Ela subiu o morro 🩷

Capítulo 29

Não consegui controlar, as lágrimas rolaram no meu rosto, chorei feito uma criança. Minha vida estava tão bagunçada, e eu não havia me preparado para nada disso, foi tudo do dia para a noite.
Acabei dormindo novamente, com a cabeça latejando de tanto chorar. Não sei exatamente por quanto tempo eu dormi, só sei que quando acordei, o Cadu já não estava. Me levantei sonolenta, caminhei até a cozinha, onde a mesa do café já estava posta, meu coração apertou, ele é sempre tão cuidadoso comigo.
Fiz minhas higienes pessoais, e me sentei para tomar meu café da manhã, estava passando manteiga no pão, quando meu celular tocou. Rolei os olhos, era o Bernardo, não atendi. O idiota continou insistindo, resolvi ver o que ele queria.
IDL:
Lari: Fala logo! - atendi seca.
Bernardo: Lari, é importante. A mamãe ta passando muito mal, preciso de você em casa agora! - ele estava desesperado.
Lari: Como assim? O que ela tem? - comecei a me preocupar.
Bernardo: Não dá pra falar assim! Vem rápido! E vem sozinha, se ela te ver com o traficante é perigoso piorar.
Lari: Estou indo, vai me dando notícias! - desliguei.
FDL

Deixei o que eu estava quase comendo na mesa, subir pro quarto vestir qualquer roupa calcei minhas Havaianas, soltei o cabelo, peguei minha bolsa e meu celular. Liguei para um táxi que disse que só me pegaria na entrada do Morro, eles não sobem, ah que ótimo.
Desci o morro rapidamente, quase sem conseguir respirar, o táxi já estava me esperando, entrei no mesmo e dei o endereço. Meu coração estava acelerado, eu não iria me perdoar se algo viesse acontecer com ela.
O trânsito estava tranquilo, então chegamos depressa.
Lari: Obrigada, pode ficar com o troco! - entreguei uma nota de R$50,00 para ele.
Desci do carro e já entrei em casa, achei estranho o carro da minha mãe não estar na garagem.
Lari: Bernardo! - o chamei, fechando a porta da sala.
Estava um silêncio cabuloso. Caminhei até a cozinha, não havia ninguém, voltei para a sala, disposta a ir para o Hospital. Coloquei a mão na maçaneta.
XxXxX: Pensa que vai onde?! - suas mãos me puxaram, me jogando violentamente no chão.

Lari: Tiago? - o encarei.
Tiago: Sentiu saudades, princesa?! - sorriu sarcasticamente.
Lari: O que você ta fazendo aqui? - tentei ser firme, mas minha voz já falhava.
Tiago: Senti saudades! Você sentiu também? - seu olhar me amedrontava, seus olhos estavam exageradamente vermelhos.
Lari: Me esquece, idiota! - me apoiei no chão, tentando me levantar.
Tiago: Não! - me empurrou com o pé - Tu vai ficar quietinha ai!
Lari: O que tá acontecendo, meu?! - cerrei os dentes, já ficando assustada.
Tiago: BERNARDO! ANDA LOGO, PORRA! - ele gritou meu irmão, ignorando minha pergunta.
Fiquei totalmente confusa, passei a não entender mais nada, quando vi o Ber, a Amanda e a Bia descendo as escadas, todos na nossa direção.
Lari: Bernardo - engoli em seco - Cadê a mamãe?!
Bernardo: Tá trabalhando, maninha! - riu.
Lari: Mas tu disse que... - meus olhos se encheram de lágrimas.
Bia: Mas tu é burra, hein! - ela gargalhou junto do Tiago, que a beijou rapidamente.
Bernardo: Chega de ideinha, vamos fazer o bagulho logo! - o mesmo me puxou pelo pulso, me pondo de pé.
Tiago: Vamos! - assentiu, tirando um vidro do bolso.
Lari: NÃO - comecei a chorar - POR FAVOR!
Tiago: Vai ser tudo rápido, gatinha! - piscou, segurando meu rosto.
Lari: Amanda -supliquei - Por favor!
Amanda: Me desculpa, Amiga! - murmurou.
Não havia mais o que fazer, o Tiago colocou um pano com o produto do vidro, na minha boca. Me fazendo apagar totalmente.

Não sei por quanto tempo eu fiquei inconsciente, acordei dentro de um quarto, minha boca estava amordaçada, e minhas pernas e braços amarrados na cama. Abri os olhos assustada, entrei em desespero ao me ver daquele jeito, comecei a me balançar compulsivamente, fazendo a cama ranger. Em dois tempos a porta se abriu. O Dodô entrou, arregalei os olhos, finalmente entendendo tudo.
Dodô: E ai, gatinha! - ele sorria - Pô, mo saudades de tu! Me tirou legal, hein!
Eu só gemia, tentando pedir para ele tirar a mordaça da minha boca.
Dodô: Quer tirar esse bangui? - me olhou.
Assenti com a cabeça.
Dodô: Olha lá hein, se comporta - riu, passando a mão pelos meus seios, e chegando na minha boca, onde finalmente tirou.
Lari: O que tá acontecendo? Onde eu estou? - perguntei afobada, sentindo um nó na garganta.
Dodô: Não interessa, caralho! Eu te avisei, avisei o pela saco do seu namoradinho também, não foi?! - me olhou serio.
Lari: TU NÃO SABE PERDER! EU NÃO QUIS NADA CONTIGO E AGORA TU QUER SE VINGAR?! QUE TIPO DE DONO DE MORRO TU É?! HEIN, SEU BOSTA! - berrei, ignorando qualquer consequência.
Dodô: Desgraçada! - me olhou com raiva, dando um soco no meu nariz.