madrid estavam escuras , e o tempo em um cenário totalmente nublado , não era pesado , transmitia uma beleza em arte.

Parei para comprar um café , fotografando aquele cinza no céu sem nenhuma nuvem , compartilhei ao meu " story " do Instagram.

" Las nubes grises también forman parte del paisaje".

Era mais um dia típico , dessa vez um tanto que triste , sem minha família e sem meu almoço garantido, e essa não era a maior preocupação , e sim como sobreviveria sem eles, não obtive coragem para comprar a passagem e tirei a ideia usurpada de partir para Coreia só para encontrar a pessoa que me amou a dez anos atrás , e hoje deve está casada com uma família feliz e sem lembrar da minha existência, enquanto sigo morando sozinha, em um dilema de uma escritora totalmente fantasma , frustada no amor.

A faculdade estava lotada pessoas por todas as partes, e não era o público comum de todos os dias , parecia aqueles eventos de encontro de famosos , observei sem entender absolutamente nada.

" ZUKI!!!! "

Uma voz rouca gritou o meu nome ,virei-me.

Enrico.

Revirei os olhos e continuei andando ignorando sua existência, ainda estava com raiva, da sua atitude de tentar me ajudar sem saber o quanto me prejudicaria.

— Não vai esperar não? — perguntou Enrico caminhando ao meu lado.

— Já pedi desculpas , não foi proposital eu sei que era importante para você , mas eu não fui na intenção de te prejudicar. — tentou toda aquela adulação para as pazes serem feitas.

— Tá bem Quico! — conseguiu o que queria e me abraçou , olhei para ele arqueando a sobrancelha e logo me soltou, sabia que odiava contato físico.

" GENTEEEEEE "

" GENTEEEEEE "

Gritos repetidos em menos de segundos , virei para trás dessa vez com o Enrico e era a Antônia.

— Gente!!! — novamente disse o " Gente ".

— Desenrola ué... — já sem paciência adentramos à aula.Fazemos o mesmo curso e por isso não conseguia passar tanto tempo sem eles ou sem falar com eles.

Com amor: Zuki ( Park Ji-min )Onde histórias criam vida. Descubra agora