paciência | narradora (gatilho crise)

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O próximo dia amanheceu com o céu carregado, nuvens densas encobrindo qualquer sinal de sol. Sina mal conseguiu dormir, os eventos da noite anterior ainda girando em sua cabeça. A conversa com Sabina havia ajudado a aliviar parte do peso que sentia, mas não foi suficiente para dissipar a confusão dentro de si. Ela se levantou da cama, sentindo os músculos tensos, e fez o máximo para afastar os pensamentos sobre Noah enquanto se preparava para o dia.

Vestiu-se rapidamente, optando por roupas que lhe dessem uma sensação de controle: uma calça jeans preta justa, botas de cano alto e uma camiseta vermelha que contrastava com a escuridão do céu. Passou o delineador com precisão, criando uma linha afiada nos olhos, como uma armadura sutil contra o que quer que fosse encontrar. Ao sair do prédio, a chuva começou a cair, primeiro em pingos finos, depois em uma cascata constante. Sina se encolheu sob a jaqueta, não gostando nem um pouco do frio úmido que Toronto parecia despejar sobre ela. Sem outra opção, decidiu pegar um café para se aquecer antes de seguir para a aula.

O café estava praticamente vazio quando ela entrou, o sino sobre a porta tilintando suavemente enquanto a chuva batia contra as janelas. O lugar era pequeno, mas aconchegante, com luzes quentes e um aroma de café recém-moído que imediatamente a acalmou um pouco. Ela pediu seu café habitual, esperou impaciente enquanto o barista preparava, e foi se sentar em um canto isolado.

Enquanto mexia a bebida sem muito interesse, seu telefone vibrou na mesa, um som abafado que ecoou de forma perturbadora em sua mente. Quando o pegou, notou uma mensagem de um número conhecido. Ela hesitou por um segundo, uma sensação de déjà vu invadindo-a antes de finalmente abrir a mensagem.

— Você deixou algo comigo ontem à noite. 

Seu coração pulou no peito, e ela sentiu o corpo inteiro se enrijecer

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Seu coração pulou no peito, e ela sentiu o corpo inteiro se enrijecer. Sem querer acreditar no que estava vendo, ela desceu a tela lentamente, e lá estava: uma foto. Uma imagem de sua calcinha branca de renda, a mesma que havia tirado na noite anterior e entregado a Urrea. Seu rosto ficou quente, uma mistura de vergonha e raiva tomando conta de si. Pensou: Realmente o maluco das calcinhas existe.
Sina respirou fundo, tentando controlar o tumulto de emoções que ameaçava explodir. Com os dedos ligeiramente trêmulos, respondeu de forma provocativa, decidida a não deixar Noah ver que ela estava abalada.

—  Engraçado, pensei que já tivesse perdido minha paciência com você.

A resposta veio quase instantaneamente.

— Isso seria uma pena, porque eu estou apenas começando, resolvi iniciar a coleção, ideia sua.

Sina mordeu o lábio, sentindo um arrepio percorrer sua espinha. Parte dela queria terminar aquela conversa ali, ignorá-lo e seguir com o dia como se nada tivesse acontecido. Mas a outra parte... A outra parte estava curiosa, sentindo a excitação que o perigo trazia. Ela decidiu jogar o jogo dele, mesmo sabendo que estava brincando com fogo.

Sina sentia o coração martelando contra o peito enquanto observava a tela do celular. A mensagem de Noah reverberava em sua mente, cada palavra carregada de uma promessa velada, uma ameaça tentadora que a prendia em uma teia de sentimentos conflitantes. Ela sabia que brincar com Noah era perigoso, mas havia algo nele que a puxava para mais perto, como mariposa atraída por uma chama que sabia que a destruiria.
Lá fora, a chuva continuava a cair pesada, abafando os sons da cidade e criando uma cortina que a separava do resto do mundo. O café, que antes parecia aconchegante, agora parecia sufocá-la. Ela precisava sair dali, precisava de ar, de espaço para organizar seus pensamentos antes que explodissem em sua mente como um vulcão em erupção.

mother tongue (noart fanfic)Onde histórias criam vida. Descubra agora