𝐂𝐚𝐩í𝐭𝐮𝐥𝐨 𝟏𝟏

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Acordo com uma dor de cabeça latejante, como se algo dentro de mim pulsasse com uma intensidade que não consigo explicar

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Acordo com uma dor de cabeça latejante, como se algo dentro de mim pulsasse com uma intensidade que não consigo explicar. Há uma dormência inquietante no meu braço esquerdo, o que me deixa ainda mais desorientado. Meus olhos se abrem devagar, pesados, e a primeira coisa que vejo é Yuri, deitado sobre meu braço, o peito subindo e descendo em um ritmo suave. Seu cheiro — o mesmo do meu sabonete — parece de alguma forma mais presente nele, quase como se fosse parte de sua pele, se misturando àquele ar tranquilo que ele exala. Isso me pega de surpresa. Instintivamente, afasto uma mecha de cabelo que caiu sobre seu rosto, e por um segundo hesito. Ele parece tão... leve. Livre. Sem a tensão que vejo nele todos os dias, no colégio. Sua expressão é quase angelical. Por que estou notando essas coisas? Por que estou me prendendo a esses detalhes?

Sinto algo pesado no peito. Talvez a dor de cabeça, talvez outra coisa. Desvio o olhar rapidamente, tentando expulsar o pensamento antes que crie raízes. Deslizo para fora da cama com cuidado, como se o menor movimento pudesse quebrar algo, acordá-lo ou, pior, me fazer encarar o que está começando a se formar na minha cabeça. Vou ao banheiro, lavo o rosto, escovo os dentes, tudo no piloto automático, tentando me agarrar a qualquer coisa que pareça normal.

Pego o celular e saio do quarto, fechando a porta com cuidado. Na cozinha, o barulho da cápsula de café caindo na máquina me dá uma sensação de normalidade, algo que eu estou precisando agora. O aroma do café invade o ar, mas não consigo me desligar, a imagem de Yuri dormindo permanece na minha cabeça. Pego um cigarro, acendo, e vou até a sacada. Dou um trago, enquanto olho para a paisagem. O dia está bonito, como se estivesse em desacordo com o que sinto por dentro.

Talvez amanhã tudo volte ao normal. Talvez seja apenas o efeito da ressaca e do cansaço. Mas, no fundo, algo me diz que aos poucos, tem algo em mim que esta mudando. So nao consigo saber o que é ainda.

O som da fechadura ecoa pela casa. Um estalo simples que me tira dos meus pensamentos.

— Já falei para não entrar assim. Qual é o seu problema? Nunca ouviu falar de campainha? — reclamo, sem sequer me dar o trabalho de virar.

— Por que eu tocaria se posso simplesmente entrar? — Haruki responde com sua típica irreverência, jogando as chaves da minha moto sobre a mesa. O som metálico reverbera no silêncio da sala. — Trouxe a sua moto.

— Dá para falar mais baixo? — resmungo, sentindo minha cabeça latejar, enquanto o peso da noite anterior me aperta as têmporas.

— Encheu a cara ontem, foi? Devia ter me avisado que ia sair do colégio. — Ele acende um cigarro ao meu lado, a fumaça se espalhando lentamente, e eu sinto o cheiro familiar me envolver.

— Não torra o saco logo cedo, não estou com paciência.

— Cedo? Já são quase duas da tarde.

— Foda-se, eu acabei de acordar.

— Cadê o seu amigo? — ele pergunta, com um olhar curioso.

— Tá dormindo. — Digo sem muita vontade de prolongar a conversa.

Nem tudo são flores (Yaoi/Bl) Onde histórias criam vida. Descubra agora