pós nós | narradora

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A cidade de Toronto estava em plena transformação à medida que o verão se aproximava do fim. As folhas das árvores começavam a mostrar sinais de uma paleta outonal, e o campus da Universidade Camel estava repleto de estudantes ansiosos para o início das novas aulas. Era uma época de renovação e expectativa, e para Sina e Noah, isso significava a oportunidade de explorar um novo capítulo em suas vidas.

Naquela manhã, o ar fresco parecia carregar uma promessa de mudança. Sina acordou cedo, seu coração ainda palpitando com a mistura de nervosismo e expectativa que sentia desde a conversa no café com Noah. A revelação sobre a carta e os sentimentos que ela evocou havia começado a transformar sua perspectiva, mas a jornada para reconstruir uma conexão com Noah era um terreno desconhecido e intimidador.

Depois de uma noite de sono inquieto, Sina decidiu dar uma caminhada pelo campus. O sol ainda estava baixo no céu, lançando uma luz suave sobre os edifícios históricos e os novos complexos arquitetônicos que misturavam o antigo e o moderno. Ela passava por cafés e livrarias, lugares que antes eram seu refúgio, mas que agora pareciam ter um significado diferente. A presença de Noah em sua vida começava a se manifestar em pequenos detalhes do seu cotidiano, como um lembrete constante da complexidade de seus sentimentos.

Enquanto caminhava, Sina encontrou Sabina em um dos cafés preferidos delas. Sabina estava sentada perto da janela, os cabelos loiros em ondas soltas caindo sobre os ombros e um livro de psicologia aberto à sua frente. Ao ver Sina, Sabina sorriu e fez um gesto para que ela se juntasse.

— Ei, Sina! — Sabina exclamou. — Como foi a conversa com Noah?

Sina se sentou, tentando ocultar a ansiedade que ainda a consumia.

— Foi... interessante, para dizer o mínimo. Conversamos bastante sobre o passado, sobre a carta, sobre o que aconteceu depois que perdi a memória.

Sabina fechou o livro e a olhou com atenção.

— E como você se sente agora? Parece que você está carregando um peso.

Sina respirou fundo, buscando as palavras certas.

— Eu sinto que estou começando a entender mais sobre mim mesma e sobre o Noah. A carta foi um choque, mas também me ajudou a ver que, de certa forma, sempre houve uma conexão entre nós, mesmo com tudo o que aconteceu. -

Sabina deu um sorriso encorajador.

— Isso é um bom começo. Às vezes, enfrentar o passado é o primeiro passo para encontrar um novo caminho. E é claro, você tem o apoio de todos nós, especialmente o meu.

Sina agradeceu com um sorriso, e as duas conversaram sobre outros assuntos enquanto o café se enchia de movimento. Após se despedirem, Sina seguiu para a aula com uma sensação de determinação renovada.

A aula daquele dia foi uma mistura de normalidade e desafio. Sina se concentrou nas discussões acadêmicas, mas sua mente frequentemente voltava à conversa com Noah e ao impacto que isso tinha em seu estado emocional. Cada vez que ela via um aluno passando, seu coração acelerava, antecipando um possível encontro com Noah ou uma nova interação que poderia desenterrar mais sentimentos.

Finalmente, o dia de aula chegou ao fim, e Sina decidiu que era hora de colocar em prática o que havia aprendido. Ao passar pela biblioteca, ela viu Noah sentado em uma das mesas de estudo, mergulhado em livros e anotações. A visão dele, tão concentrado e imerso no trabalho, fez com que Sina sentisse uma onda de compaixão e curiosidade.

Ela hesitou por um momento antes de se aproximar.

— Ei, Noah. — Ela disse, sua voz suave, mas carregada de intenção. — Você tem um minuto?

Noah levantou a cabeça, surpreso ao vê-la. Seu rosto iluminou-se com um sorriso genuíno.

— Claro, Sina. — Ele respondeu, sinalizando para que ela se sentasse. — O que você precisa?

Sina se sentou à mesa, observando-o com uma expressão contemplativa.

— Eu estava pensando sobre a nossa última conversa e sobre o quanto descobri sobre mim mesma. Acho que precisamos falar mais sobre isso. Sobre o que significa reconstruir nossa amizade e lidar com o passado.

Noah assentiu, parecendo atento.

— Concordo. Às vezes, a melhor maneira de entender as coisas é enfrentar, discutir e refletir. Vamos falar sobre isso.

O diálogo começou com uma sinceridade crua. Sina e Noah discutiram suas experiências passadas, suas percepções sobre a amizade e a maneira como a memória e o ressentimento moldaram suas vidas. Noah falou sobre a dor de perder Sina e o impacto da amnésia em sua própria vida. Sina, por sua vez, revelou as emoções complexas que sentia sobre a perda de memória e o ressentimento que carregava.

À medida que a conversa se aprofundava, ambos começaram a perceber que havia mais em jogo do que apenas o passado. Havia um presente que precisava ser explorado e um futuro que poderia ser construído com base nas lições aprendidas. Noah e Sina estavam começando a se conhecer novamente, mas com a sabedoria adquirida através das experiências passadas.

O encontro foi longo e intenso, com ambos explorando suas vulnerabilidades e se abrindo para novas possibilidades. Quando finalmente se levantaram para se despedir, havia uma sensação de progresso e entendimento mútuo.

Nos dias que se seguiram, Sina e Noah continuaram a se encontrar regularmente. Eles decidiram participar de atividades juntos, explorar novos interesses e, principalmente, construir uma nova base para sua amizade. A cada encontro, eles compartilhavam mais sobre suas vidas e aprendiam a respeitar as diferenças e semelhanças que encontravam.

Um dos momentos mais significativos foi quando Noah convidou Sina para uma caminhada pelo centro da cidade. Eles exploraram galerias de arte, pararam em cafés e discutiram sobre a vida, a arte e o significado das experiências compartilhadas. Foi durante essa caminhada que eles tiveram uma conversa particularmente profunda sobre suas expectativas e medos.

— Você já pensou sobre o que deseja para o futuro? — Noah perguntou, enquanto caminhavam pelo calçadão.

Sina olhou para o horizonte, refletindo sobre a pergunta.

— Eu tenho sonhos, claro. Mas, depois de tudo o que aconteceu, acho que estou mais focada em encontrar um equilíbrio. Em encontrar um caminho que me permita ser verdadeira comigo mesma e com os outros.

Noah sorriu.

— Eu sinto o mesmo. Acho que todos nós estamos em busca de um equilíbrio, uma forma de sermos autênticos e, ao mesmo tempo, encontrar nosso lugar no mundo.

A conversa os levou a refletir sobre suas próprias jornadas, os desafios que enfrentaram e as mudanças que desejavam fazer em suas vidas. Eles estavam começando a ver um futuro possível, não apenas como amigos, mas como pessoas que poderiam se apoiar mutuamente em suas jornadas individuais.

Toronto, com sua vibrante vida cultural e seus desafios urbanos, servia como um cenário dinâmico para essa nova fase de suas vidas. O cenário da cidade, com suas complexidades e diversidade, refletia as nuances do relacionamento que estava se formando entre Sina e Noah. E assim, com uma nova perspectiva e um entendimento mais profundo de si e um do outro, Sina e Noah estavam prontos para enfrentar o que o futuro lhes reservava, juntos ou separados, mas sempre com um novo sentido de clareza e esperança.

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