Look At Me - Sahyo

18. Cartas na mesa

[Jihyo]

Depois de alguns dias intensos e mais um voo exaustivo, finalmente pisei de volta em solo coreano. O cansaço pesava, mas a ansiedade e as emoções recentes mantinham minha mente em constante atividade. Enquanto eu atravessava o aeroporto, avistei Mina, encostada no carro, acenando com um sorriso de alívio.

- Finalmente! - ela exclamou quando me aproximei.

- Oi, Minari. - Sorri, me permitindo relaxar pela primeira vez em dias. - Nossa, seu semblante está até leve. O que você fez, hein?

- Vivi dias intensos com Sana e suas amigas. - Ela piscou.

- E quando vai apresentar ela pra gente? - Mina sempre sabia o que dizer para me desarmar.

- Eu nem sei se vamos namorar, Mina. - Respondi, tentando manter uma postura mais racional, mesmo sabendo que a realidade era muito mais confusa do que isso.

- Jihyo, olha para você. Claramente está gostando dela. Você voou para outro país só para vê-la. - Ela riu, balançando a cabeça.

- Isso não quer dizer nada. - Desviei o olhar pela janela, tentando me convencer daquilo também. Mas a verdade era que eu estava presa naquela linha tênue entre o que eu sentia e o medo do que tudo aquilo podia significar.

Mina riu, mas deixou o assunto de lado por um instante. Arrancou com o carro, e a familiaridade das ruas de Seul começou a passar pela janela.

- Se eu chamar ela para jantar em casa, acha que seria muita coisa? - Perguntei, tentando parecer casual, mas o nervosismo escapava na minha voz.

- Não, pelo contrário. Acho que ela gostaria da gente. - Mina respondeu, com a leveza de quem não estava emocionalmente envolvida na situação. - Mas... - ela me olhou de soslaio - Eu sei que você quer me apresentar a ela porque sou fã.

- Eu quero que você conheça ela porque é uma boa pessoa. - Suspirei. - Acredite, ela é.

Mina ficou em silêncio por um momento, processando tudo. Ela sempre soube quando algo me afetava profundamente, e, naquele instante, eu sabia que ela estava guardando perguntas para o momento certo.

- E então, convocada finalmente! - Ela sorriu, mudando de assunto para aliviar a tensão. - Isso vai ser ótimo para você. Dá visibilidade, e pode abrir portas para um clube novo.

- Você já descobriu quem são os novos sócios?

- Ainda não. Meu contato dentro do clube está tentando, mas parece que assinaram uma cláusula que mantém a identidade deles em segredo. Só o presidente e mais algumas pessoas sabem quem são.

- Estranho, não acha?

- Muito. - Ela balançou a cabeça. - Fica ainda mais suspeito quando você pensa que estão afastando a jogadora principal do time.

- Você sabe como isso aconteceu?

- A compra? Ou vender você?

- A compra. - Perguntei, intrigada.

- Todo clube tem suas ações na bolsa. Os antigos donos queriam vender por causa dos gastos. Esses novos acionistas apareceram, compraram metade das ações e se tornaram majoritários. Agora possuem quase 51%, e além disso, injetaram muito dinheiro no clube. Por isso, todos meio que respeitam as decisões deles.

- E qual é o seu plano? - Olhei para Mina, sabendo que ela sempre tinha algo em mente.

- Meu plano?

- Sim, você é tipo a irmã salvadora que sempre tem um plano para resolver tudo. - Sorri, me sentindo reconfortada pela segurança que ela sempre me transmitia.