CHAPTER NINE.

18 6 0
                                    

Me agarrei com força no pescoço de Julius, os meus braços envolvendo-o com uma necessidade desesperada de segurança e conforto. Ele, com uma expressão de determinação e um misto de preocupação, me carregava de volta para casa. Enquanto eu chorava sem parar, mantinha os olhos fechados, sentindo a chuva gelada e incessante caindo sobre nós. O som da chuva batendo em nós, nos telhados das casas e no chão ao redor criava um ambiente melancólico e sombrio, mas também um tanto reconfortante na sua persistência.

À medida que Julius avançava, eu ouvi o som da chuva diminuindo, até parar completamente. Esse alívio sonoro foi imediatamente seguido pelo estalo de uma porta sendo aberta. Abrindo os olhos lentamente, percebi que havíamos chegado em casa. A sensação de estar em um lugar seco e seguro me deu um leve conforto, apesar de ainda estar cheia de lágrimas e confusão.

Julius me carregou até as escadas, subindo com uma determinação silenciosa. Eu me mantinha aninhada em seus braços, com o rosto enterrado em seu peito. Ele continuou pelo corredor, dirigindo-se para um quarto que eu nunca havia visto antes. A porta se abriu com um movimento ágil, e Julius, mantendo-me firmemente em seu colo, entrou no quarto. Ao chegar perto da cama, ele cuidadosamente me colocou sobre ela, o colchão macio contrastando com o chão frio e molhado que eu havia experimentado antes.

-Esse quarto era... -Comecei a falar, a voz embargada pelos soluços e pela emoção. -O que era pra ser... meu? -Olhei ao redor, absorvendo os detalhes do ambiente.

O quarto era indescritivelmente mais belo do que qualquer outro espaço que eu havia visto na casa de Julius. A decoração era opulenta, com móveis refinados e uma estética que superava em muito a do quarto dele, que já era perfeito por si só.

-Sim. -Julius respondeu de forma séria, sua voz carregada de uma gravidade que parecia refletir a importância do momento. Ele então me entregou a capa dele, que estava pendurada em um negócio no quarto, como se já soubesse da minha necessidade de privacidade.

-Não olhe! -Exclamei entre soluços, rapidamente me cobrindo com a capa. O vestido branco que eu usava estava completamente encharcado e agora transparente, revelando que eu não estava usando nada por baixo. O embaraço e a vergonha eram intensos, e eu tentava desesperadamente esconder meu corpo.

-Qual o seu problema? -Julius perguntou, virando de costas com um tom que misturava curiosidade e uma leve frustração. Eu fiquei momentaneamente confusa com a sua reação, sem saber exatamente como reagir à sua indiferença. -Eu jamais irei olhar o corpo de uma mulher nua ou com roupa. Deixarei isso para minha esposa.

-A Leonor disse que você recusa todas as garotas. -Eu disse, um sorriso involuntário surgindo em meu rosto enquanto o calor começava a retornar ao meu corpo, contradizendo o frio da chuva e o embaraço que eu sentia. O comentário sobre Leonor parecia criar uma nova dinâmica entre nós, deixando-me com uma mistura de sentimentos que iam do alívio à curiosidade.

-Porque todas são um bando de vagabundas e querem se deitar com qualquer um! Isso é nojento! -Ele exclama, franzindo a testa e gesticulando com as mãos enquanto se explica. Seus olhos estão carregados de frustração e desdém, parecendo realmente incomodado.

-Você é um babaca, ninguém iria querer você. -Respondo, fitando-o com um olhar desafiador. Sua expressão de surpresa é momentânea, mas logo se transforma em um misto de raiva e indiferença, como se minhas palavras não o afetassem. Julius se vira para sair, mas sua atitude brusca me faz hesitar. -Espera... -Chamo, minha voz soando mais suave do que pretendia.

-O que foi? -Ele se vira novamente, os traços de seu rosto sérios e fechados.

-As minhas roupas... eu lavei e agora devem estar molhadas. -Confesso, sentindo-me um pouco desamparada. Meus olhos se desviam para o chão, envergonhada.

ENTRE SÉCULOS E AMORES.Onde histórias criam vida. Descubra agora