despertar | narradora

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O Despertar

Após duas semanas de coma, Sina finalmente deu sinais de que estava acordando. Noah estava ao lado dela, como sempre, quando notou os dedos dela se mexendo levemente. Ele ficou paralisado por um segundo, o coração acelerando.

— Sina? — ele sussurrou, inclinando-se para mais perto.

Os olhos dela começaram a se abrir lentamente, piscando contra a luz fraca do quarto de hospital. Noah sentiu as lágrimas inundarem seus olhos ao ver aqueles olhos que tanto amava voltarem à vida.

— Sina, você está acordada — ele disse, a voz embargada de emoção.

Ela piscou algumas vezes, parecendo confusa, como se estivesse tentando entender onde estava. Quando finalmente seus olhos se focaram nele, algo dentro de Noah se quebrou.

— Quem... quem é você? — ela perguntou, a voz fraca, mas cheia de incerteza.

Noah congelou. Quem sou eu? As palavras dela eram como facas em seu peito.

— Sou eu, Noah... seu namorado... — ele respondeu, a voz vacilando.

Sina franziu a testa, claramente confusa. Ela olhou ao redor, tentando entender, mas nada parecia fazer sentido para ela. As lágrimas de Noah caíram livremente agora. Ela não se lembrava dele. Não se lembrava de quem ele era, do que eles tinham construído juntos.

O médico entrou logo em seguida, percebendo o tumulto no quarto. Ele já esperava que algo assim pudesse acontecer. A queda e o trauma na cabeça poderiam ter causado uma amnésia temporária, e ele explicou isso a Noah.

— Pode ser que a memória dela volte com o tempo, Noah — o médico disse, com um tom calmo. — Mas não há garantias. Ela precisará de tempo para se recuperar.

Noah assentiu, tentando processar a ideia de que a mulher que ele amava não sabia quem ele era. Mas ele sabia de uma coisa: não importava quanto tempo levasse, ele estaria lá. Sempre.

— Eu te amo, Sina. Mesmo que você não se lembre de mim agora, eu vou estar aqui, e um dia você vai se lembrar — Noah sussurrou, apertando a mão dela com delicadeza, mas sem intenção de soltar.

Sina o olhou, confusa e cansada, sem palavras para oferecer. E assim começou a jornada de reconquistar a mulher que ele amava, enquanto ela redescobria quem era e, talvez, quem eles poderiam ser juntos.

As semanas que se seguiram ao despertar de Sina foram uma montanha-russa emocional para todos ao redor. Noah se mantinha firme, sempre ao lado dela, embora o vazio da memória de Sina o esmagasse a cada momento. Ele conversava com os médicos diariamente, tentando entender o processo de recuperação dela e quando, ou se, as lembranças poderiam retornar.

Sina, por outro lado, se sentia perdida. Sua vida antes do acidente parecia uma nuvem nebulosa de sensações e imagens indistintas. Não havia qualquer lembrança clara sobre Noah, Alex, Sabina, ou qualquer um dos momentos felizes que havia compartilhado com eles. O único sentimento que permanecia era a sensação de que algo vital havia sido arrancado de dentro dela.

No apartamento de Noah

— Você pode me contar de novo? — Sina perguntou, sentada na pequena mesa da cozinha, enquanto Noah preparava um café.

Ele se virou, com um sorriso forçado, já acostumado à pergunta, mas ainda machucado com o fato de ter que contar sempre.
— Claro, Sina. — Ele pegou a caneca, colocando-a suavemente diante dela, antes de se sentar ao seu lado.

— Nos conhecemos quando éramos crianças, na escola. Você e Josh, seu irmão, eram meus melhores amigos. Mas quando você cresceu, perdeu a memória depois de um acidente, e não se lembrava de mim. Mesmo assim, acabamos nos aproximando de novo... até começarmos a namorar.

Ela olhou para ele, franzindo o cenho levemente, como se tentasse encaixar as peças de um quebra-cabeça que não fazia sentido.
— Isso parece tão... distante. Como se fosse a história de outra pessoa. — Sina suspirou, pegando a caneca entre as mãos, sem beber o café.

— Eu sei — ele disse suavemente, tentando não demonstrar o quanto isso o machucava. — Mas estou aqui por você. Vamos dar tempo ao tempo.

Sina observava Noah com uma mistura de fascínio e frustração. Havia algo no jeito como ele a olhava, algo em seus olhos verdes intensos que a faziam querer se lembrar, mas quanto mais ela tentava, mais a memória se recusava a emergir. Era como tentar segurar areia que escorria entre os dedos.

— O que você sente por mim? — ela perguntou, quebrando o silêncio que havia se formado entre eles. A pergunta pegou Noah de surpresa, e ele precisou de um momento para processar.

— Eu te amo, Sina. Sempre amei — ele respondeu, a voz firme, mas carregada de emoção. — E nada vai mudar isso, nem mesmo se você nunca se lembrar de mim.

As palavras dele a atingiram com força. Ela não sabia como responder, então apenas olhou para ele, tentando captar a sinceridade em seu tom. Ela sabia que Noah estava sendo verdadeiro, mas isso não facilitava o que estava acontecendo dentro dela. Sina queria desesperadamente se lembrar desse homem que a olhava com tanta devoção.

mother tongue (noart fanfic)Onde histórias criam vida. Descubra agora