Eu sempre fui uma pessoa crédula.
Acredito, por exemplo, que beber depois de um dia ruim é a solução de todos os problemas.
Acredito que dias ensolarados são melhores do que os dias nublados e que a chuva é um castigo assustador projetado por Deus...
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Entro no elevador do imenso prédio, curvando minha cabeça em direção às pessoas dentro dele enquanto ignoro todos os olhares estranhos que os executivos me lançam.
Tem sido assim desde que coloquei meus pés no saguão, até mesmo parece que sou um extraterrestre.
Me pergunto o motivo para isso, afinal, estou bem-vestida e embora minha roupa não tenha sido feita por um estilista conhecido, é sob medida e está mais na moda do que esse terno azul com gravata cinza que o homem atrás de mim usa.
Que irritante.
Como ele pode me julgar quando usa uma combinação saída dos anos oitenta?
Não fale assim, Jennie.
E se ele for daltônico e não souber diferenciar as cores? Que coisa feia.
Reprimo a vontade de bufar, com minha consciência sempre me repreendendo, e jogo meu cabelo por cima do ombro, torcendo para que acerte o rosto de alguém. Poderia acertar bem dentro do olho de todos eles, assim os manteriam fechados e não me julgariam.
Seria divertido.
Aperto o botão do último andar, decidindo agir como desentendida, e ouço um pigarreio atrás de mim, como se quisessem chamar minha atenção. Tento ignorar e me faço de surda, cantarolando uma música como se estivesse de fone. No entanto, isso não impede um dedo intrometido de tocar em meu ombro.
Que saco.
Aqui não se pode andar em um elevador sem ser incomodada?
- Sim? - Viro meu rosto com um sorriso sinistro em meus lábios, o homem que me tocou dá um passo para trás, esbarrando em outro.
- A senhorita não apertou errado? Digo, esse é o andar da diretora Manoban e só os funcionários, sócios e aqueles autorizados, com horário marcado, vão até lá.
- Eu tenho autorização. - Estalo a língua e tiro os óculos escuros dos meus olhos, só agora me dando conta de que esse pode ser um dos motivos pelo qual me encaram.
