Q U A T R O

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Ethan

Era estranho estar na mesa de jantar com a família de Nicole SEM a Nicole, esse era um fator que me preocupava, muitas das vezes ela só pensava nela mesma, e conseguíamos ter diálogos mais parecido com monólogos quase sempre.

No começo, quando eu soube da ideia do casamento protestei muito, me recusava a me casar se não fosse por amor, embora eu não saiba exatamente o que é o amor, nunca pensei nisso. Mas depois, talvez vencido pelo cansaço aceitei meu destino.

Eu decidi que me esforçaria para que nasça um sentimento, me permitiria, ainda era cedo demais para qualquer coisa, mas eu já conseguia identificar o lado bom e o lado ruim dela, e, se eu no fim conseguir ama-la apesar de qualquer coisa, então eu conquistei meu objetivo.

Uma coisa de cada vez.

Por hora, eu teria que sobreviver ao jantar constrangedor com John e Miranda Lancaster, somente três pessoas em uma enorme mesa.

—Então - John começou a falar enquanto cortava seu bife visivelmente mal passado – o que você faz exatamente na empresa da sua família Ethan?

Ele sabia a resposta, John Lancaster parece o cara de meia idade que mantém uma ficha de todas as pessoas que conhece em arquivos por ordem alfabética em uma gaveta cheia de pastas. Ainda mais se a pessoa vai balançar seu gráfico de ações brevemente.

Engoli a comida que mastigava lentamente antes de responder.

—Já fiz de tudo – falei– meu pai queria ter certeza que eu dominaria todas as áreas antes de eu decidir qual eu gostava e me identificava mais.

— Bom – ele sorriu satisfeito– e fez sua escolha?

—Sim, eu meio que gosto de estar no trabalho ativo, sou responsável pelo maior terminal de exportação que sai dos EUA para qualquer lugar do mundo. Controlo o embarque e desembarque de cargas nos navios– expliquei.

—É o que gosta de fazer?– perguntou quase que me desafiando a dizer sim– imagino que usar um capacete de proteção, um colete e ter os pés molhados o tempo todo deve ser divertido.

Soltei uma risada involuntária, apenas um resmungo da minha descrença, ele estava jogando comigo.

—Imagino que nunca tenha tirado a gravata para estar em um terminal de exportação antes senhor Lancaster– respondi e vi seus lábios se curvarem em um meio sorriso– não é assim que funciona exatamente, adoraria leva-lo para conhecer um dia.

—Vai ser um prazer– seu tom era divertido, ele estava adorando tudo isso.

—Oh, querido, vamos beber – Miranda se pronunciou notando a empregada entrar na sala de jantar com um carrinho de mão para servir as bebidas.

As atenções foram voltadas para o carrinho nas opções, mas a minha se fixou na mulher que o trazia, era ela de novo, Victória, testei seu nome algumas vezes em voz alta depois que ela deixou meu quarto mais cedo.

Notei também que sempre que a via sentia o clima do ambiente mudar, se aquecia, se tornava quase palpável. E mesmo que ela diga que não. Eu tinha absoluta certeza de que já a vira antes, e eu estava cada vez mais instigado a descobrir onde.

—Ethan?– Miranda chamou minha atenção, olhei para ela– o que deseja beber? Temos um vinho excelente de 67 anos.

—Aceito o vinho– respondi.

Com o sinal verde Victória se aproximou pegando a garrafa habilmente e se concentrando em despejar o vinho de forma correta na taça, enquanto ela focava em sua tarefa eu não conseguia parar de olha-la, a vi três vezes e essa é a que ela mais se aproximou, senti meus pelos da nuca se arrepiarem e meus batimentos começarem a acelerar gradativamente.

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