Eu sempre fui uma pessoa crédula.
Acredito, por exemplo, que beber depois de um dia ruim é a solução de todos os problemas.
Acredito que dias ensolarados são melhores do que os dias nublados e que a chuva é um castigo assustador projetado por Deus...
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Todos olham em minha direção no instante em que coloco meus pés dentro do nosso departamento.
Suho está atrás de mim e é a única pessoa que ousa se aproximar o bastante.
Ninguém mais teria coragem de fazer isso, embora eles estejam curiosos. Ou melhor, ansiosos para o meu pronunciamento. "Ela tem mesmo uma namorada ou as manchetes que saíram nos últimos dois dias foram todas falsas?"
"Por que a possível sucessora da King's Enterprise, Lalisa Manoban, segue sem dizer nada?"
"Se ela estiver mesmo namorando, suas chances de assumir a presidência aumentam?"
"O senhor Kang sabe sobre a garota? A família dele já a conheceu?"
Essas foram as perguntas mais sussurradas e comentadas nas últimas quarenta e oito horas. Não na minha frente, claro.
Enquanto eu passo, o silêncio e o respeito das cabeças curvadas são as únicas coisas que recebo.
No entanto, quando me afasto, os burburinhos retornam. Não que eu possa julgá-los, meu silêncio que está causando isso.
Até mesmo meu avô me deu um prazo para explicar o que esse alvoroço todo significa. O velhote não parece nada satisfeito com minha falta de resposta.
Na verdade, lembrar da sua ligação no meio de uma reunião, exigindo saber mais sobre minha suposta namorada e perguntando se ela estava bem, irritado comigo por eu não ter falado nada, quase me faz abrir um sorriso.
Senhor Kang, você está mesmo se tornando um velho caduco.
- Bom dia - falo, em um tom alto o bastante para que minha voz retumbe no vasto espaço e os funcionários desviem o olhar, curvando a cabeça ao me cumprimentar.
Alguns adquiriram essa prática pelo respeito ao senhor Kang e à nossa cultura. Outros só fazem como um simples aceno.
Sigo em direção à minha sala, meneando um cumprimento rápido para minha secretária antes de entrar.
