- Eu só queria terminar os estudos sem ser notado e seguir com a minha vida. Esse era o plano: passar despercebido, sobreviver ao colégio interno, e sair daqui sem nenhuma complicação. Tudo parecia tão simples na minha cabeça - uma missão possível...
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𝐒𝐚𝐬𝐚𝐤𝐢 𝐎𝐍
O barulho irritante do meu alarme toca pela segunda vez. Desligo pelo Apple Watch, já sabendo que provavelmente estou atrasado. Não que eu ligue para isso. Viro-me na cama, sem a menor vontade de levantar, e olho para a cama do outro lado do quarto, já arrumada. O tampinha acorda cedo mesmo. Meu alarme toca de novo, reviro os olhos e me arrasto da cama para me preparar para mais um dia de tédio. O banho é rápido, só o suficiente para a água fria me despertar. Depois, vou até o guarda-roupa, visto o maldito uniforme ridículo, pego minhas coisas e saio do quarto.
Parei em uma das máquinas de bebida e pego um café gelado. Eu não devia ter ido dormir tão tarde ontem. Bocejo enquanto a lata cai.
— Bom dia, Sasaki! — grita Hinare, me abraçando animada, mesmo sabendo que detesto esse tipo de grude.
— Oi pra você também, agora solta. — falo, e ela finalmente me solta.
— Seu chato! — Ela me mostra a língua.
— Olha quem fala... a chata em pessoa. — retruco.
— Vocês dois são insuportáveis. — Shizui aparece rindo. — Vamos logo, o sinal já tocou.
— Ah, não... — Hinare reclama, fazendo manha. — Podíamos matar aula e ficar no jardim.
— Eu topo. — sorrio, desafiador.
— O ano mal começou e vocês já querem matar aula. Às vezes, nem sei como conseguem passar de ano. — Shizui balança a cabeça, reprovando.
— Nem todo mundo precisa ser um nerd igual você pra se dar bem nas provas. — Hinare ri.
— Desculpa se eu me importo com o meu futuro. Agora anda logo, senão a gente vai chegar atrasado. — Shizui fala, rindo.
Hinare faz uma careta, mas seguimos para a sala. Ao entrar, sou atingido pela mesma sensação entediante de sempre. As carteiras arrumadas em fileiras, o burburinho dos alunos já presentes... nada nunca muda. Passo por Yuri, dou um sorriso sarcástico, que ele ignora. Me sento atrás dele, e logo o sensei de história entra na sala. O som ao redor é abafado pelos meus próprios pensamentos. Olho pela janela e me perco por um momento, observando o céu. Sinto uma breve, mas passageira, sensação de liberdade...
— Sasaki! — Shizui me chama, me tirando do transe.
— O que foi? — respondo, impaciente.
— Parece que a aula hoje vai ser em dupla. O sensei vai passar um trabalho.
— E daí? A gente sempre faz em dupla.
— Não dessa vez. As duplas vão ser sorteadas. — O sensei explica. Minha fileira é a primeira.
— Que saco. — solto um suspiro exagerado e me levanto. Pego um papelzinho da caixa e volto pro meu lugar, sem muito interesse.
— Qual número vocês tiraram? — Hinare pergunta, curiosa.
