S E T E

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Victória

Estava terminando de guardar a última caixa de legumes na dispensa, sozinha e com o plano de tomar um longo banho quente antes de me jogar na cama exausta quando Nathan entrou na cozinha.

—Preciso falar com você– disse antes que eu pudesse dizer qualquer coisa.

De repente senti o medo de ser pega conversando com ele subir pelo meu corpo, meu instinto foi olhar em volta para ter certeza de que não havia ninguém.

—Você não pode vir aqui– sussurrei nervosa.

—Claro que eu posso, é a minha casa– falou em um tom óbvio e eu odiei que ele tivesse razão.

—Certo, você pode, mas eu não posso estar falando com você. Por favor vá embora.

Ele estreitou os olhos em minha direção, e notei mais uma vez o belo homem que ele havia se tornado, Nate não passava mais aquele ar de adolescente rebelde descolado, apesar de ainda parecer rebelde e ainda ser descolado, afora ele exalava uma confiança muito maior, seu rosto havia amadurecido nos últimos 7 anos perfeitamente e a pinta de bad boy cai bem nele, não de uma forma brega e sim de uma forma naturalmente Sexy.

Desviei o olhar.

—Quem te falou isso? Que não pode falar comigo?– perguntou e eu não disse nada então concluiu sozinho– foi minha mãe né? Puta merda.

—Tá tudo bem Nathan, ela tem razão, e a última coisa que quero agora é causar mais confusão para nós dois, sua irmã vai se casar e não tô afim de estragar o clima de ninguém.

—Não vai, eu só quero falar com você, estou tentando fazer isso desde que cheguei ontem pela manhã, por favor Vic.

Mordi o lábio inferior ponderando a ideia de me arriscar, eu não deveria, mas...

—Aqui não– falei apenas e vi seu sorriso se abrir sutilmente contando vitória.

—Na praia? Agora!

Não sabia se era uma pergunta ou uma ordem, mas fechei a porta metalizada e gorda da dispensa e desamarrei o avental transformando meu uniforme em um vestidinho acizentado de mangas sem detalhe algum.

Passei por Nathan e segui em direção as escadarias. Tentei ser rápida e silenciosa, até parecia que estava prestes a cometer um crime, e talvez estivesse mesmo.

Da areia da praia segui até o luxuoso deque particular de madeira que beirava a estação de barcos dos Lancaster estrategicamente construído abaixo da montanha , era quase uma garagem de lanchas e um pequeno Iate, já que o maior eles mantinham em outro lugar que eu nunca soube.

Abracei o corpo para me proteger inutilmente do vento forte e gelado que jogava meus cabelos agora soltos.

Passei os olhos rapidamente pelo farol o vendo girar com sua luz forte e densa, depois foquei em Nathan que me encarava agora com um sorriso de canto de lábios.

—É bom ver você– disse.

—Nathan, se nos pegam aqui...

—Eu só quero falar com você, ver você, faz 7 anos Vic, não sabe o quanto senti vontade de voltar, senti saudades de você, eu não tinha como ligar você não tem telefone– Nathan desce o olhar até o volume do meu avental onde estava meu celular– pelo menos não tinha antes.

—Também senti sua falta – admiti.

Ele respirou fundo e continuou a me olhar. Comecei a sentir um arrepio subir pelo meu corpo e uma repentina timidez me dominar.

—Er...do que precisa Nathan? Disse que queria falar comigo– falei desviando os olhos dos olhos dele.

—Eu, na verdade, quero que saiba que eu não fui embora por sua causa, sei que se culpa.

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