O quarto amanheceu vazio. A frustração dentro de mim só cresce enquanto olho para a cama ao lado, igualmente desocupada. Não consegui falar com ele ontem. Procurei pelo colégio, mas Yuri estava sempre um passo à frente, colaramente me evitando. Quando voltei para o quarto, ele já estava dormindo. Hinare mencionou à noite que ele iria para casa neste fim de semana. Droga, Yuri, por que você tem que complicar tudo? Suspiro, levanto da cama com um peso no peito e vou para o banheiro.
A água fria do chuveiro ajuda a me despertar e, por um breve momento, clareia minha mente. Mas a ausência de Yuri pesa como uma pedra no estômago. Será que ele está mesmo me evitando? Termino o banho e, enquanto me visto, meus pensamentos voltam para ele. Arrumo minhas coisas na mochila e saio do quarto. No hall de entrada, Shizui já está me esperando.
— E aí. Cadê a chatice? — Tento disfarçar o mau-humor me aproximando.
— Ele acabou de me mandar mensagem, já está descendo. E você, conseguiu falar com o Satoshi ontem?
— Não... nem vi ele.
— Será que ele vai à festa hoje à noite? Talvez vocês consigam conversar.
— Duvido. — Suspiro. — Ele está me evitando. Acho que nem quer falar comigo.
— A Hinare disse que o chamou, mas ele recusou.
— Pois é... parece que ele está fugindo de mim.
Shizui não diz mais nada, mas percebo que está pensando no que responder. Antes que o silêncio fique desconfortável, Hinare surge com sua energia habitual.
— Bom dia, meus amores! — Ela diz animada, correndo para os braços de Shizui, que a recebe com um abraço. A diferença de tamanho entre eles é quase cômica, mas de alguma forma eles combinam. Ao vê-los juntos, sinto uma mistura de felicidade por eles e... uma leve pontada de ciúmes. Não por querer o que eles têm, mas por me lembrar de tudo o que falta na minha vida.
— Parem com isso, vou acabar vomitando.
— O que foi, Sasaki? Quer um abraço também? — Hinare ri e se aproxima, tentando me abraçar.
— Não, sai fora. — Dou um passo para trás, evitando o contato.
— Você é insuportável logo cedo, sabia? — Ela ri, voltando para os braços de Shizui.
O celular de Shizui vibra, interrompendo a cena.
— Minha mãe já mandou três mensagens, perguntando se estamos indo. Ela preparou um café da manhã especial pra gente.
— Eba! Eu amo as coisas que sua mãe faz! — Hinare responde, visivelmente empolgada.
— Tá, chega de grude vocês dois. — Tento ignorar a crescente sensação de solidão que me acompanha como uma sombra. — Já aviso: se começarem a se pegar perto de mim, vou embora.
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Nem tudo são flores (Yaoi/Bl)
Fanfiction- Eu só queria terminar os estudos sem ser notado e seguir com a minha vida. Esse era o plano: passar despercebido, sobreviver ao colégio interno, e sair daqui sem nenhuma complicação. Tudo parecia tão simples na minha cabeça - uma missão possível...