046 | Olha a faca

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Ana

Eu estava na cozinha preparando o almoço, tentando não pensar na raiva que crescia dentro de mim desde ontem. O cheiro de comida quente não conseguia esconder o incômodo que eu sentia. Então, ouvi a porta se abrir e os passos familiares de Richard entrando na casa. Respirei fundo, mas a irritação ainda estava ali.

  – Oi, amor — ele disse, com aquela voz calma, como se nada tivesse acontecido, indo direto para mim, tentando me beijar.

Eu me afastei um pouco, o suficiente para ele perceber que algo estava errado.

  – Oi — respondi, mantendo os olhos fixos no que estava cozinhando.

Richard parou, claramente confuso com minha reação.

  – Tá tudo bem? — Ele perguntou, inclinando a cabeça para me observar.

Eu soltei o ar com força, mexendo mais uma vez a panela antes de responder.

  – Tá tudo ótimo — falei de maneira sarcástica.

Ele ficou em silêncio por um momento, tentando entender o que estava acontecendo.

  – Ana... O que foi? — Ele tentou um tom mais calmo, como quem já previa uma briga.

Me virei para ele, largando a colher na pia.

  – O que foi? — repeti, incrédula. — Richard, você saiu ontem e nem se deu ao trabalho de me avisar o que estava fazendo.

Ele franziu o cenho, claramente surpreso pela intensidade da minha reação.

  – Eu te avisei, era coisa do time — ele respondeu, a mesma desculpa de sempre.

  – Coisa do time? — Eu ri, sem humor. — Richard, a gente tava junto, você recebeu aquela mensagem e simplesmente saiu como se fosse resolver uma emergência. E hoje aparece como se nada tivesse acontecido.

Ele suspirou, esfregando as mãos no rosto, já impaciente.

  – Ana, você tá exagerando. Eu só fui resolver umas coisas. Não era nada de mais.

  – Nada de mais? — Eu cruzei os braços, sentindo a raiva ferver dentro de mim. — Richard, eu só quero entender por que você nunca me conta as coisas. Por que sempre parece que você tá escondendo algo?

Ele deu um passo em minha direção, levantando as mãos como se estivesse tentando acalmar a situação.

  – Amor, eu não tô escondendo nada de você. Eu só... — Ele hesitou, o que fez minha paciência se esgotar ainda mais.

  – Só o quê, Richard? — eu perguntei, minha voz mais alta do que eu esperava. — Você sabe o quanto eu odeio essa sensação, né? De que você sempre faz as coisas sem me contar, sem me incluir.

  – Ana, para com isso! — Ele se exasperou. — Não é nada disso. Eu tô aqui, tô com você, o que mais você quer?

Eu fiquei ali, em silêncio, a respiração pesada. Eu queria mais. Queria transparência, queria sentir que ele realmente estava sendo sincero comigo. Mas eu sabia que, se continuasse forçando essa conversa, só ia piorar.

  – Eu só queria que você me tratasse como sua parceira de verdade — sussurrei, baixando o tom de voz. — Não alguém que você só fala as coisas quando acha que é conveniente.

Richard ficou me encarando, claramente frustrado, mas sem saber o que responder. Ele passou a mão pelos cabelos, suspirando de novo.

  – Tá bom, Ana. Vamos almoçar, a gente pode conversar com calma depois — ele disse, tentando encerrar a discussão.

Eu queria acreditar que ele ia realmente se abrir comigo, mas algo me dizia que isso não ia acontecer tão cedo.

  – A gente podia chamar a Lu para almoçar com a gente — Richard comenta

  – Quem?

Me viro para ele, com a faca na mão. Richard me encara e engole seco

  – A Lu? A Luara

Ele sorri forçado e continuo com a faca apontada para ele.

  – Eu entendi, mas por que Lu? Desde quando tem intimidade com ela? — o encaro

  – Não é assim que chama ela? Pensei que podia chamar assim — ele tava tenso

  – Chamo, mas porque tenho intimidade com ela, ou você também tem e tá escondendo de mim?

Vou me aproximando e Richard se afastando.

  – Não, não tenho nada, juro — ele suplica

  – Hm, chama ela então. Meu celular tá ali do balcão

O olho estranho e volto para o fogão.


Richard

Assim que vi a Ana de costas, voltando para a cozinha para mexer no almoço, senti o clima pesado no ar. Precisava pensar rápido. Eu sabia que ela não estava bem, e se fosse continuar assim, o almoço seria um desastre. Peguei o celular dela, discretamente, enquanto ela estava concentrada no fogão.

Abri o WhatsApp e rapidamente mandei uma mensagem para a Luara.

"Lu, tá livre? Vem almoçar com a gente."

A Ana adorava a Luara, e eu sabia que a presença dela poderia suavizar a situação. Talvez até a distraísse um pouco e ajudasse a relaxar. Mas, enquanto escrevia, já me ocorria a ideia de mandar outra mensagem. Peguei meu próprio celular, agora com mais cautela.

"Luara, só pra te avisar, a Ana surtou comigo agora há pouco. Preciso que você acalme ela quando chegar. Tenta tirar esse clima ruim do ar, por favor."

Enviei rapidamente e guardei o celular de volta no bolso, tentando manter a naturalidade.

  – Tá chamando outro alguém? — Ana perguntou, me lançando um olhar desconfiado.

  – Chamei a Luara pra almoçar com a gente — respondi com o tom mais despreocupado que consegui.

Ela me encarou por alguns segundos, como se estivesse tentando decidir se ia continuar com a discussão ou não. Acabou suspirando, voltando a atenção para o fogão.

  – Tá bom, Richard

Eu sabia que, no fundo, Ana ainda estava irritada, e com razão. Mas precisava jogar a coisa de maneira que ela não se sentisse encurralada. Até Luara chegar, eu teria que manter o controle, tentando suavizar as coisas sem piorar o humor da Ana.


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