- Eu só queria terminar os estudos sem ser notado e seguir com a minha vida. Esse era o plano: passar despercebido, sobreviver ao colégio interno, e sair daqui sem nenhuma complicação. Tudo parecia tão simples na minha cabeça - uma missão possível...
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𝐃𝐢𝐚𝐬 𝐝𝐞𝐩𝐨𝐢𝐬...
𝐐𝐮𝐚𝐫𝐭𝐚-𝐟𝐞𝐢𝐫𝐚 𝟎𝟕:𝟒𝟎 𝐀𝐌
𝐒𝐚𝐬𝐚𝐤𝐢 𝐎𝐍
A batida na porta do meu quarto é insistente, mas eu finjo que não ouço, desejando que a pessoa vá embora. Rolo na cama incarando o outro lado quarto vazio. Como sempre, ele saiu cedo... A pessoa continua batendo, e eu respiro fundo, soltando um suspiro exagerado de frustração antes de me levantar.
— O que você quer, Shizui? — pergunto, virando as costas e me jogando de volta na cama. O ar ainda está impregnado com o cheiro do lençol, e por um momento, lamento ter que sair dele.
— Sério que você ainda não se vestiu? Vamos nos atrasar... de novo. — Ele entra no quarto, cruzando os braços, a expressão de quem já está cansado das minhas desculpas.
— Eu não vou pra aula.
— Vai acabar repetindo desse jeito. Para de ser irresponsável e levanta dessa cama. — Ele me lança o travesseiro que pertence a Yuri, como se isso fosse algum tipo de motivação.
— Não exagera. Não é como se eu fosse perder algo importante. — Eu me viro para a parede, abraçando o travesseiro que ele jogou. O cheiro ainda é do Yuri, hum... e cheiroso.
— Sasaki, é semana de prova.
— Que saco. Achei que só tivesse na segunda. — Minha voz sai quase em um sussurro, como se estivesse falando para mim mesmo.
— Não. Tem prova hoje e na sexta Saberia disso se parasse de matar aula. — Ele ri, mas eu vejo a preocupação nos olhos dele. Ele se importa, e isso só me irrita mais.
Reviro os olhos e me levanto da cama, finalmente decidido a enfrentar o dia.
Depois de me arrumar, pegamos nossas coisas e descemos até a máquina de bebidas.
— Bom dia, meus amores! — A voz de Hinare é como um raio de sol, vibrante e cheia de energia, enquanto abraça Shizui. Eu nunca vou entender como alguém consegue ser tão animado logo pela manhã.
— E aí. — Respondo, meu tom baixo e desanimado.
— Bom dia, sua chata. — Shizui brinca, bagunçando o cabelo dela com um carinho que eu percebo ser mais íntimo do que antes. Ultimamente, eles têm estado... diferentes, mas prefiro não pensar muito nisso. Eles começam a conversar, e eu deixo minha mente vagar.
Então eu vejo. À distância, como uma sombra familiar, está Yuri com Matsuda. Eles estão tão próximos, conversando e rindo, e um nó se forma no meu estômago. O jeito leve como Yuri sorri, a facilidade com que se comunica com Matsuda... Isso me provoca uma mistura corrosiva de frustração e algo mais profundo, que não consigo nomear, mas que parece me consumir por dentro. Por que Yuri é assim quando está com ele? Essa pergunta ecoa na minha mente, pesada e insuportável.
