Capítulo 21

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Jennie Ruby Jane Kim

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Jennie Ruby Jane Kim


Seul-KR 07:00


Após o café da manhã, onde eu comi em um silêncio um tanto constrangedor, Lalisa e eu nos acomodamos no sofá da sala. Eu me sentei com um travesseiro nas pernas, tentando não pensar na tensão que ainda pairava no ar. Lalisa se acomodou ao meu lado, seu olhar ainda atento e quase penetrante.

Ela parecia tranquila, mas eu podia sentir que algo estava prestes a mudar. Eu precisava saber o que estava escondido por trás de toda aquela elegância e mistério.

"Então," comecei, tentando manter a voz firme apesar da ansiedade, "precisamos conversar."

Lalisa me olhou, seus olhos brilhando com uma curiosidade contida. "Sobre o que, exatamente?" Perguntou ela, a voz suave, mas com um tom que eu não conseguia ler completamente.

"Sobre você," respondi, segurando seu olhar. "Sobre o que você realmente é."

Houve um momento de silêncio, onde Lalisa pareceu ponderar cada palavra que poderia dizer. Ela se inclinou um pouco mais para trás no sofá, como se estivesse preparando-se para uma revelação importante.

"Eu sabia que essa conversa viria eventualmente," começou ela, a voz baixa e quase hesitante. "Há muitas coisas sobre mim que não são exatamente... comuns."

"Você já me disse que era diferente, mas..." Eu hesitei, tentando encontrar as palavras certas. "Eu vi seus olhos mudarem. E eu estou enlouquecendo com isso."

Lalisa respirou fundo, e pude ver a luta interna em seus olhos. "O que você está prestes a ouvir pode ser difícil de acreditar. Mas... eu sou vampira."

Eu a olhei, esperando algum sinal de brincadeira, mas sua expressão era séria, quase trágica. "Vampira?" Repeti, tentando processar as palavras.

"Sim," confirmou Lalisa, a voz baixa. "Eu fui transformada há muitos anos. Existe uma parte de mim que sempre esteve em sombras, e você acabou de tocar nesse aspecto da minha vida."

Eu engoli em seco, lutando para absorver a magnitude do que acabara de ouvir. "Mas... como isso é possível? E por que me revelar isso agora?"

Lalisa se virou para mim, seu olhar carregado de uma mistura de sinceridade e tristeza. "Porque você está se aproximando de algo que não pode ser ignorado. Eu não quero te esconder a verdade, especialmente depois da noite que passamos juntas. Não seria justo para você."

"Mas o que isso significa para nós?" Perguntei, a voz tremendo um pouco. "O que você quer de mim?"

Lalisa parecia pensativa, seus olhos fixos nos meus. "Eu quero que você entenda que há um mundo que você não conhecia, um mundo em que eu vivo. E que, de alguma forma, você faz parte disso agora. Eu não quero te assustar, mas a verdade é que eu tenho uma vida muito diferente do que qualquer um poderia imaginar."

A tensão entre nós estava palpável. Eu sentia um turbilhão de emoções, mas a sinceridade em seu olhar me dava uma pequena esperança de que, apesar de tudo, havia algo real e profundo ali. "E o que eu faço agora? Como isso muda o que temos?"

Lalisa passou seus braços ao meu redor me abraçando carinhosamente "Nada precisa mudar, a menos que você queira. Eu só precisava que você soubesse a verdade. O que vem a seguir depende de você."

A sensação do toque dela era reconfortante, e eu comecei a me sentir um pouco mais calma. "Eu quero ver."

"Tem certeza disso?" Lalisa perguntou, sua voz suave, mas com uma hesitação que parecia indicar que ela sabia o peso da decisão que eu estava prestes a tomar.

Eu respirei fundo, tentando afastar o medo e a dúvida. "Sim," respondi, sem hesitar mais. "Eu preciso ver."

Lalisa me observou por um longo momento, seus olhos escaneando meu rosto como se estivesse avaliando se eu realmente estava preparada. Então, ela se afastou lentamente, seus movimentos precisos e quase silenciosos, como se estivesse pisando em um território desconhecido.

Ela ficou em pé diante de mim, De repente, seus olhos mudaram. O castanho claro que eu conhecia deu lugar a um brilho vermelho profundo, como brasas vivas. O ambiente pareceu ficar mais frio, e então, eu vi — suas presas começaram a se alongar, afiadas e letais, emergindo de uma maneira que parecia ao mesmo tempo fascinante e aterrorizante. O contraste com sua pele pálida tornou a cena ainda mais surreal, e eu me peguei segurando a respiração.

Meu coração batia tão forte que parecia ecoar em meus ouvidos. Eu estava vendo a verdade com meus próprios olhos, e ela era tão assustadora quanto eu havia imaginado, mas também estranhamente... bela. Havia uma elegância nas presas afiadas que se projetavam sobre seus lábios, uma suavidade sombria na forma como seus olhos brilhavam com um poder que eu mal conseguia compreender.

Eu não consegui me mexer, meus olhos presos àquela transformação, ao rosto de Lalisa que agora parecia pertencer a um mundo diferente, um mundo que eu mal começava a compreender.

"Isso... é o que eu sou," disse ela, sua voz baixa, mas carregada de uma sinceridade quase dolorosa. "É o que eu tento manter escondido, o que me separa do resto do mundo. Do seu mundo."

Eu abri a boca, mas as palavras não saíram de imediato. Meus olhos correram pelo seu rosto, pelos seus lábios que agora exibiam aquelas presas afiadas, pela palidez quase sobrenatural de sua pele. Ela era um contraste entre beleza e perigo, entre algo que eu deveria temer e algo que eu não queria deixar de lado.

"Isso é real..." finalmente consegui sussurrar, mais para mim mesma do que para ela.

"É real," confirmou Lalisa, seus olhos se suavizando um pouco enquanto ela dava um passo à frente, sua postura menos tensa agora que ela havia se revelado. "E agora você faz parte disso. Mas... eu não vou te forçar a nada. Se quiser, pode ir embora, e eu nunca te machucaria."

Eu sabia que deveria estar assustada, aterrorizada até, mas ao olhar nos olhos dela, vendo aquela vulnerabilidade e sinceridade, percebi que não estava com medo. Eu ainda sentia aquele turbilhão de emoções dentro de mim, mas, acima de tudo, eu sabia que não queria fugir.

"Eu não vou a lugar nenhum," disse, finalmente encontrando minha voz. "Eu só... preciso de tempo para entender tudo isso. Mas não vou embora."

Lalisa relaxou visivelmente, as presas lentamente se retraindo, e o brilho intenso em seus olhos suavizou. Ela voltou a parecer a mulher que eu conhecia — a mulher por quem, de alguma forma, eu estava me apaixonando.

"Obrigada," ela sussurrou, seu rosto mais suave agora, e, sem aviso, ela me puxou para perto, seus braços envolvendo-me em um abraço gentil, mas firme. "Eu não sabia o que você iria fazer... ou dizer."

Eu me permiti afundar naquele abraço, sentindo o calor de seu corpo apesar de tudo. "Eu também não sabia," admiti, minha voz baixa contra seu ombro. "Mas eu estou aqui."

Lalisa se afastou apenas o suficiente para olhar nos meus olhos, e o alívio em seu rosto foi inegável. "Você é mais forte do que eu pensava, Jennie."

Eu ri, apesar de tudo, e balancei a cabeça. "Eu acho que não. Mas estou disposta a tentar entender tudo isso."

"É só o começo," disse Lalisa, ainda com aquele brilho de alívio em seus olhos. "Mas eu estarei aqui, sempre. Não importa o que aconteça."

E, naquele momento, eu soube que, por mais que minha vida tivesse acabado de mudar de maneiras que eu ainda não podia compreender, eu confiava nela. E isso, por enquanto, era o suficiente.

Under the Veil of Night - jenlisaOnde histórias criam vida. Descubra agora