032 | Colômbia

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Ana

Eu estava na casa da Luara, jogada no sofá, com o celular na mão. Já fazia um tempo que o Richard tinha ido pra Colômbia e, até agora, ele não tinha mandado nenhuma mensagem. Nada. Nenhum sinal de vida. O silêncio dele me incomodava, mais do que eu queria admitir. E isso me deixava... paia. Paia de um jeito que me fazia questionar as últimas conversas, principalmente a discussão ridícula que a gente teve.

Fiquei rolando o feed do Instagram, tentando fingir que não me importava. "Ele tá na Colômbia, tem outras prioridades", tentei me convencer. Mas a verdade era que eu esperava, no mínimo, um "cheguei". Só isso já resolveria parte dessa angústia que tava crescendo no meu peito. Mas nada.

  – Ele foi, né? — comentei, soltando o celular na mesa, minha voz carregada de ironia.

Luara olhou pra mim por cima da xícara de café, o olhar dela cheio de julgamento, mas também de compreensão.

  – Ana, como ele ia te contar alguma coisa se você fez aquilo? — Ela falou, como se fosse a coisa mais óbvia do mundo.

Eu já sabia o que ela ia dizer, mas isso não me impediu de sentir a cutucada. Cruzei os braços, soltando um suspiro pesado. Não era fácil admitir, mas Luara estava certa.

  – Eu só... não sei o que ele quer de mim. E aí, quando ele fica tentando colocar rótulos ou jogando essas indiretas, eu me irrito — tentei me justificar, mesmo sabendo que estava soando ridícula.

Luara riu de leve, balançando a cabeça.

  – E você acha que ele vai continuar tentando se toda vez que ele tenta, você foge ou trata ele mal?

Ela tinha razão. Sempre tinha. Mas admitir isso doía mais do que eu estava disposta a encarar.

  – Talvez eu tenha exagerado. — Respondi, em um tom baixo, quase me arrependendo de ter admitido.

Luara levantou uma sobrancelha, esperando eu continuar.

  – Ele veio me perguntar por que eu apresentei ele como amigo pro meu pai, e eu joguei a bomba, sabe? Fui grossa, falei besteira... — Meus pensamentos voltavam àquela manhã. — Depois disso, ele ficou diferente. Não insistiu mais. E aí, foi embora sem nem me avisar que estava indo.

  – Não é que ele não quis te avisar, Ana. Ele simplesmente não soube como. — Ela me olhou com aquela expressão de "você tá complicando as coisas à toa". — O Richard gosta de você. Ele só não vai ficar correndo atrás eternamente, se você continuar empurrando ele pra longe.

O comentário dela me atingiu em cheio. Não era a primeira vez que eu ouvia isso. Mas ouvir alguém falando isso em voz alta, especialmente a Luara, me fazia encarar o problema de um jeito mais real.

  – Eu... — Comecei, mas não sabia nem o que dizer.

A verdade era que eu tinha medo. Medo de me deixar levar, de me envolver demais, e acabar me machucando. Eu sempre via Richard como alguém inalcançável, e ao mesmo tempo, ele estava cada vez mais próximo. Eu só não sabia lidar.

  – Talvez seja tarde demais, Lu. — Murmurei, mais pra mim do que pra ela.

Ela deu de ombros.

  – Nunca é tarde pra consertar as coisas, Ana. Mas você precisa querer. E parar de fugir.


Richard

Nenhuma mensagem da Ana. Não sei porque ainda me importo. Acho que nunca vamos sair de uma ficada sem compromisso, isso de certa forma me cansa, se não for para ser sério, não quero nem continuar.

  – Cabrón!

Luis me abraçou assim que me viu no campo.

  – Luis — Dou risada

  – Fiquei sabendo que tá namorando. Me falaram que ela é bonita

Ih, gostei disso não. Eoem.

  – Sim sim, tô namorando a Ana

Ninguém precisa saber que eu e ela não somos sérios. Principalmente com a seleção falando da minha ruiva.

Entrei no hotel exausto, o corpo pesado depois do treino e do voo. Tudo que eu queria era tomar um banho e dormir, mas algo me puxava para o celular. Havia uma sensação de inquietude, como se algo estivesse no ar desde o momento que eu saí de São Paulo. Peguei o aparelho, desbloqueando a tela, e foi então que vi: várias notificações da Ana.

Meu coração deu um salto.

Rolei a tela para ver as mensagens. A primeira delas era seca, quase indiferente, como se fosse um comentário casual.

"A gente precisa conversar quando você voltar."

Segui lendo, e as próximas mensagens iam ficando mais longas, mais emocionadas. Ela dizia que sentia muito pelo que tinha acontecido. Que estava confusa e não queria me afastar. Que talvez tivesse exagerado nas últimas vezes que a gente se falou. E, no final, veio a frase que mais me surpreendeu:

"Desculpa."

Li aquela palavra umas três vezes, tentando processar. A Ana nunca pedia desculpas. Isso não era dela. Nunca admitia quando estava errada, nunca cedia. E agora, aqui estava ela, admitindo que talvez tivesse passado dos limites.

Outra mensagem, mais curta:

"Quando você voltar, podemos conversar?"

Soltei um suspiro longo, sentindo uma mistura de alívio e frustração. Alívio por ela finalmente ter dado esse passo, mas frustração porque eu não estava ali para resolver isso agora. Ficar longe, sem poder resolver o que estava acontecendo entre a gente, me deixava ansioso. Eu odiava essa sensação de não ter controle da situação.

Ela parecia estar genuinamente arrependida. E isso mexia comigo. Por mais que ela fosse difícil, por mais que ela tivesse esse jeito de empurrar as pessoas, eu sabia que ali, debaixo de toda a armadura, tinha algo mais. Algo que ela ainda não estava pronta pra admitir, mas que eu conseguia ver, pedaço por pedaço.

Mas e eu? O que eu faria quando voltasse? Uma parte de mim queria ir direto pra ela e acabar com essa distância idiota, essa dança que a gente fazia, sem nunca chegar a lugar nenhum. Mas outra parte sabia que, do jeito que as coisas estavam, se eu fosse com tudo agora, ela podia se afastar de novo.

Olhei as mensagens mais uma vez, ainda com aquela sensação estranha no peito. Eu sabia que a Ana não fazia isso à toa. Se ela tinha mandado essas mensagens, era porque estava realmente incomodada. Isso, de alguma forma, me acalmava.

Deitei na cama do hotel, o celular ainda na mão. Era claro que a gente tinha algo pra resolver, mas a pergunta era: quando eu voltasse, estaríamos prontos pra ter essa conversa de verdade?

Olá olá, como estão? Ana cedendo eeeeem, acho que finalmente eles estão chegando KKKKKKKKK, daqui à pouco chegamos na metade da fic tb!

Bom, sabem que Fetish entrou em hiato definitivo, espero que não façam o mesmo com a Ana, porque eu amo ela. E se fizer eu vou bloquear.

Espero que tenham gostado, votem e comentem ♡

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