056 | Buquê

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Richard

O som da campainha soou pela quarta vez, e nada. Eu estava em pé na frente da porta do apartamento da Ana, segurando o buquê de copo de leite em uma mão e uma caixa com um pequeno coelhinho na outra. Já estava começando a perder a paciência, pensando se deveria simplesmente desistir, mas algo me fez tentar mais uma vez. Dei mais três batidas na porta, dessa vez com menos esperança.

Antes mesmo de terminar a última batida, a porta se abriu lentamente, revelando Ana. Ela estava desarrumada, com o cabelo bagunçado e o rosto um pouco inchado, provavelmente de ter acabado de acordar ou chorado. Não dava pra saber ao certo. Seus olhos passaram de mim para o que eu estava segurando, e o silêncio entre nós se instalou, carregado de uma tensão estranha.

  – O que você tá fazendo aqui? — ela perguntou, sem paciência, encostada no batente da porta.

Eu respirei fundo, tentando organizar as palavras na minha cabeça.

  – Eu... bom, eu trouxe isso pra você. — Ergui o buquê de copo de leite. — Achei que ia gostar.

Ela franziu a testa e olhou as flores com desconfiança.

  – Copo de leite?

  – É... eu achei bonitas. Não sabia o nome até o floricultor me contar — admiti, meio sem graça.

Ela arqueou uma sobrancelha, quase rindo, mas segurou.

  – E o que tem aí? — apontou para a caixa ao meu lado.

  – Ah... — Abri um sorriso incerto. — Esse aqui é mais especial. Eu fui a um centro de adoção por acaso e... encontrei isso.

Com cuidado, coloquei a caixa no chão e tirei o coelhinho, um bichinho branco e pequeno, com orelhas caídas e um ar meio tímido. Ele parecia assustado, mas assim que viu Ana, ficou mais calmo, se aconchegando em meus braços.

Os olhos dela se arregalaram, e por um breve momento, vi uma mudança na sua expressão. Algo suave, quase carinhoso. Ela olhou para o coelho como se não acreditasse no que estava vendo.

  – Um coelho? — Sua voz tinha um tom incrédulo, mas também... tocado?

Eu assenti, me sentindo um pouco mais confiante.

  – É. Ele estava isolado, meio de canto, parecia precisar de um lar. Achei que você gostaria de cuidar dele.

Ana ficou em silêncio, observando o coelho, que agora olhava para ela com os olhinhos brilhantes. O clima pesado que tinha se formado entre nós começou a se dissipar aos poucos. Ela suspirou, finalmente dando um passo para trás e deixando a porta mais aberta.

  – Entra — disse, sem olhar diretamente para mim, mas a voz já não estava mais tão fria.

Entrei no apartamento, o coração ainda acelerado, mas pelo menos uma sensação de alívio começava a surgir. Eu sabia que a briga entre nós não estava nem perto de ser resolvida, mas pelo menos, por hoje, talvez houvesse uma chance.

Ana

Eu fiquei parada ali, olhando para o coelho nas mãos do Richard, e tudo o que eu conseguia pensar era: como diabos vou cuidar de um coelho?

Eu já tinha a minha vida complicada o suficiente. Trabalho, minha cabeça cheia de dúvidas e agora, de repente, um coelho. Não conseguia nem entender como ele chegou nessa ideia. Quer dizer, era fofo, sim, mas... não deixava de ser estranho.

Ele entrou no apartamento, parecendo tão perdido quanto eu. Fechei a porta e fiquei ali, observando de longe enquanto ele colocava o coelhinho no chão. O bichinho, meio hesitante, começou a explorar o ambiente com passinhos pequenos. Eu me apoiei na parede e suspirei, os pensamentos rodando na minha cabeça.

OnlyFans | Richard RíosOnde histórias criam vida. Descubra agora