Mother Tongue mergulha nas profundezas emocionais de Sina Deinert, uma jovem estudante de Arquitetura, que luta contra seu transtorno de personalidade borderline enquanto navega pela intensidade de seus sentimentos e relacionamentos. Após perder par...
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Eu não sou o tipo de cara que fala sobre meus sentimentos. Nunca fui. Desde pequeno, aprendi que era mais fácil engolir o que estava sentindo do que colocar para fora. Talvez tenha sido algo que herdei do meu pai. Ele também não era de falar muito sobre o que passava pela cabeça dele. O que quer que fosse, ficou mais forte com o tempo. Aprendi a guardar as coisas para mim e não deixar ninguém se aproximar demais. Especialmente ela. Voltei para casa, pois estava frio demais para ficar refletindo sobre a vida na rua e voltei para o meu apartamento.
O barulho da porta do apartamento se abrindo me tirou dos meus pensamentos. Eu estava jogado no sofá da sala, com a TV ligada num volume baixo, mais para distrair minha mente do que por qualquer interesse real no que estava passando. Joshua entrou, jogando a mochila no chão e tirando os tênis como sempre fazia, mas algo no jeito que ele me olhou dizia que ele sabia que havia algo errado.
– E aí, cara? – ele disse, caminhando até a cozinha e pegando uma cerveja na geladeira. – Você tá com uma cara péssima.
– Valeu. – Eu revirei os olhos, sentindo o peso do dia nas minhas costas. Joshua sempre tinha esse talento de apontar o óbvio com um toque de ironia que eu não sabia se me irritava ou se me fazia rir.
Ele se jogou na poltrona em frente a mim, abriu a cerveja e tomou um gole longo antes de falar de novo.
– Ok, o que tá pegando? – Ele me encarou, e eu sabia que não ia escapar dessa. Joshua tinha esse dom irritante de saber quando eu estava me afundando em merda, mesmo sem eu abrir a boca. Melhor amigo e, pior ainda, irmão de Sina. Era como se ele sentisse quando algo com ela estava acontecendo.
Suspirei, passando a mão pelo rosto e parando a mão, especialmente na minha tatuagem de caveira, que tapava minha cicatriz tão significativa.
– Não é nada.
Ele levantou uma sobrancelha, claramente não convencido.
– Porra, Noah. Não começa. Eu te conheço desde que a gente era criança. Você não tá bem, e eu tô vendo isso há semanas.
Olhei para ele, sem saber direito como responder. O problema é que ele estava certo. Eu não estava bem, e não era só nas últimas semanas. Já fazia meses que as coisas estavam saindo dos trilhos. Só que admitir isso era complicado demais. Eu não sabia nem por onde começar.
Joshua tomou mais um gole da cerveja, sem tirar os olhos de mim, como se estivesse me pressionando com o silêncio. Eu odiava isso. Ele era meu melhor amigo, e eu sabia que podia confiar nele, mas... isso era diferente. Eu estava lidando com algo que ele jamais entenderia completamente. Como ele poderia, quando se tratava da irmã dele?
Finalmente, eu quebrei o silêncio.
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