17

1.8K 189 20
                                    

Pedro

Depois do fim de semana com o Wg eu não paro de pensar naquele filho da puta, principalmente depois daquilo... Eu realmente vou enlouquecer e a culpa vai ser toda dele. Estamos conversando (brigando) todos os dias tanto pelo insta quanto pelo whatsapp, nossa ideias as vezes não batem legal e acaba gerando uma discussão, nada muito sério, ele sempre fala que vai "estourar minha cabeça com uma bala" ou "quebrar minhas pernas", mas faz mais de um mês que nos conhecemos e ele sempre fala a mesma coisa, tomara que seja blefe.

Nesse momento estou me organizando para ir para a faculdade, eu só estudo a parte da manhã então tenho todo o resto do dia livre, graças a Deus. O chato é que fico praticamente só lá, ainda não estou de bem com o Lucas, ele vai ter que ralar muito para ter meu perdão.

Fui até a garagem pegar meu carro e vou em direção a faculdade escutando meu Coldplay, até que vejo que meu pai está me ligando, o dia estava bom de mais para ser verdade.

- Oi, pai.-Ninguém merece esse homem chato pela manhã-

-Já está indo para a faculdade? -Ele tá perguntando isso mas sei que ele tá querendo me dá uma bronca por alguma coisa que ainda não sei o que é-

-Sim, pai. - Eu não mereço isso, eu não mereço isso, vou surtar-

-Qual o motivo de não ter vindo ver seus pais no fim de semana? Quer que eu tire o apartamento e carro? -começou- Na próxima vez que você 'furar' um compromisso sério comigo e sua mãe, nós não iremos conversar apenas por telefone, está me ouvindo?

-Sim, pai. -Falo baixo, sei que se eu revidar vai ser bem pior-

-Você é um papagaio? Só fala isso? -Mais provável ele me matar com esses sermões do que o Wg me ameaçando todo dia com uma Glock, sem querer acabo rindo alto. É hoje que vou morrer.- Você está debochando de minha cara Pedro? Venha aqui depois da faculdade, vamos ter uma conversa séria. -Desliga-

Me fodi. Eu odeio ir na casa dos meus pais, eu odeio meu pai. Ele nunca foi presente, sempre resolve as coisas na base da humilhação, fala coisas que machucam e se eu revidar ainda me bate, é mole?

Isso acontece desde que me conheço por gente. E minha mãe é uma dodoca que só pensa em duas coisas, dinheiro e bolsas. Quando eu era pequeno ela ainda me defendia quando meu pai me batia, mas depois ela fingia que não via, acho que isso faz ela se sentir melhor. Com o tempo as "lições" que meu pai me dava não doía apenas o corpo depois de levar as surras, doía também o peito, a cabeça, os olhos de tanto chorar e meu nariz de tanto cheirar.

Acabei desenvolvendo uma forte depressão, não queria sair de casa e quando saia era pra ir comprar drogas, essa era a única coisa que me permitia fugir da realidade até o dia que tive uma overdose no meu quarto. Quem estranhou meu sumiço naquele dia foi a funcionária lá de casa, meus pais estavam ocupados demais para sentir que havia algo de estranho comigo, todo mundo via, menos os mais importantes. Me lembro que quando acordei a primeira coisa que ganhei dos meus pai não foi um abraço ou até um xingamento que demonstrava que tinha sentido medo que eu morresse. Pelo contrário, a única coisa que ele me disse foi que se eu quisesse morrer era pra fazer isso de uma forma que não acabasse com sua reputação, naquele momento eu preferia ter morrido.

Depois desse episódio eu nunca mais usei qualquer tipo de drogas ilícitas, isso foi quando eu tinha 16 anos. Depois de tanto resistir as coisas que meu pai ditam hoje prefiro obedecer para ter minha própria liberdade. Mesmo que ele me fique me ameaçando falando que vai tirar meu apê e carro eu sei que não é verdade, aquele velho não suportaria ter que me ver todos os dias.

Passo a manhã toda pensando e pensando, não prestei atenção de porra nenhuma na aula. Só imaginando o sermão daquele velho, saindo de lá preciso transar para tirar o estresse. Pego meu carro e vou em direção ao hospício vulgo casa dos meus pais. Chego lá e vejo meus pais sentados me esperando, família linda.

-Oi, como vocês estão? - Se meu pai tivesse uma arma aqui era bem mais fácil eu ir de arrasta do que o Wg jurando me matar toda hora, o velho quase me deu um tiro só em olhar pra mim.-

-Como acha que estamos Pedro? Marcamos uma jantar no sábado e você não veio, ficamos plantados te esperando e você nem ao menos mandou mensagem falando que não ia vir. Parabéns, você é um belo de um inútil. -Começou-

-Não precisa falar assim também amor, deve ter acontecido algum imprevisto, né filho? -Minha mãe tenta aliviar pro meu lado, mas não deu muito certo, ele ainda me olha querendo me matar.-

-Sim, eu acabei pegando a virose e ficando mal mesmo. E não quis preocupar vocês, me perdoem. - mente que nem sente-

- Não tem problema meu filho, você vem nesse. -Minha mãe aliviou legal pra mim- Você vem sábado, mamãe estava morrendo de saudade do neném dela.

-Por isso que esse moleque parece um viadinho, isso não é jeito de falar com homem Carmem, ele é homem e não é um viado. - começou 2.0-

Depois de todo o sermão que eu levei do César fomos almoçar, eu estava morrendo de fome e essa comida estava uma delícia. Pelo menos uma coisa boa. Fiquei por lá até umas 15 horas, fui guerreiro, depois fui embora pra casa e depois na academia. Fui me aquietar em casa era por volta das 18 horas, até que me lembrei que preciso desestressar então liguei para o meu calmante de hoje. Dois toques e ele atendeu.

- Late Playba -esse cara é insuportável-

-Quer vir aqui em casa não? -pergunto-

-Fazer o que? Vai me matar? Só pode ser isso pra tu me chamar pra ir aí -ele conseguiu me estressar mais ainda-

-Ah, vai se fuder.

-Calma aí Playba, marca 10 que eu tô aí.

-Ótimo, vou te esperar...

Desligo a chamada e vou procurar algumas coisas que vou precisar daqui a pouco...



Quem é vivo sempre aparece, beijooooooooos....

Amor Criminoso Onde histórias criam vida. Descubra agora