Capitulo 37

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Cadu: Quem era? - perguntou, assim que coloquei o celular de lado.
Lari: Meu pai - suspirei - Quer me ver amanhã!
Cadu: Tu vai? - franziu o cenho.
Assenti com a cabeça.
Cadu: Faz o que é melhor, meu amor - alisou meu rosto - Eu vou te levar, se tu for!
Lari: Mas, Cadu...
Cadu: Shiu! - me interrompeu, colocando o indicador nos meus lábios, pedindo silêncio - Eu não vou mais deixar tu marcando bobeira por ai, não por enquanto!
Lari: Tá bom! - olhei com desânimo.
Cadu: Pô, tá com fome? - se levantou.
Lari: Muita! - respondi, enquanto vestia minha blusa, sem o sutiã.
Cadu: Vou comprar uma pizza, quer do que?
Lari: Calabresa e frango com catupiry ! - sorri.
Cadu: Jaé, marca ai! - deu um beijo na minha testa.
Lari: Não demora! - sorri.
Logo que ele saiu, fui direto para o banho, onde fiquei por poucos minutos. Passei meu hidratante corporal, desodorante, vesti esse pijama

 Passei meu hidratante corporal, desodorante, vesti esse pijama

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, deixei o cabelo solto e passei um tônico para limpar o rosto. Não demorou muito o Cadu chegou, deixou as coisas em cima da mesa e foi tomar banho. Fiquei vendo TV enquanto isso, depois que ele se trocou, levei a pizza e a Coca para o quarto, onde começamos a comer.
Cadu: Tu se lembra? - me olhou de canto, mordendo uma fatia, estávamos deitados na cama.
Lari: Do que? - franzi o cenho.
Cadu: Dos nossos encontros no meu carro, pô! - deu risada.
Lari: Ahh! - bati a mão na testa - Verdade!
Ele continuou rindo.
Lari: Sabe, eu nem conheço direito o cara pelo qual eu to apaixonada, tu nunca me falou de você! - o encarei.
Cadu: O que tu quer saber? - sorriu, encostando minha cabeça em seu peito.
Lari: O que tu quiser falar! - dei de ombros.
Cadu: Jaé, vamo ver: Me chamo Carlos Eduardo, mais conhecido como Cadu, desde pivete. Sempre fui apadrinhado pelo dono da Rocinha, ele falava que eu tinha jeito pra coisa! Nunca conheci meu pai, alias, ele sempre esteve debaixo do meu nariz e eu nunca me liguei. Minha mãe, deu duro a vida inteira pra me sustentar e sustentar a Mari, quando completei 14 anos, entreguei minha vida pro tráfico! Nunca viciei em drogas, ta ligada... As vezes fumo um beck, cheiro um pó, mas não é direto! Tenho nojo de viciado!

Eu o escutava atenta.
Cadu: Esse cara o Gilbert, chefe do morro, era o meu pai, ele engravidou a minha mãe, quando era novinha, e mandou ela guardar segredo, ou então mataria minha vó, e ela. Minha vó morreu quando eu tinha 06 anos, ah eu amava aquela coroa! - ele deu uma pausa - Nessa altura minha mãe já tinha a Mari, a gente nunca soube quem era o pai, ele sumiu no mundo. Minha veia nunca foi atrás, disse que se sustentou um sozinha, dois não era impossível. Que homem só faz peso na terra! Depois quando eu tava moleque, o Gilbert começou a se aproximar, vai saber... Peso na consciência, se pá. Eu sempre fui o privilegiado, mas ralava pra caralho como todo mundo! Ele nunca pensou em ninguém nesse morro, só no lazer dele! Foi então numa discussão com a minha mãe, que foi na boca me tirar de lá, ele confessou que era meu pai! O sangue ferveu, óbvio! Mas nunca julguei minha veia, eu sabia como o Gilbert era, e não ia cair no papo dele! A partir dai, o ódio só foi aumentando, dia apos dia eu lutava pelo morro, foi então que me aliei ao Dodô, soldado aqui da Rocinha feito eu. Bolamos um confronto, e matei o Gilbert! Um tiro na testa - sua voz era fria, sem arrependimento - E outro no coração! POW POW! - ele imitou um revólver com os dedos - Lembro até hoje " Carlos, eu sou teu pai, meu filho!" , foda-se! Eu tomei a Rocinha, e até hoje dou minha vida por esse lugar, UPP é o caralho! O Dodô jurou vingança, não se contentou em ser "só" meu aliado, correu pro Antares e se virou por lá!
Lari: Nossa, eu... Nem sei o que falar! - murmurei, olhando o mesmo.
Cadu: Não diz nada - sorriu, fazendo cafuné em mim - Mas sabe quer saber quem é o Cadu de verdade?
Eu assenti.
Cadu: O Cadu é um homem com alma de moleque, que já passou e já viu coisa que até o diabo duvida! Que sonha em ter um filho, uma familia da hora e dar todo o carinho que nunca recebeu de um pai! Que quer ver essa molecada daqui feliz, no caminho certo. Sei que talvez, eu não consiga isso comandando um morro, não é uma boa influência! Mas faço o que posso, to na luta também, pela sobrevivência!

Ela subiu o morro 🩷Onde histórias criam vida. Descubra agora