CHAPTER TWENTY-TWO.

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-Meggy, acorde! -A voz que me desperta é suave, mas firme, e ao abrir os olhos, vejo Ophelia ao lado da cama. Hakon e Hawise estão logo atrás dela, todos observando-me com expressões que variam entre expectativa e afeto. É a primeira vez que vejo Hawise sorrindo de verdade, um sorriso que parece iluminar seu rosto de uma maneira que nunca imaginei.

-O que houve? -Pergunto, minha voz ainda grogue de sono enquanto me sento na cama, tentando entender a situação.

-Hoje faz um mês que você está conosco. Como se sente? -Ophelia pergunta, seus olhos brilhando com uma mistura de carinho e alegria. Em suas mãos, noto algo que se assemelha a um bolo, decorado de maneira simples, mas convidativa.

-Bem... eu acho. Estou grata por tudo... -Respondo, tentando esboçar um sorriso enquanto olho para cada um deles. É uma sensação estranha, mas agradável, essa de ser o centro de tanta atenção e afeto.

-Obrigada por vir até nós, por fazer parte da nossa família agora. -Ophelia diz, a emoção em sua voz me tocando profundamente. Antes que eu possa me controlar, levanto-me e a abraço com força, quase derrubando o bolo que ela segura.

-Nós te amamos. Desculpe por qualquer coisa ruim que possa ter acontecido desde que chegou. -Ela continua, sua voz suave ao pé do meu ouvido, enquanto eu lentamente me afasto, tentando absorver o que ela acabou de dizer.

-Nunca pensei nisso, mas está bem... -Murmuro, desfazendo o abraço, ainda meio confusa com a torrente de emoções que suas palavras provocaram em mim.

-Vamos, venha comer o bolo. Hoje a taberna ficará fechada; o dia todo é seu! -Ela sorri e me puxa gentilmente em direção à cozinha, onde a mesa já está arrumada para nós.

-Sei que não sou de muitas palavras, mas estou feliz por você estar feliz. -Hawise diz, sua voz baixa, mas carregada de sinceridade. Eu assinto, apreciando sua tentativa de se expressar, mesmo que eu não tenha a coragem de abraçá-lo como fiz com Ophelia, por respeito a ela.

-Obrigada por tudo! Obrigada por ser minha amiga. Desculpe pelo meu jeito. -Hakon diz, seus olhos fixos nos meus, e eu noto a sinceridade em sua voz. Meu coração bate mais forte, mas não de uma maneira que eu goste. Assinto novamente, lutando contra a euforia que começa a crescer dentro de mim.

-Obrigada, pessoal. Obrigada por tudo! Isso é tão novo para mim... -Digo, olhando para Hakon, que está vestido com as roupas típicas dessa época, assim como Ophelia e Hawise. O cheiro do bolo, a madeira da casa, o calor da lareira - tudo isso se mistura e eu quero gravar esse momento na minha memória, para que nunca se apague.

-Agora coma! Isso pode esfriar. -Ophelia diz, apontando para o bolo, e eu me sento à mesa com eles. É um momento simples, mas cheio de significado. Todos nós nos acomodamos ao redor da mesa, e enquanto começo a cortar uma fatia do bolo, Ophelia solta uma pergunta que me pega de surpresa. -Sabia que hoje é o aniversário do Julius?

-Não... -Digo, a faca parando no meio do corte. Meus olhos perdem o foco, e minha cabeça repousa automaticamente sobre meus braços. Então, ele completou 22 anos? O pensamento me atinge como um soco no estômago. Como pude esquecer? E agora, o que significa isso para mim?

-QUEM SE IMPORTA?! -Hakon grita de repente, sua voz alta e cheia de desprezo. -Neste momento ele deve estar morto ou algum bicho deve ter o comido.

-Cala a merda que você chama de boca! -Grito, o som de minha própria voz ecoando pela sala antes que eu perceba o que estou fazendo. As palavras de Hakon são como facas, cortando-me por dentro. Sinto uma onda de dor e raiva, um turbilhão de emoções que me fazem levantar da mesa e correr em direção ao quarto. Lá, me jogo na cama, afundando o rosto no travesseiro, como se isso pudesse me proteger da realidade.

ENTRE SÉCULOS E AMORES.Onde histórias criam vida. Descubra agora