CHAPTER THIRTY.

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Eu saio vagarosamente da movimentada taberna, meus passos ecoando no chão de paralelepípedos da rua velha. Uma brisa suave sopra, fazendo parecer um sussurro distante. Observo atentamente o ambiente ao meu redor, buscando por qualquer sinal de vida. Mas o silêncio persiste, como se toda a vila estivesse mergulhada em um profundo sono.

Sinto uma estranha inquietação invadir meu peito, uma sensação de isolamento que parece se entrelaçar com a quietude das ruas. Sigo adiante, com os olhos vasculhando cada beco e cada esquina em busca de uma resposta. Talvez haja algum evento ocorrendo, ou talvez seja apenas mais um dia pacato nessa vila adormecida.

Minhas pernas seguem o ritmo lento e cadenciado, cravando passos determinados no chão de pedra. E então, bem quando minhas esperanças começam a diminuir, ouço um som perturbador. Uma tosse rouca e intensa, capaz de ecoar por toda a rua sem esforço.

Por um instante, meu corpo se congela, enquanto meus olhos se voltam rapidamente em direção ao som. Lá, encostado na parede como uma sombra, está Julius. Seus olhos perspicazes me fitam, enquanto um sorriso meio torto, meio cativante, começa a cruzar lentamente seu rosto.

Uma onda de contrastes surge em minha mente ao observá-lo. Seus olhos são penetrantes, brilhantes como o sol, mas ao mesmo tempo, parecem esconder um mistério profundo. Seu sorriso, por sua vez, é desenhado pela dualidade, com uma beleza que transcende os padrões e uma feiura que se enraíza na imperfeição.

Meu corpo hesita, mas a curiosidade impulsiona meus passos em sua direção. Cada movimento se torna mais intenso, minha respiração se aprofunda e cada pulsação do meu coração parece ecoar como um trovão.

-Aonde vai? -Julius disse, cruzou os braços e me observou com um olhar que misturava curiosidade e preocupação. Seu tom era incisivo, e seu corpo estava ligeiramente inclinado para frente, como se estivesse tentando me bloquear.

-Você falou para o Hakon sobre nós? Falou para alguém?  -Levantei a sobrancelha e passei a mão pelo cabelo, tentando organizar meus pensamentos antes de responder. O tom da minha voz era ansioso, como se eu estivesse tentando entender a seriedade da situação.

-Acho que ele deve ter ouvido eu falar com o Hawise e a Ophelia, por? -Ele deu um passo para trás, esfregando a nuca com uma expressão de desconforto. Olhava para o chão, claramente desconcertado com a possibilidade de que Hakon tivesse ouvido algo.

-Não, nada. Eu prometi há dias que iria falar com ele, estou indo. -Fiz um gesto com a mão, como se estivesse afastando qualquer dúvida, e comecei a me mover em direção ao local onde planejava encontrar Hakon. Meu tom de voz era resoluto, e meus passos eram firmes e decididos.

-Vai mesmo conversar com ele? -Julius avançou alguns passos e bloqueou meu caminho novamente. Ele se inclinou para frente, a postura demonstrando uma combinação de preocupação e determinação em impedir minha partida.

-Vou, porque? Vai me impedir? -Parei bruscamente e cruzei os braços, levantando o queixo em um gesto desafiador. Minha postura era firme e o tom da minha voz não deixava espaço para dúvidas sobre minha determinação.

-Não, nada, pode ir, era só para saber mesmo. -Ele suspirou e se afastou, abrindo caminho para mim. Seu gesto foi quase resignado, e embora tenha tentado aparentar indiferença, seus olhos ainda mostravam uma leve preocupação.

Caminho pela trilha que se estende para fora da vila, sentindo a leve brisa que acaricia meu rosto e o som dos pássaros que parecem cantar em um tom melancólico. Minha mente está um turbilhão de emoções, e a sensação de confusão em relação aos meus sentimentos me aflige.

É curioso como, apesar de minha experiência emocional, alguém pode ainda provocar tal confusão interna. O fato de um homem, especialmente alguém que tem a capacidade de ser irritante e também encantador, provocar tal sentimento em mim é um dilema. Com o passar do tempo, essa sensação de ser amada pela primeira vez se tornou um emaranhado de sentimentos confusos. E eu sinto que essa confusão vai acabar me machucando ou machucando alguém, como Julius, que, apesar de seu jeito irritante, tem sido gentil comigo.

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