Capítulo 4 ☠

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Eu não entendo o porquê de tanta gente gostar de se exercitar. Tudo pra quê?... Pra ter um corpo em forma? Ou para garantir uma vida perto da eternidade?Algo que não faz muito sentido, tendo em conta a taxa de mortalidade.

Tecnicamente, 17% da população morre por doenças crônicas, sendo pessoas que cuidam da sua saúde com bastante cuidado, seguindo uma boa alimentação, se exercitando ao pé da letra, entre outros.

Muitos dizem que o exercício físico não mata, mas os resultados das compras de caixões e da falta de vaga nos cemitérios dizem outra coisa.

- Filho, foca na respiração e não fica atrás. - meu pai grita correndo todo animado, enquanto eu tento controlar o meu fluxo respiratório, para não ter um ataque.

- Pai, acho que deverias descansar um pouco. - digo com dificuldade, apoiando meu corpo em uma árvore do Hyde Park, sentindo meus pés mortos.

- Filho, acabamos de começar e já estás pior que uma idosa de 90 anos? - meu pai sorri divertido. - E estás me usando como desculpa para descansar? Não quero, obrigado! - o mesmo sorri, limpando meu suor do rosto com seu casaco de moletom azul.

- Isso é sério pai? Estamos correndo faz uma hora e meia. - resmungo, tentando fazer minha voz rouca sumir. - Já percorremos 15km e perdemos 750 calorias nesse tempo. - aponto no smartwatch em meu pulso com desespero.

- Querido isso não é nada, precisas cuidar da sua saúde e conquistar qualquer menina com esse corpo. - meu pai bate de leve em meus braços, mais animado que nunca.

- Nesse ritmo irei morrer aos 15 anos, de ataque cardíaco. - resmungo baixo para ele não ouvir, pego a pequena garrafa de água que carrego comigo, bebendo desesperadamente.

- Tá bom ganhaste... O que achas de mais 30 minutos correndo, para completar às 2h e depois treinar o ataque por 30 minutos? - cada palavra que saí da boca do meu pai, é uma facada no meu coração, que está prestes a explodir dentro de mim e borrar os outros órgãos.

- Não pai, estou exausto. - a brisa fresca passa por nós, bagunçando nossos cabelos, representando meu ódio pelo exercício físico. - Já são 8:30h da manhã! E tu me acordaste às 6:30h para treinar o meu foco, meus reflexos e as defesas dos ataques... depois, correr num pleno domingo. Piedade por favor pai - minha voz soa triste e mimada, sentindo que não irei conseguir dar nenhum outro passo.

- Tá bom querido. - meu pai desiste, abaixando no chão e virando suas costas para mim. - Vem cá, irei carregar meu bebê até em casa. - ele puxa-me pelos pés, fazendo forças para subir em suas costas.

- Eu não vou subir em suas costas pai. - digo envergonhado, olhando ao redor, me certificando de que ninguém está vendo essa loucura.

- Acho que exagerei mesmo... - ele se levanta, puxando as mangas do casaco. - É melhor ser no colo. - o mesmo sorri divertido, tentando me alcançar.

Por reflexo, corro o mais rápido que consigo, seguindo rumo até a nossa casa, com o meu pai sorrindo divertido, enquanto corre atrás de mim todo vitorioso.

Acabei de perceber que fui enganado... Meu pai queria me fazer correr com uma outra motivação, para cumprir os 30 minutos que ele tanto quis.

Eu ontem fiz o jantar, na esperança de que o meu pai fosse esquecer os treinamentos semanais, e deixar meu querido corpo descansar em paz. Mas já viram que o tiro saio pela culatra.

Fico feliz por finalmente avistar á minha casa, porque sinto que irei desmaiar, sentindo meus pulmões pesarem. De repente, mãos grandes agarram-me com facilidade para cima, dou um grito de susto e o meu pai sorri divertido.

Josh White: Por Trás dos Olhos Sombrios.Onde histórias criam vida. Descubra agora