- Eu só queria terminar os estudos sem ser notado e seguir com a minha vida. Esse era o plano: passar despercebido, sobreviver ao colégio interno, e sair daqui sem nenhuma complicação. Tudo parecia tão simples na minha cabeça - uma missão possível...
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𝐃𝐢𝐚 𝐬𝐞𝐧𝐠𝐮𝐢𝐧𝐭𝐞 / 𝐈𝐧𝐭𝐞𝐫𝐯𝐚𝐥𝐨
𝐒𝐚𝐬𝐚𝐤𝐢 𝐎𝐍
Despertei com a voz insistente de Shizui, que parecia mais um despertador humano.
— Sasaki! Acorda! É hora do intervalo.
— Com certeza ele deve ter virado a noite lendo aqueles livros chatos dele. — Hinare comenta com um sorriso de canto, mal disfarçando o riso.
— Já acordei, Hinare, agora pode parar de falar de mim. — Respondo, soltando um bocejo e notando que a sala já está vazia, o silêncio quase ensurdecedor. A luz do sol entra pela janela, iluminando o que parece ser um dia sem fim.
— Finalmente, a bela adormecida resolveu acordar. — Ela revira os olhos, mas há um toque de preocupação em seu tom.
— Cara, você dormiu nas três primeiras aulas inteiras. O que aconteceu? — Shizui pergunta, com um tom de preocupação que só aumenta minha irritação.
— Nada que seja da conta de vocês. — Digo, desviando o olhar pela janela. Meus olhos encontram Yuri e Matsuda conversando no pátio, rindo de algo que só eles entendem. Uma leveza incomum toma conta do rosto de Yuri, e por um instante, fico... surpreso. Ele parece tão livre, como se as preocupações do mundo não tivessem espaço ali.
— Não sabia que o tampinha e o Matsuda eram amigos. — Comento, tentando soar desinteressado, enquanto Hinare se vira para olhar também.
— Amigos? — Ela ri como se soubesse de algo que não sei, e a expressão dela me irrita.
— O que foi? — Pergunto, franzindo o cenho, sentindo a inquietação crescer dentro de mim.
— Você não percebeu aquele dia na área de recreação? — Ela responde, como se eu fosse o único cego na situação.
— Perceber o quê?
— Nossa, como você é lerdo! O Naoki tá afim do Satoshi. — Ela fala com um tom divertido, e minha barriga se aperta.
— Cara, até eu percebi isso. — Shizui completa, rindo.
— Acho que eles vão acabar ficando juntos. — Hinare fala, com um brilho de expectativa nos olhos, e o meu coração acelera involuntariamente.
— Juntos? — Minha resposta sai mais seca do que eu pretendia, como se eu estivesse tentando desviar de um assunto que me incomodava.
— Pois é, esqueci de contar: o Satoshi é gay. — Hinare diz, casual, como se estivesse comentando o clima. — Tô torcendo para eles se pegarem logo. Formam um casal tão fofo.
Meu estômago dá um nó. Yuri é gay? Isso muda um pouco as coisas. Por que eu não percebi antes? Uma sensação estranha toma conta de mim, uma mistura de curiosidade e um incômodo que eu não consigo definir.
