Capitulo 39

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Respirei fundo, seria difícil ver o meu pai, depois de tudo que ele aprontou. Entrei no restaurante, fiquei procurando meu pai com os olhos, que acenou para mim, retribui com um meio sorriso e fui até ele.
Marcos: Filha! - se levantou, para me cumprimentar.
Lari: Oi pai! - o abracei, sem-graça.
Marcos: Como você está? - perguntou, me olhando da cabeça aos pés.
Lari: To ótima! E você? - finalmente nos sentamos.
Marcos: Vamos pedir? - sorriu.
Lari: Uhum! - dei uma rápida folheada no menu.
Ele chamou o garçom que logo veio, anotou os pedidos e se retirou.
Marcos: Filha, eu quero me desculpar, eu agi muito errado com você! - sua mão tocou a minha, sobre a mesa.
Lari: Não sei, pai - abaixei a cabeça.

Marcos: Filha, eu e sua mãe, estamos morrendo de saudades! - ele suplicava.
Lari: Não volto lá com o Bernardo, pai! - suspirei impaciente.
Marcos: Meu amor, vocês se davam tão bem! O que aconteceu? - franziu o cenho.
Lari: Pai, nada! Eu só não aceito as amizades dele, o que ele se tornou. Olha, eu to morando com o Cadu, to muito feliz e...
Marcos: Esse marginal vai te fazer mal, meu amor! - falou, me interrompendo.
Lari: Nunca mais chama ele assim! Marginal é o Bernardo! E se for pra nossa conversa tomar esse rumo, eu vou embora! - minha expressão era séria, ameacei se levantar.
Marcos: Não! - segurou meu pulso - Tudo bem... Eu... Eu vou tentar te compreender! - suspirou impaciente, afrouxando o nó da gravata.
Lari: Que bom, fico contente! - assenti com a cabeça.
Marcos: Mas pensa com carinho, você tem a faculdade , suas amigas, sua casa!
Lari: Eu juro que vou pensar! - tentei parecer convincente, mas já tinha me decisão decretada.
Marcos: E como o mar... - pigarreou - O Cadu está te tratando?
Lari: Muito bem, nos se amamos! - dei um sorriso.
Marcos: É difícil pra eu aceitar tudo isso, você sabe! - balançou a cabeça.
Lari: Eu sei, papai - apertei sua mão - Mas um dia, o senhor vai entender tudo isso!

Marcos: Como assim, filha? - arqueou as sobrancelhas - Tem mais coisa pra me falar?
Lari: Pai, é muito difícil pra mim falar - dei uma breve pausa - Eu amo você e a mamãe, não posso deixar vocês correndo perigo!
Marcos: minha filha , da pra ser mais específica? - ele riu, totalmente confuso.
O garçom veio nos servir, interrompendo a conversa. Eu havia pedido lasanha, batata frita e arroz branco. Meu prato predileto naquele lugar.
Garçom: Bom apetite! - falou sorrindo, logo que terminou de servir o meu pai.
Lari: Obrigada! - sorri.
Marcos: Então, continua! - suspirou, assim que o garçom se retirou.
Lari: Bom, pai - dei uma garfada na lasanha e levei a boca - O Ber, ta se envolvendo com drogas! Não só ele, como a Amanda e o Tiago, justamente por isso me afastei dos três!
Marcos: LARI! - soltou o garfo no prato, fazendo um estrondo irritante - Só pode ser uma brincadeira!
Lari: Pai, eu juro. São pessoas perigosas, eles... Eles podem fazer mal a vocês! - minha voz falhava.
Marcos: Sabe, você falando, agora eu me lembrei. Meu relógio, aquele que o vovô deixou de herança, vindo da Suíça, sumiu! - engoliu em seco.

Lari: Provavelmente o Bernardo roubou, para poder pagar divida de drogas! - me senti aliviada, meu pai estava acreditando em mim.
Marcos: Meu Deus! - levou as mãos ao rosto - O que eu faço com esse moleque?!
Lari: Pai, calma - apertei sua mão - O melhor a fazer agora é conversar com a mamãe, ela provavelmente não vai acreditar! - suspirei.
Marcos: Não me interessa! Ele não fica mais nem um dia morando na minha casa! - falou com rispidez.
Lari: Eu entendo, bom eu já fiz a minha parte. Mas qualquer coisa que o senhor precisar, pode contar comigo! - sorri de canto.
Marcos: E você lari ? Não tá se envolvendo com isso não? - me encarou, sério.
Lari: Jamais, pai! O senhor me conhece muito bem! - balancei a cabeça.
Marcos: Eu não sei de mais nada - deu de ombros - Vou atrás do Bernardo, e de sua mãe!
Lari: Agora? - franzi o cenho.
Marcos: Não vou aceitar isso, nem mais um minuto! Sua mãe vai ter que me escutar! - assentiu com a cabeça, terminando de comer.
Terminamos o almoço em silêncio, eu sei que deveria ter contado sobre o sequestro, e sobre o Bernardo ter compactuado, mas fiquei com medo que ele me mandasse voltar para casa,  e ele poderia colocar o Cadu em encrencas. Pedimos duas taças de profiteroles para a sobremesa, logo depois meu pai pagou a conta, finalizando nosso almoço.
Lari: Pai - falei, quando já estávamos na rua, em frente ao restaurante - Toma muito cuidado, são bandidos perigosos!
Marcos: Eu só queria saber como nossa família se destruiu assim! - abaixou a cabeça.
Lari: Talvez se você tivesse passado mais tempo conosco, e tratasse a mamãe melhor... As coisas teriam tomado outro rumo! - respondi ingênua.
Marcos: Só não consigo entender como dois filhos que sempre tiveram de tudo, escolhem um futuro ao lado de bandidos! - riu sarcástico.
Lari: Dinheiro nunca foi tudo, o Cadu me dá amor, coisa que nunca tive! - respirei impaciente - Tchau pai, se cuida!
Marcos: Se cuida, filha - se aproximou, me dando um rápido beijo no rosto.
Ele caminhou até o carro, mandei um sms para o Cadu vir me buscar.

Ela subiu o morro 🩷Onde histórias criam vida. Descubra agora